Capítulo 1

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O vento uivava como lobos famintos em meio ao vazio daquela imensidão gelada, não se ouvia nada a não ser o vento, não se via nada a não ser o tempo coberto pelas nuvens cinzas e a constante neve que caia dos céus. Durante a noite aquele lugar parecia mais perigoso e amedrontador do que era de dia. Cavalgar se tornou algo árduo naquela planície úmida e branca, que forrava o chão como um tapete até onde as vistas se perdia no horizonte.

Seu chapéu pontudo a muito havia se perdido por causa do vento constante e gélido, o cavalo tremia apesar de ser tão teimoso como o homem que o montava. Ambos querendo atravessar aquelas montanhas temíveis por todos e que ganhara fama nos últimos sessenta anos. Muitos diziam que era um lugar onde orcs viviam e por isso as outras raças se mantinham longe, mas ele sabia que havia algo por detrás daquele medo espalhado.

Demorou muito para descobrir, para ver por detrás da ameaça implantada. Mas o destino estava agindo e ele precisava da ajuda dela e talvez, estava na hora dela retornar para seu lar.

Enquanto o mago cinzento apertava as rédeas de seu cavalo o forçando a seguir em frente, apesar do mal tempo, do outro lado das montanhas cobertas de gelo e neve, havia um grande vilarejo chamado Rhona. O vilarejo era repleto de árvores férteis, com frutos de sabores doces e azedos, a grama parecia um tapete feito pelos deuses, o rio que cortava a montanha era límpida e clara, seus moradores usavam aquela água para muita coisa.

Era um local que parecia feito em sonhos, tão diferente do outro lado da entrada que era somente frio, solidão e desespero gélido para aqueles que ousavam invadir Rhona. Dentro do vilarejo apenas se podia encontrar calor, bondade e harmonia. Havia criaturas na pequena floresta que cercava o vilarejo, desde veados até pássaros que cantavam suas belas canções.

Os filhos de homens que ali viviam eram gratos pela protetora de Rhona.

Uma moça de cabelos brancos como a mais pura neve, olhos de uma safira tão gélida quanto o mar congelado. A pele branca como porcelana cara. Mas todos ali sabiam que ela não pertencia a raça deles, ela era uma elfa. Vinda de um lugar distante e que a muito fazia seu coração sofrer pela saudade que sentia, mas sabia que só poderia retornar quando sua missão tivesse fim.

Dentro de sua cabana ela fazia uso da magia que aprendeu em sua temporada com o mago branco, Saruman, e um pouco com os magos azuis que constantemente ela esquecia o nome. Com a magia que aprendeu ela pode matar a saudade de seu lar, criando uma pequena criatura de neve, mas que estava viva graças a sua magia de gelo. Com asas para voar por aí e ver o mundo enquanto ela não podia sair de Rhona, vasculhar aquela a quem ela procurava e queria matar.

Mas a criatura no formato de uma coruja branca, acabou sendo usava mais para observar aqueles do reino dos elfos.

Mirkwood.

Dizer o nome em sua mente fazia seu coração bater acelerado, uma dor lhe invadia causada pelo distanciamento e pelo amor que sentia por aquela terra. Ela quase tinha um desmaio a cada vez que a coruja voava pelos arredores do reino e avistava aquele elfo rei rabugento e de temperamento difícil. Mas que ela amava tanto ao ponto de seu coração doer a cada batida.

Uma emoção lhe tomava conta quando o rei elfo mirava sua coruja, voando tão próximo das janelas dos aposentos ou da varanda onde ele passou a ficar normalmente com o decorrer dos dias. Aqueles olhos frios encarando a pequena ave, mas ela sentia que ele olhava para dentro dela, para sua alma.

Ela o "visitava" uma vez ao mês. A coruja ficava empolada em uma árvore fora dos domínios de Mirkwood ou da floresta que a cercava.

Algo fez cocegas em sua bochecha e de repente, ela sentiu dedos limpando a lágrima que escorreu por seu rosto. O toque a assustou, e ela se "desconectou" com a coruja e retornou a cabana de madeira e moveis simples demais para uma elfa que pertencia a realeza. Quando retirou um objeto feito de gelo e que emoldurava seu rosto como uma máscara na região dos olhos.

I See FireOnde histórias criam vida. Descubra agora