nono.

4.5K 527 2.1K
                                    

Harry nunca pensou que os dias se passassem tão rapidamente quando se está aproximando-se de alguém. Suas reclamações mentais sobre os dias se passarem um mais arrastado do que o outro eram constantes, e reclamava mais ainda porque sabia que, mesmo sem admitir para si mesmo, ele olhava para seus pais como se quisesse dizer: "Ei, eu ainda estou aqui. Vocês ainda gostam de mim?"

Porém se afastar de seus pais, no momento atual, parecia ser bom o suficiente para mantê-lo na linha, racionalmente falando.

Sem mais desenhos em seu corpo, já completariam duas semanas sem desenhar em toda a extensão de sua pele pálida, tão branca que facilmente era confundida com uma folha. Ele não sabia como se sentir com aquilo, era estranho, algo novo, e Harry não é acostumado a sentir coisas novas. Ele confessa que sente falta, mas também é bom ter a sensação de estar bem. Era diferente.

Em compensação havia uma pilha de papéis sulfite
desenhados – com canetas pretas de pontas finas –, amassados e rasgados sob sua escrivaninha. Haviam traços humanos desenhados em cada um das folhas.

Styles tinha plena consciência de que, se juntasse todos aqueles pedaços de papel algum dia, e colasse cada um deles em ordem, olho por olho, lábio por lábios, sobrancelha por sobrancelha, eles formariam o rosto de Louis Tomlinson.

Mas ele nunca os juntaria.

Provavelmente Harry os queimaria ou reutilizaria a parte de trás das folhas para fazer trabalhos escolares ou universitários, se ele não fosse expulso.

— Bom dia. - O cacheado desce para o café da manhã, não há ânimo algum em sua voz, seus pais parecem estar na mesma.

Embora ele esteja, sim, animado para sair de casa. Porém estar nela faz com que todas as suas energias positivas sejam sugadas pelas paredes bancas e mórbidas do sobrado.

— Bom dia, Harry. Quase chega para o almoço. - Scott brinca, sua voz falha entre a frase e Cillian o encara preocupado.

O cacheado não responde, apenas se senta ao lado de Cillian e serve sua xícara com café, mesmo que odeie a bebida. Recolhendo um pequeno salgado de massa folhada enquanto recebe o olhar analisador de seu pai, Cillian.

— O que foi? - Pergunta o encarando de cima à baixo. Ele não entende, qual é o problema de apenas o questionar sobre o que quer saber? Por que eles tem de ficar o olhando com esses olhares?

— Não seja malcriado. - Cillian limpa sua boca com um guardanapo, olhando para Scott e o percebendo assentir, como uma forma de permissão. Harry amarfanha seu cenho, tentando decifrar do que aquilo se tratava, mas logo ouviu a voz de Cillian novamente: — Queremos saber quem é aquele garoto que te traz aqui todas as tardes, você não disse que não tinha amigos?

— Não somos amigos, somos colegas. Ele fica até mais tarde comigo na biblioteca.

— Você não nos contou sobre essa história de biblioteca.

— Vai completar um mês que eu estou chegando no horário do jantar e vocês nem perceberam. Mas eu já contei, foi sobre a briga que me meti, vocês lembram muito bem de quando eu contei. - Mente de maneira simples, passando manteiga em sua torrada e a mordendo em seguida, passeando seus olhos pelas expressões de seus pais.

— Acha que acreditamos que você se envolveu em briga? Ninguém aqui em casa te incentiva a ser um vândalo. - Ele continua e Harry dá de ombros.

— Eu já lhe disse, mimamos demais o Harry, por isso ele se acha no direito de ser mal educado conosco e dizer essas barbaridades na mesa do café da manhã.

— O quê? Vocês perguntaram e eu respondi. Qual é o problema de vocês? - Styles os encara confuso, soltando a torrada sobre seu prato e levanta suas mãos na altura de seus ombros, questionando a si mesmo qual era o problema de seus pais. — E vocês não me mimam, vocês nem param em casa, a única coisa que fazem é: chegar aqui com roupas de marca dizendo que é um presente para mim. Eu preferia quando estavam viajando e eu podia tomar café em paz nessa merda. - Ele se levanta da mesa do café endurecido, batendo seu joelho no mármore e quase gritando de raiva. Suas bochechas estão coradas, como sempre, ele sente o sangue correndo por suas veias e o aquecer de sua pele, porque a única coisa que acontece na vida de Harry é se estressar com sua vida pessoal, principalmente com seus pais.

When you met me in detention.Onde histórias criam vida. Descubra agora