Prólogo

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Porto, 1994

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Porto, 1994

Na calada da noite, um carro parou no número 2, Rua da Agra na cidade do Porto. A casa era vermelha e vistosa. A decoração no grande jardim era maravilhosa. Tinham um balouço, um carvalho e muito mais para fazer encantar quem olhava, mas aquele carro não estava na frente da casa e sim nas traseiras. Da garagem saía um carro cinzento, conduzido por uma jovem loira de uma beleza estonteante. Pelo menos foi o que o passageiro da frente pensou.

- Que brasa! - disse o homem vestido de preto da cabeça aos pés. Um colar com um dente de tigre destacava-se em seu peito.

O motorista deu-lhe uma chapada na cabeça que o surpreendeu tanto quanto magoou.

- Mais respeito, ó javardo.

- Javardo eu?

- Não, eu, queres ver? Ela é casada e mãe de filhos - respondeu o motorista.

- Ai querem ver o moralismo. Até parece que viemos aqui a estas horas rezar o terço!

Depois do carro cinzento estar fora de alcance de vista, os dois homens saíram do carro e correram para a casa.

O motorista também estava todo vestido de preto. Uma cicatriz atravessava seus lábios na parte superior à inferior do lado esquerdo. Era geometricamente direita e anatomicamente feia, mas rapidamente a tapara com uma máscara de tecido com um desenho de caveira. O outro tinha uma máscara com um focinho de tigre. Essa era a ideia deles de disfarce.

O homem-caveira tirou uma chave de dentro do vaso acorrentado ao toldo.

O colega pensou em perguntar como ele sabia onde podia encontrar as chaves, mas logo se lembrou com quem estava a falar.

- É para ser discreto, tigre, ouvis-te?

O homem riu-se, contente do efeito que fazia o nome de código que escolhera.

- Pára de rir, senão o teu nome código passa a ser javardo num instante. Para relembrar, porque nunca é demais, tu ficas de plantão, enquanto eu acesso o primeiro andar onde estão os quartos e trago a criança comigo. Tu só tens que impedir que sejamos pegos. Lembras-te do sinal que combinámos?

- O canto de cotovia?

- Eu disse que não. Qualquer som vai dar cana. Eu meti a discagem automática do teu telemóvel para o meu número. Carregas no número três e eu receberei a tua chamada. Liga apenas se alguém estiver fora da cama ou se aquela mulher que viste sair aparecer. Lembra-te bem disto.

O homem-caveira teve um breve arrependimento de ter escolhido o homem-tigre para aquele trabalho. Ele era um pouco cabeça no ar e teimoso, mas era fiel e um bom guardador de segredos, dos melhores que trabalhavam para si.

Quando os dois entraram, nada daria a entender que algo correria mal. A casa estava na penumbra e no silêncio. O homem-caveira teve acesso ao quarto das crianças bem rápido e o homem tigre passeava-se pela casa olhando através das janelas. Os candeeiros noturnos da rua eram suficientes para ver o que queria e por onde andava.

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