Combustível

28 - Silêncio

Semanas passaram como borrão para Amanda. Ela levou as coisas de volta para o apartamento antigo e chorou tudo o que podia. Passou uma semana sem sair de casa para nada até Andrea visitá-la. A ruiva contou tudo a morena de olhos verdes que ouviu atentamente e sem dizer uma palavra. Se Andrea também a julgaria ou não a CEO não demonstrou nada. Apenas cuidou da amiga como pode. E ainda dispensou William quando ele tentou procurar por ela.

"Me deixe falar com ela, Rojas!" Ele disse tentando avançar para a porta do escritório da ruiva.

"Você não tem nada para falar com ela. Já fez demais! Quero você fora desse escritório! Não a procure novamente..."

"Ou o quê?!" Ele a desafiou. "O que você vai fazer? Me bater?!" O britânico riu com escárnio. Andrea se aproximou com um brilho nos olhos, um sorriso sombrio e sem qualquer sinal de medo dele.

"Já esmaguei maiores que você como insetos. Quer mesmo saber? Me teste, Dey." Ela sussurrou já que estava bem de frente para ele. Ambos quase podiam sentir a respiração um do outro.

"Diga a ela que eu vou voltar!" Ele respondeu irritado, mas se afastou saindo dali rapidamente.

"Avise a portaria que não quero ele aqui dentro novamente." A CEO olhou irritada para a secretária que arregalou os olhos fazendo as ligações necessárias.

Depois disso, Andrea tomou conta de tudo. E o mantinha na linha na CatCo. William poderia bancar o intransigente em qualquer lugar, mas conhecia bem o terreno que pisava. Não podia ir contra ela.

"Precisa se alimentar, Amanda! Quero minha advogada de volta." Andrea deixou o prato de comida na frente da outra que continuava olhando para televisão enrolada nas cobertas.

"Depois eu como." Deu de ombros sem se importar.

"Não pode ficar nessa pra sempre." Andrea disse irritada. A outra apenas deu de ombros sem se importar.

Andrea se sentou ao lado da amiga e a encarou com um suspiro cansado. Ela entendia que Amanda estava sofrendo com a separação. Saber que ela gostava de verdade de Kurt tanto assim a fez sentir raiva do loiro. Afinal, ela era uma mulher e entendia totalmente a ideia de fazer coisas ruins por motivações maiores. O jornalista entenderia isso ou não um dia.

"Precisa reagir." Ela sussurrou encarando a amiga. "Faça isso por si mesma! É isso que pessoas como nós fazemos. Quero minha amiga e advogada de volta e não vou parar até conseguir. Entendeu?" Olhou com seriedade se levantando. A ruiva a encarou por um tempo antes de voltar seu olhar vazio para a televisão.

(...)

O silêncio de Kurt incomodou Alex. Ele parecia bem, de fato. Mas o silêncio gritou de maneira ensurdecedora para a ruiva. Fosse sua incapacidade agora de saber o que ele estava pensando ou o senso alto de proteção que aumentou desde que a mãe deles morreu, isso a deixou ainda mais tensa. No entanto, em contra partida ela tinha um grande reforço em mãos. Nia estava junto com ele no trabalho. Não foi fácil convencer Andrea, mas ela acabou aceitando já que a mais nova era uma aprendiz ainda. Andrea, por outro lado, impediu que William incomodasse Kurt. Na verdade, que incomodasse qualquer um com coisas que não eram do trabalho.

A agente do FBI ia ver o irmão todos os dias. E soube que ele e Lena estava trocando mensagens com grande frequência. A morena parecia também querer manter o loiro no radar. A ruiva entrou na sala da casa do irmão se jogando no sofá sem se importar muito. Ela estava comendo sua segunda fatia de pizza e assistindo o novo filme da Mulher Maravilha. O que era um momento divertido entre irmãos até a campainha tocar.