Uma tênue linha separa a realidade que pensamos existir e o inexplicável que Melinda Torres vai descobrir, não só em todo mundo, como dentro de si.
Com a ajuda dos membros da unidade policial DOM, ao qual pertence, ela descobrirá não só o outro lado...
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Actualmente
Inês fechou os olhos durante um bocado e inspirou o ar, esquecera-se de respirar por um breve momento. Aquele era o resultado de cair no fundo do poço da Deep web e seu show de horrores. Era ali que a Rede encontrara o seu lugar de acção. Parecia até evidente demais. Haviam alguns contactos ligados a apelidos, um deles já era conhecido seu, o tigre. Obviamente não estranhava a sua presença, porém sentiu um aperto no coração por ter estado frente a frente e intimamente com ele. Sentia-se envergonhada. Antes que a conversa pudesse avançar, verificou se Bernardo estava no comando e arrumou o computador portátil em sua pasta. Despediu-se brevemente da sua mãe que via a novela e passava a ferro na sala de estar e despachou-se.
A relote de cachorros quentes permanecia no seu local habitual à frente do Comando. Acenou ao senhor Castro e quando ía a entrar esbarrou contra Duarte. Tentou se agarrar a alguma coisa, mas antes que conseguisse alcançar o que quer que seja, deu com o cu no chão.
- Auuu.
Duarte a olhou indiferente e até um pouco tendiado.
- Ora, nem precisas pedir desculpa - disse Inês irónica.
- Se estivesses atenta, não caías.
Sem dizer mais nada, Duarte saiu pela porta com uma expressão apática no rosto.
Inês sentiu duas mãos segurarem-na pela cintura e levantarem-na, como se ela fosse uma pena.
O senhor Castro tinha abandonado a sua relote durante um bocado de tempo para a ajudar.
- Eu lamento - disse o vendedor de comida - Esse homem anda muito esquisito de há uns tempos para cá.
- Ele não foi sempre assim?
- Ó não. Era um dos meus melhores clientes, agora não come mais nada da minha relote. Antes cumprimentava-me sempre, agora parece que nem sabe o meu nome e olhe que somos conhecidos de longa data. Nunca pensei que ele fosse tão rude com uma mulher. Normalmente ele trazia a Senhorita Melinda pelas palmas das mãos.
- Estranho - comentou Inês - Agradeço a ajuda, senhor Castro. Eu tenho mesmo de ir.
Antes de subir até o andar do escritório de Bernardo, Inês abriu a pasta e verificou se o computador estava bem. Por momentos temeu ter partido alguma coisa no momento em que caiu ao chão. Não se queria lembrar daquele momento, mas fervia de raiva, não pela queda em si, mas sim pela atitude de Duarte. Desde que conhecia aquele homem, que ele se mostrava uma pessoa arrogante, nada parecido com o que o senhor Castro descrevera. Alguém que desse chocolate àquele homem, para lhe adoçar o humor.
