16 - Grandes conclusões

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Agora que Ernesto mencionava, Inês conseguia recordar-se de algumas histórias que ouvira em criança. A sua mãe só acreditava num Deus, porém seu pai afectivo, Kamau, gostava de explorar outras culturas divinas e gostava de partilhar essas histórias com ela.

- Esperem lá, o senhor está a falar da deusa do destino, não é?

- A deusa do destino? A minha avó falava muito nela quando eu era pequena. Ela falava que Ezlíria concertaria o nosso futuro, por causa do nosso duro passado - disse Melinda.

- É, ela falava isso - disse Ernesto com os olhos marejados.

Melinda deu-lhe a mão.

- Tudo bem, tio. Eu depois levo-te até ela. Por falar nisso, como chegaste até mim? Como?

- Foi a Ezlíria. Quando voltei há dois dias, ela forneceu-me a possibilidade de te encontrar. Deu-me um cachecol.

Melinda pensou um pouco.

- O meu cachecol vermelho? Caramba, era o meu preferido. Por isso é que não o encontrei em lado nenhum.

- Pois. Eu transformei-me em cão e acho que não preciso explicar o resto. Depois transformei-me em corvo e entrei no teu apartamento. Foi bem fácil. E... sobre me levares até à minha mãe, não sei se quero.

- Ela tem saudades tuas, tio. Acredita em mim. Eu sei que ela tem a mente de outros tempos, diria até que é machista, mas a culpa não é dela e sim da época em que ela cresceu.

- Eu sei disso.

- Pessoal - Inês chamou a atenção dos dois - reuniões de família só depois do expediente. Estamos a trabalhar aqui.

- O vosso trabalho é falar? - perguntou Ernesto.

- Maioritariamente - respondeu Pedro - Porque boas conversas nos conduzem a grandes conclusões.

Maurício e Raúl acabavam de sair do gabinete e apanharam as últimas palavras de Pedro.

- Que citação maravilhosa - disse o cientista - Tenho que anotar isso algures.

Enquanto procurava um papel e uma caneta algures, Maurício deu sinal a Melinda que estava tudo resolvido. Melinda parabenizou-o com um sorriso. Ernesto debruçou-se ligeiramente sobre a sobrinha.

- De certeza que não são namorados?

- Eu acho que saberia se namorasse alguém. Se continuas com essa mania de tio dos namoradinhos eu peço a Inês em namoro.

- Não aconselho - respondeu Inês que ouviu os sussurros de ambos - É que eu veria-me na obrigação de aceitar. Nunca desperdiço bons partidos.

As duas sorriram e juntaram os dedos mindinhos, um gesto que ficaria gravado na amizade das duas.

- Agora não, tio - sussurou Melinda.

Dom de Fogo (Completo) Finalista Wattys 2021Onde histórias criam vida. Descubra agora