quarto.

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— Como andam as coisas na escola?

Cillian questiona, preparando torradas na torradeira enquanto Harry caminha até a geladeira, em busca da garrafa fresca de leite, deixada em sua porta durante a madrugada.

O garoto estava com um bom humor, não negaria, era claro que a presença de seus pais tinha grande influência nos seus sorrisos repentinos e em seu rosto animado.

— 'Tá uma porra. - Responde simples, servindo seu copo e caminhando até a mesa, procurando pela lata de achocolatado.

Scott, que lê jornal em silêncio, retira seus óculos e abandona as folhas na cadeira vaga ao seu lado, observando o filho misturar o chocolate em pó no leite gelado.

— Que linguajar horrendo - A voz de Scott é arrastada, pouco fina e prejudicada, Harry já é acostumado. — Não lhe ensinamos isso.

Cillian indica a cadeira com o dedo, tocando levemente nos ombros do filho e o aguardando sentar para que caminhe até seu lugar.

— Por que a escola está... Péssima? - Cillian questiona, com sua voz rouca e direta. Harry estremece mas dá de ombros para respondê-lo.

— Porque eu não consigo me adaptar àquela merda de lugar - Apoiou suas mãos na mesa, assistindo seus pais o encararem confusos. — Já faz três anos e a única pessoa próxima de mim é o porteiro.

— Há um motivo para ser apenas o porteiro, não? - Cillian questiona, direcionando seu olhar para o celular em seu colo, franzindo o cenho ao ler algo no mesmo.

— Há sim. E é pelo Harry se comportar dessa maneira - Scott encara o mais novo, com seus cachos bagunçados e a expressão não tão feliz mais —, como se fosse um ser ineducável, andando com o uniforme todo fora do código escolar, com esses cabelos esvoaçados e os sapatos impolidos.

Harry franze seu cenho, irritado com a situação. Lhe falta ar, 'pra caralho, há algo preso em sua garganta e tudo o que ele faz é: chutar os pés – calçados por um sapato social – de Scott e se levanta em um solavanco da mesa.

Seus olhos estão ardendo, e se ele conseguisse chorar, seria de raiva.

— Você não é o meu pai! - O cacheado esbraveja, apontando para o loiro sentado à sua frente, segurando os talheres entre os dedos e mantendo sua postura ereta.

Scott tem sua pele vermelha, não suportava ser desrespeitado pelo filho. Ele engole seco, soltando – sem nenhum cuidado – os talheres sobre a louça pousada na mesa.

— Fique quieto, Edward. - Cillian agarra em seu braço, o chamando atenção enquanto prensa seus dentes uns nos outros, indicando sua irritação. — Já é a segunda vez no mês que você faz isso.

— Faria mais vezes se vocês dois parassem em casa - Proferiu, quase cuspindo suas palavras. Ao se virar em direção a escada, seu braço foi agarrado novamente e ele suspirou fundo, tentando se acalmar. — O que é?

— Me dê o seu celular, você está de castigo. - Scott para ao lado de Cillian, esticando sua mão para que Harry deixe o aparelho ali, mas ele não o faz.

— Vocês fodem com tudo - Ele solta seu braço do aperto dos dedos de seu pai, correndo para a sala com seu rosto em chamas – de tanto que ardia – e recolhe sua bolsa pousada no sofá.

Harry sequer olha para trás antes de abrir a porta de casa e sair pela mesma, com a vontade de nunca mais querer voltar. Ele achava incrível a forma como desde o dia anterior, durante a noite, eles mal perceberam que o próprio filho estava chegando mais tarde da escola. Styles não ficaria bravo se fosse alguns minutos mais tarde, mas porra, eram horas. Ele costumava chegar antes do almoço e agora chega antes do jantar. Qual era o problema deles?

When you met me in detention.Onde histórias criam vida. Descubra agora