Capítulo 5: Caverna dos Trolls

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Não havia um único ruído ao redor deles, até mesmo os animais pararam da floresta se calaram para que Nyë pudesse se concentrar. Os anões se amontoaram ao redor dela para poder ver o truque dela, Bilbo quase roía os dentes enquanto olhava, era o mais curioso e ansioso dentre todos da companhia. Até mesmo Thorin estava aguardando com certo entusiasmo contido. Herea estava ao lado da sobrinha, apenas para dar apoio caso a mesma precisasse.

Devidos os constantes gritos e grunhidos durante a noite, Thorin decidiu que antes de pegar qualquer estrada pela manhã e ao montarem acampamento, seria necessário averiguar o perímetro primeiro. Ele, assim como os demais, temia serem atacados enquanto dormiam. Nyë havia se oferecido para verificar constantemente o perímetro, e claro, isso significava que ela usaria a sua coruja feita de neve e sangue.

A ave estava pousada em uma pedra no solo, os olhos fechados enquanto a elfa de cabelos platinados estava ajoelhada a sua frente e mantinha os olhos também fechados. Ambas estavam com a cabeça um pouco pendida para baixo, estabelecendo uma conexão e deixando os anões e Bilbo aflitos pela espera.

E de repente, tanto Nyë quanto a coruja abrem os olhos. Mas a coloração de suas orbes é diferente da comum para uma elfa e uma ave. Era como se duas luas cheias habitassem o olhar de ambas, frias e brilhantes, penetrantes e magnificas. O ato fez os anões se afastarem e emitirem um 'oh' de surpresa, mas fora Ori quem acabou fazendo estardalhaço.

- É bruxaria! – exclamou e ao recuar, tropeçou em um galho mais grosso e caiu de costas.

Bifur resmungou algo em Khuzdul enquanto os outros anões emitiam outros tipos de exclamações. Thorin foi o único que ficou calado, apenas observando espantado e surpreso com tal feito, já Gandalf sorria com seu cachimbo na boca diante das reações dos anões.

- E agora? – Bofur questionou, encantado com a ave e curioso com o que viria a seguir.

- Tentem ficar quietos, ela precisa de silencio para que a conexão seja mantida por longos minutos – Herea argumentou – Ela consegue ouvi-lo, dê a ordem Thorin – se virou para o líder da companhia.

Thorin ainda incerto e temeroso com tal ato de magia, se aproximou e se agachou para falar com a elfa.

- Vasculhe ao norte, veja se há orcs à espreita e se há outros perigos – sua voz era mansa e calorosa.

Devagar Nyë assentiu e no mesmo instante a ave levantou voo, sobrevoando pelas copas altas das árvores e então logo estava no céu claro da manhã que acabara de começar. Os campos verdes eram como enormes e longos tapetes macios, as árvores ao longe, os rochedos e outras coisas que compunham a paisagem eram apenas desenhos naquele cenário magnifico.

Algumas vezes Nyë usava a ave para explorar lugares pelos quais não poderia andar, voar era bem melhor e evitava até mesmo problemas que encontraria em terra. No entanto, sua ave era usada somente para vigiar aqueles que ela mais amava e se certificar de que estavam todos bem. E mesmo agora, voando sobre aquela imensidão magnifica, ela não pode conter a vontade de continuar voando e ir até seu lar. Até o lugar onde seu coração batia mais forte, onde se sentiu acolhida em muitos anos de sofrimento.

Mas ela não podia, não ainda.

Após averiguar todo o perímetro dito por Thorin, a ave retornou e repousou no mesmo lugar de antes e em segundos a elfa quebrou a conexão, fazendo seu olhar retornar ao normal. Naqueles azuis límpidos como o mar.

- Está tudo livre de orcs – alegou ela ao se levantar – mas é melhor irmos logo, há nuvens se formando mais à frente, pegaremos chuva – alertou.

O príncipe anão assentiu e deu a ordem aos demais. Em questão de minutos estavam cavalgando pelas paisagens belas que Nyë viu do alto.

***

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