Capítulo 26: Epilogo

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Nos primeiros raiares do sol, o som da trombeta enorme soou por toda Erebor e Dale. Aquele era um anuncio no qual Nyë não queria ouvir, era um som que fazia seus ouvidos doerem e seu peito se apertar como se algo estivesse espremendo seus pulmões. Ela não dormira direito à noite, sonhou tantas vezes com a batalha e com cenários catastróficos, ficou inquieta demais deixando até mesmo Thranduil preocupado.

Mas o rei também não estava diferente, a guerra deixava sequelas e traumas que só o tempo poderia curar, mas havia feridas que não se fechavam. Era notável a movimentação do lado de fora da tenda, todos os cidadãos da Cidade do Lago foram convidados ao funeral de Thorin e seu sobrinho Fili. Thranduil e os elfos também foram aceitos a participar, apesar das desavenças. Ele vestiu novamente sua armadura, agora limpa e reluzindo. Uma tiara com a pedra de diamante na cabeça simbolizando seu status.

Já Nyë, para ela parecia que a armadura pesava uma tonelada, mesmo ela estando limpa e livre de qualquer resquício de sangue de orc ou do que presenciara na batalha. Feren após ajeitar a capa do rei se retirou a pedido do mesmo, Thranduil caminhou até Nyë e a ajudou com a tiara élfica. Ela estava calada e mais apática do o dia anterior. No entanto, ele compreendia a dor dela, apesar de não gostar.

- Quer mesmo fazer isso? Não precisa ir – falou Thranduil.

Nyë suspirou, sentindo o peito pesar novamente e os olhos ficaram marejados.

- Eu tenho que ir. Ele merece uma despedida mais apropriada – comentou, se levantando da cadeira – Você não precisa ir também, sei o quanto detesta os anões.

- Mesmo não gostando deles, principalmente de Thorin e por inúmeras razoes, ainda sou Rei e por um momento Mirkwood e Erebor possuíam uma convivência pacifica. Antes do dragão aparecer – contou – Como rei, eu tenho que ir.

Nyë assentiu.

O rei esticou a mão para ela, que foi aceita e ambos saíram da tenda. Se juntaram aos demais que caminhavam em direção a Erebor, alguns em cavalos e outros a pé. Bard estava a frente liderando aqueles que quiseram ir ao funeral, enquanto Thranduil e Nyë seguiam a frente liderando os elfos. Sua tia Herea e seu irmão Leonis, vinham logo atrás.

Foi uma caminhada silenciosa, ninguém dizia nada e o vento gélido daquela manhã nublada parecia piorar tudo também. Ao chegarem à entrada do palácio, alguns anões os receberam e todos foram dirigidos até o salão onde Thorin e Fili seriam velados.

Caminhar pelos corredores cheios de destroços também foi difícil, Nyë sentiu como se o teto fosse desabar na cabeça dela e sentia um arrepio percorrer a espinha como se Smaug ainda estivesse ali dentro, ela até podia imaginar aquela besta com asas gargalhando da morte de Thorin. Ela soltou um suspiro sofrido que não passou despercebido pelo rei, que segurou mais firmemente a mão dela conforme caminhavam.

O local onde ocorreria o funeral eram um salão enorme, parecia que era a única ala intacta naquele lugar. Ficava próximo aos salões inferiores e um andar acima do salão do tesouro. Havia tochas acesas para iluminar o corredor extenso e sem janela alguma, mas apesar de ficar em um andar bem inferior, o ar ali estava gelado e uma fina corrente de ar circulava deixando o ambiente ainda mais melancólico.

O salão se mostrou diante deles, enorme e amplo, com luminárias feitas por anões para iluminar o recinto, mas havia uma abertura no alto do salão, uma claridade que adentrava ali e parecia partilhar da tristeza de todos. Os anões da Colina de Ferro foram se acomodando no que parecia arquibancadas, que ficava virado diante de um enorme altar onde duas mesas de pedra se encontravam e dali mesmo ela reconheceu os corpos de Thorin e Fili. Sua garganta se fechou e ela agarrou o braço de Thranduil, tentando evitar a tontura que se acertou.

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