I See Fire

Capítulo 15: Uma Difícil Decisão

No dia seguinte, Nyë acordou toda enrolada na manta de Thranduil, mas com a diferença de que ela não estava no trono e sim em sua cama. Ao se sentar, viu que o cômodo estava vazio, não havia sinal de ninguém ali, mas havia um aroma no ar que ela conhecia bem. O cheiro único do rei, no entanto, ela não sabia dizer se o cheiro vinha por ele realmente ter passado a noite ali ou pelo manto que carregava o aroma mais forte dele.

Naquela manhã ela não fez absolutamente nada, apenas quis aproveitar que estava só e manter-se protegida com o manto dele. Recebeu as aias que trouxeram seu café da manhã, deixou-se ser banhada e depois pediu algo para ler. Seu dia passou rápido e quando percebeu, estava recebendo o jantar e em poucas horas estava adormecendo novamente e mantendo o manto de Thranduil em volta do corpo.

E novamente, no período da noite, Thranduil adentrou o quarto dela para velar seu sono e se retirou quando os primeiros raios de sol apareceram. E mais uma vez, Nyë acordou no outro dia com o aroma do rei preenchendo o quarto. E o novo dia foi igual ao outro, com ela dentro do quarto se recuperando, mas com a diferença de que Bilbo conseguiu entrar ali quando as servas trouxeram seu almoço. Eles conversaram um pouco e o pequeno contou sobre Thorin, sobre suas descobertas a mais do palácio e estavam tentando achar um meio de sair dali.

Durante a noite tudo se repetiu também.

Mas com a chegada de mais um dia, Nyë decidiu que estava na hora de sair da cama e fazer algo de útil. Tomou seu café da manhã e depois de se banhar e se vestir e cuidar devidamente do ferimento que estava começando a cicatrizar, ela saiu do quarto e foi até a biblioteca. Bilbo havia contado a ela que não havia mapa do palácio, mas ela se recusava a acreditar. Um lugar daquele tinha que ter um mapa ou alguma coisa, talvez Bilbo não encontrou, pois, a maioria dos livros estavam em élfico, com certeza ele não conseguiria encontrar nada.

Ao adentrar o local, rumou para as estantes que pareciam conter artefatos mais importantes e assuntos que talvez falasse da formação do reino. Achou dois livros interessantes e os segurou, enquanto vasculhava nas prateleiras adiante. Parou em outra e logo esticou a mão para pegar mais um terceiro livro, e foi quando a voz rouca do rei ecoou no recinto.

- O que pensa que está fazendo?!

Com o susto, ela deixou os livros caírem e virou-se bruscamente para encarar o rei parado diante dela e com aquele olhar desconfiado. Ele trajava uma vestimenta de cor grafite, fazendo seus olhos cristalinos e azuis se tornarem mais intensos. E novamente Nyë ficou deslumbrava com a imponência daquele elfo. Para evitar ficar olhando para ele com cara de boba, ela se abaixa para pegar os livros que caíram, mas nem percebeu que o rei fizera a mesma coisa e de repente, suas mãos se tocam. Ambos erguem o olhar e se encaram, ficando presos naquela conexão que sempre acontecia com eles.

Por um leve instante, Nyë teve a sensação de que o rei estava se inclinando na direção dela, até podia sentir a respiração dele bater com a dela. Mas ao vê-lo se distanciar, ela concluiu que era tudo fruto da imaginação dela. Porém, a boca dela ansiava pela boca dele.

- Pensei que havia mudado, mas me enganei. Ainda continua a mesma elfa de sempre – alegou, se erguendo e mantendo um livro com ele – Ignorando completamente qualquer ordem que lhe deem. O que tem contra as regras e ordens, afinal de contas? – ele a encara sério.

- Estava cansada de ficar naquele quarto – falou, se levantando também e segurando os outros dois livros – E pensei em vir até a biblioteca e ler um pouco – emendou.

Thranduil dá um riso irônico para ela, que a faz engolir em seco.

- Não sou tolo como pensa, sei o que veio fazer aqui – rebate e move a cabeça pedindo que o seguisse. Eles caminham até a área perto da lareira, onde havia uma mesa com castiçal e suas velas já consumidas – Veio atrás de um mapa do palácio, para poder ajudar seus amigos anões a fugirem – Nyë suspirou desgostosa – Não vai encontrar nada, pois, não temos um mapa – a encarou.