Capítulo 4: Contos de Moria

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Fazia cinco dias que haviam deixado os limites do Condado e entrado de vez nos ermos daquele vasto mundo. O chão era forrado por lindos tapetes verdes com pedras bonitas de diferentes tamanhos e formas, rios e riachos ás vezes cortavam a paisagem magnifica. Os anões não eram de conversar muito, algumas vezes trocavam palavras entre si, mas Nyë estava suspeitando que aquela quietude deles se devia ao fato de Thorin estar presente.

Antes de adentrarem a casa do senhor Bolseiro, ela ouviu uma cantoria e vinha deles, era algo animado demais, descontraído e sem preocupações. Mas com a presença do príncipe anão, eles se mantinham mais contidos. Também podia ouvir um cochicho vindo entre Gandalf e Bilbo, algo sobre trivialidades. E assim como os demais, seguiu a cavalgada em silencio.

Mais a trás, Kili e Fili vinham cavalgando na mesma velocidade que os outros, mas a atenção deles estava voltada para algo acima de suas cabeças. Voando alto, aproveitando a brisa fresca que provavelmente estaria presente ali em cima. Os olhos algumas vezes estavam atentos a cada movimento dos anões e os mais novos ficaram desconfiados. Deram uma olhada ao redor e perceberam que os outros não haviam notado a presença da ave.

Fili olhou para o irmão e assentiu. Não estavam gostando daquela coisa os seguindo e já havia três dias que ela sobrevoava a companhia. Nunca se afastando ou indo embora. Kili pegou seu arco e uma flecha de sua aljava que estava preso na lateral da cela do cavalo. E tão silenciosamente mirou na direção da ave, se preparando para atirar.

- Não se atreva! – Nyë exclamou, ao virar-se e encontrar com os anões mais novos mirando sua ave.

O grito dela atraiu a atenção de todo mundo, até mesmo Thorin se virou, apesar de não ter parado a cavalgada. O líder anão ergueu seu olhar duro para o alto e só então notou a coruja sobrevoando a companhia. Todos olhavam curiosos para a ave, não era comum corujas voarem daquela forma ou seguirem grupos de pessoas, seja de que raça for.

- Essa coisa está seguindo a gente já tem três dias – alegou Kili, ainda mantendo o arco na mira.

- Essa coisa tem nome. Se chama Galad, significa luz – explicou a elfa de cabelos brancos – É uma coruja feita de neve e sangue – emendou, e todos esboçaram espanto e um misto de curiosidade.

- Vejo que aprendeu bons truques aos longos desses anos, Nyë – a voz de Gandalf soou atrás, mas pode ser ouvida pela elfa – Sua estadia com os magos azuis deu resultados formidáveis, não é qualquer um que consegue criar criaturas de sangue – disse, mas havia certo orgulho na voz do mago cinzento.

Bilbo franziu o cenho diante da fala do mais velho.

- Criaturas de sangue? – ele indagou – O que é isso?

- Criaturas de sangue são criadas a partir do sangue de seu dono, normalmente são feitos de neve ou de terra. Então é necessário que a pessoa saiba usar magia desses dois elementos, há alguns que conseguem criar criaturas com água, mas a água é muito flexível e difícil de se controlar. Neve e terra são mais fáceis – explicou o mago.

- Então se a criatura morrer vai jorrar sangue para todo lado? – Bofur questionou, mais confuso que os demais.

Nyë riu do comentário do anão. Bofur era engraçado, sempre com comentários e piadas para distrair os demais, o chapéu que usava contribuía para sua figura cômica.

- Não, a coruja é toda feita de neve. Somente uma gota de meu sangue é usado – explicou ela, calmamente.

- Mas se é usado seu sangue deve ter alguma conexão com você, não é? – Bilbo indagou, parecia ainda mais curioso, tanto que ficava alternando seu olhar para a coruja e para Nyë a sua frente – Se acontecer alguma coisa com a coruja você sente alguma dor? – todos olharam para a elfa, aguardando a resposta.

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