Uma tênue linha separa a realidade que pensamos existir e o inexplicável que Melinda Torres vai descobrir, não só em todo mundo, como dentro de si.
Com a ajuda dos membros da unidade policial DOM, ao qual pertence, ela descobrirá não só o outro lado...
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Actualmente
Maurício fechou os olhos e deu um suspiro antes de enfrentar o tio. Estavam a sós no gabinete. Assegurou Melinda que ía ajudar Sílvia, mas antes precisava de falar com o seu tio a sós. Precisava de clarear certas coisas.
- Eu admito, já não me lembrava das razões que me fizeram distanciar-me de ti. O que é bastante intrigante - começou por dizer - Mas eu lembrei-me esta manhã. Espatifei o carro que o Bernardo nos disponibilizou numa árvore por causa dessas lembranças.
- Lembras-te? - a expressão de Raúl era de espanto, mas algo nas curvas dos olhos diziam que ele reconhera o assunto. Ele sabia de que é que o sobrinho falava.
- Lembro, agora eu lembro. Lembro-me de porque é que és a pessoa que menos gosto no mundo. Lembro-me das razões que me levaram a fugir mal tive oportunidade. Lembro-me porque pulei etapas para ter mais cedo algo que me permitisse sair de tua casa. Depois que a tia morreu, ficas-te ainda mais descontrolado.
Lágrimas grossas escorreram pelas bochechas do cientista.
- Eu era outra pessoa, noutra vida. Perdoa-me.
- Não, eu não te vou perdoar e para já reduziremos as nossas conversas ao estritamente necessário. Nunca pensei pedir isto, mas precisamos daquela espécie de capacete que tu colocavas em mim.
- Tu lembras-te mesmo - Raúl deixou-se afundar na cadeira - Precisamos?
- Sim. A gêmea da Sara Craveiro precisa muito, portanto, quero que te lembres onde meteste aquilo ou que faças um igual bem rápido, porque a garota precisa muito.
- É por causa das ondas empáticas?
- É. Ela ouve os pensamentos dos outros e aquilo está a fazer-lhe mal. Ela teme e eu também que... - era difícil dizer aquilo.
- Exploda.
- Sim. Temos medo que aconteça o mesmo que aconteceu com a Sara.
- Ao menos esta morreria sem levar ninguém com ela.
- Isso não torna a situação menos grave - reprimendou-o Maurício - Onde deixas-te aquilo?
- Como é óbvio, meu rapaz, deixei tudo no armazém.
- O armazém da tua casa?
- Sim.
- Então que tal nos despachar-mos porque eu estou sem carro?
