4 - "Não está se precipitando?"

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Naquela tarde, Kurt saiu depois do horário normal de almoço. Escreveu duas matérias em tempo recorde e acompanhou James, o fotógrafo, em duas sessões onde faria notas que saiam em clickbait. Essa era a parte que odiava do jornalismo. A imprensa marrom, paparazzi's e notas de clickbait que o faziam se perguntar porque as pessoas davam atenção. Era óbvio, esse tipo de função exigia um site sensacionalista e que de preferência fosse difícil de hakear e sem qualquer ligação com a empresa da mídia. Tinham um nome a zelar, mas havia aquela sujeira em baixo do tapete que as pessoas davam atenção sem realmente se importar se eram notícias falsas ou não. O importante era que fosse bombástico e chamasse atenção o suficiente para ser o assunto da semana. E seu chefe era uma criatura detestável que usava isso por dinheiro e exercer influência em vários âmbitos. O Danvers não podia provar, mas não pararia até descobrir o que mais havia de obscuro.

Desceu pelo elevador agradecendo por ter sido rápido. Locais muito fechados o deixavam nervoso. E quando saiu da empresa se aproveitou do primeiro táxi parado ali para chegar ao Maine's, era um dos melhores restaurantes de Nacional City e servia todo tipo de comidas brasileiras. Era delicioso e havia sido premiado duas vezes pelos críticos e por Chef's de Cozinha de referência. Era um dos lugares onde ia para almoçar, isto é, quando havia tempo hábil pra isso. Pagou o taxista meio irritado pelo preço alto, mas não reclamou. Na entrada toda feita em vidro viu o movimento de garçons em meio as pessoas que conversavam. Por dentro havia uma Bossa Nova suave tocando no fundo entrecortando as conversas baixas.

"Olha só o que os bons ventos trouxeram!!" Michael, o recepcionista se aproximou sorrindo. "Achei que nem viria hoje." Ambos se abraçaram. Kurt e Michael eram amigos desde a faculdade, mas haviam se desencontrado com o tempo. Michael fazia história, seu sonho era ser arqueólogo e ainda não havia terminado de estudar para isso. Já Kurt cursou jornalismo e zoou muito com seu, agora ex-colega de quarto.

"E deixar de aproveitar no melhor da cidade? Jamais!" Disse alegremente. "Como você está?"

"Vivendo dias no paraíso! Como sempre!" O amigo riu com certo sarcasmo. Michael era casado há quatro anos e agora vivia as alegrias de ter gêmeos em casa que choravam ao mesmo tempo, mas era o seu paraíso particular.

"Os bebês estão dando trabalho." Não era uma pergunta. Kurt conhecia Pedro e Simon e apesar de serem lindos e fofos sabiam colocar qualquer um em desespero quando choravam.

"Ah, eles são ótimo, desde que nasceram eu não sei mais o que é dormir uma noite inteira de sono." Riram juntos.

"Imagino." Kurt concordou.

"Que bom, vai ser ótimo pra quando tiver os seus!" Michael profetizou o olhando sugestivo. Sabia sobre Amanda e, embora gostasse mais da Luthor, achou bom que Kurt finalmente havia encontrado alguém.

"É, quem sabe?!" A mente do loiro divagou. Já havia pensado sobre filhos, mas tinha uma série de coisas que queria fazer antes de entrar nessa eterna experiência.

Havia ouvido sua própria irmã dizer que seria um ótimo pai, mas não tinha certeza. A referência de pai que tinha era vaga e se englobava em ver outras crianças tendo um pai. Mas desde antes mesmo do afastamento do pai de Alex que havia mudado de país o assunto pai era proibido na família Danvers e ficou ainda pior depois de tal episódio. Kurt não sabia ao certo se Alex tinha contato com o seu, mas abordava esse assunto com cuidado. Era uma ferida irreversível no coração de sua irmã mais velha.

"Vem, eu te levo até sua mesa." Michael sorriu e deu um leve tapinha no braço de Kurt o despertando de seu devaneio. O loiro sorriu em agradecimento e não ficou surpreso em ver o restaurante cheio naquele horário.

No canto a esquerda próximo a janela que dava para um pequeno jardim e a vista movimentada da cidade estava Alexandra, sua irmã mais velha, bebendo um copo de água. A ruiva sorriu assim que viu o loiro tímido se aproximar com Michael e se levantou.

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