Capítulo 8: Goblins e Advinhações

305 38 1
                                    

>>P.s: Nesse capitulo Bilbo se encontra com o Gollum, então na fala dele eu coloquei em itálico como se fosse a parte inocente dele e a itálico/negrito como a parte ranzinza. Apenas para mostrar a mudança de personalidade dele. 

================================================ 

Nyë despertou no meio da madrugada, a chuva fina ainda caia do lado de fora da caverna onde se abrigaram. No entanto, apesar de garoar, ainda era ariscado sair na escuridão da noite com tantos riscos a correr, esperar o amanhecer era a melhor opção deles. Mas o sono não parecia que queria agracia-la, pois, simplesmente havia sumido. Olhou ao redor e viu que todos dormiam, até que uma movimentação chamou sua atenção.

Bilbo assim como os demais havia se deitado, porém, o pequeno hobbit não conseguiu pegar no sono, por isso fingiu que dormia. As palavras de Thorin ficavam martelando em sua cabeça e a cada vez que ouvia, chegava a mesma conclusão: ele estava certo.

Fora um tolo por concordar com aquela aventura, fora ludibriado pelas histórias que poderia contar, pelos lugares que poderiam ver e pelos elfos. Mas a verdade era que ele jamais fez parte daquela companhia, jamais fora aceito e estava mais perdido que tudo e apenas atrapalhava a missão deles. Por isso, quando tudo se aquietou e ele teve certeza de que estavam todos no mais profundo sono, Bilbo se levantou calmamente, como um verdadeiro gatuno arrumou suas coisas e se preparou para ir embora.

Quando acordassem nem notariam que ele não estava mais ali, apenas sentia-se entristecido por não poder se despedir de Nyë, na qual era a única que parecia lhe tratar com algum respeito e como se ele fosse parte do grupo.

Caminhar por entre os anões foi complicado, mas com cuidado ele se aproximava na entrada da caverna. Sem nem perceber que um par de olhos claros lhe olhava de esguelha. Nyë ficou pensativa ao ver o hobbit se preparando para partir e ficou na dúvida se o impedia ou se o deixava ir embora. Pois, aquela missão ficaria cada vez mais perigosa. E talvez, não fosse uma aventura adequada para ele.

- Aonde pensa que está indo? – a voz rouca de Bofur soou em um canto próximo à entrada, na qual estava escancarada para Bilbo.

O hobbit segurou o pulo que queria dar ao ser tomado pelo susto. Nyë apenas ficou deitada, fingindo estar dormindo, assim como Thorin, que havia acordado a pouco tempo. Mas nenhum movimento fez, nem a elfa havia notado que ele acordara.

- De volta para Valfenda – respondeu com convicção no olhar, ao encarar o anão.

- Não, Não! – levantou-se alarmado Bofur – Você não pode voltar agora, faz parte da companhia. Você é um de nós – alegou, ele gostava do hobbit e da amizade dele.

- Sou, mas não sou – rebateu Bilbo – Thorin disse que eu nunca deveria ter vindo e estava certo – foi difícil dizer aquilo em voz alta – Não sou um Tuck, sou um Bolseiro. Não sei o que estava pensando. Eu não deveria ter saído.

- Sente saudade de casa – Bofur logo falou, compreensivo – Eu entendo.

- Não, não entende. Você não entende, nenhum de vocês entende – Bilbo disse com leve irritação – Vocês são anões, estão acostumados a viver na estrada. Nunca se estabelecendo em um lugar, sem pertencer a lugar algum – confessou. Mas então notou a expressão que o anão fazia e sentiu-se culpado – Me desculpa, eu não...

Bilbo não completou a frase, não sabia o que dizer e temia falar algo a mais que poderia desencadear outra confissão que machucasse o mestre anão. Bofur assentiu, entristecido e machucado pelas palavras do hobbit, mesmo que fossem um pouco verdadeiras.

Desde a queda de Erebor que eles não sabem a que lugar pertencem, acostumados a viver em qualquer lugar, com pouca coisa, apenas as lembranças de uma época próspera.

I See FireOnde histórias criam vida. Descubra agora