30 - Rendição

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Quando o fim do ano se aproximou o inverno também chegou. A temperatura esfriando rápido na cidade foi tornando o Sol um enfeite enquanto ventos excessivamente gelados sopravam. Kurt respirou aquele ar gelado tremendo um pouco suas mãos cobertas por luvas seguravam um singelo buquê de flores, plumerias, as favoritas dela. Com a esperança de poder vê-la, ele passou pela entrada do prédio cumprimentando os seguranças e o porteiro que era um senhor italiano muito simpático. Ele entrou no espaço metálico do elevador que já conhecia apertando o botão que dava acesso exclusivo ao corredor da cobertura. Ele soube imediatamente que o frio na barriga não foi causa da subida suave.

Acontece que ele passou por dias de reflexão quando deixou Amanda no apartamento dela aos prantos. O loiro jornalista se comunicou por telefone a maior parte do tempo, mas a única pessoa amiga que viu mesmo foi Nia. Ele riu algumas vezes dela e seus delirantes sonhos com fanfic's de famosos. Um mundo que ele descobriu ser bastante interessante e intenso. Eles comentaram de fato como algumas daquela história poderiam ser tornar livros bastante interessantes. Kurt ainda teve o infortúnio de encontrar Amanda pela Cat-Co algumas vezes. E não foi difícil perceber o olhar de desdém de sua chefe Andréa Rojas. Ela não se meteu no assunto e nem fez nenhum movimento, mas não era difícil perceber sua insatisfação cada vez que o via ou que se direcionava a falar com ele. Fora que ela fez questão de colocá-lo pra trabalhar até mais tarde corrigindo e redigindo textos para publicar. Além de deixar que ficasse responsável pelos clickbait's e pela Nia.

Não era bem uma punição, mas o manteve ocupado o suficiente pra chegar mais cedo e sair mais tarde constantemente, isto é, além do trabalho de casa. Os colegas de trabalho comentavam em sussurros por Amanda se quer encarava o agora ex-namorado. Atira colo, ela tinha William a observando com um olhar de cachorro que caiu da mudança. Esse mesmo que nem se quer olhava mais em sua direção e evitava qualquer contato. Danvers não sabia se agradecia ou se o confrontava. Ao mesmo tempo o jornalista também não desejou nenhum movimento com o outro. William ainda era um dos favoritos de Andréa e causar problemas com ele traria mais conflitos com sua chefe.

Kurt Danvers passou a mão por seu cabelo loiro em uma tentativa de ajeitar e suspirou tomando coragem. Agora não havia mais volta, ele estava ali. Pronto e inteiro para admitir que estava tão perdidamente apaixonado por Lena Luthor que talvez a própria Afrodite o amaldiçoaria por isso. E talvez ele estivesse certo quando a porta da cobertura se abriu quando o elevador parou revelando a já conhecida sala elegante. A surpresa estava além da compreensão quando naquele lugar imaculado havia James Olsen. O homem alto e de porte forte usava uma toalha grande envolta da cintura e parecia curioso com quem estava na porta.

"Hey, Danvers!" O fotógrafo sorriu se aproximando quando Kurt finalmente conseguiu avançar do elevador. O buquê de plumerias na mão esquerda parecia sentir a energia de tensão na sala, pois murchou um pouco. Reflexo do coração de quem o segurava.

"James. Que surpresa." O jornalista respondeu com um sorriso sem graça.

"Lena não me disse que viria." O mais alto pareceu confuso com a visita e Kurt se sentiu como um intruso na casa que já havia dormido tantas vezes.

"Ela não sabia, na verdade."

"James, você não... K?!" Lena entrou na sala com um roupão de seda azul enrolado em seu corpo e escondendo sua nudez.

"Oi, Lee." Ele tinha um brilho nos seus olhos azuis quando a viu. "Podemos conversar?" Ele alternou o olhar entre os dois. James adotou uma pose defensiva ao cruzar os braços com uma expressão séria e curiosa. Lena concordou sem se importa.

"James, vista-se. Suas roupas estão no banheiro social." Ela olhou para o homem negro usando sua voz de CEO, ele não pareceu querer ceder ou se quer se mover do lugar. A tensão preencheu o ar. "Seja rápido, por favor." Ela pegou o braço do loiro puxando-o pro corredor até o fim. Ambos entraram na última porta que dava acesso a um escritório tão elegante como estava acostumado a ver na L-Corp.

"Seus escritórios nunca deixam de ser incríveis." Ele disse observando a parede enorme de estante de livros.

"Isso é pra mim?" A CEO apontou as flores na mão dele. Kurt arregalou os olhos quase como se tivesse esquecido do buquê em suas mãos.

"S-sim! Eu..." Ele estendeu as plumerias e Lena sorriu brilhante e abertamente. "Bem, eu as vi e pensei em você." Kurt corou ao dizer.

"São lindas!" Lena pegou o buquê e levou ao copo de lápis vazio na mesa. Ela ainda teve tempo de apreciar o aroma fresco enquanto as acomodava em seu escritório.

"Não como você." Ele a observou como quem observa uma estrela cadente. Lena tentou esconder o corar de suas bochechas ao trancar a porta. "Lena, eu preciso falar com você. Isso não pode esperar mais." Lena o olhou confusa e preocupada, mas esperou que ele continuasse. Kurt andou de um lado para o outro. "Eu cometi erros. Erros do qual venho tentando conviver, mas o maior deles foi não ter dito e nem admitido que eu estou apaixonado por você desde aquele dia que nos esbarramos." Lena arregalou os olhos sem acreditar no que ouvia. "Eu sei. É loucura. Eu entendo se você quiser se afastar ou se tiver... Apaixonada pelo James." Kurt sentiu um embrulho ao pensar nisso. "Mas é a verdade. E-e eu precisava que você soubesse. Me desculpe, Lena! Eu..."

O que o loiro falante não esperava era o fato de Lena pular nele quase o desequilibrando e selar os lábios em um beijo quase sufocante. A morena bateu o corpo do loiro contra a mesa de madeira maciça, suas mãos fechadas em punho enrolando a camisa e segurando-o como se fosse uma miragem. Como se ele fosse fugir e todo aquele momento fosse virar fumaça.

"Kurt Jeremiah Danvers!!" Ela bateu no ombro dele como se estivesse brava. "Como pode demorar tanto tempo pra me contar isso?! Tem noção de como eu me sentir quando você disse que ia se casar?!" Ela quase pareceu tão assustadora se não tivesse um brilho nos olhos verdes e uma sugestão de sorriso em seu rosto.

"Me perdoa." Ele fez aquela mesma expressão de quando queria convencê-la a assistir DC pela milésima  vez, com olhos grandes e um biquinho adorável. "Eu estive com tanto medo de que não fosse recíproco que quis me esconder, me desculpe." Ele colocou a mão no rosto dela em uma carícia.

"Como pode pensar que eu não me apaixonaria por você?!" Lena disse e Kurt sorriu a puxando pra outro beijo dessa vez mais ardente e bem menos desajeitado.

E não foi nada difícil pra Lena fazê-lo derreter em seus braços quando arranhou sua nuca pressionando seu corpo contra o dele. Sentindo os músculos pouco cultivados dele nas linhas aleatórias que seus dedos traçavam tomando o controle e desabotoando a camisa em busca de mais contato. Kurt se arrepiou e gemeu baixo quando a mão esquerda dela cravou garras afiadas nas suas costas por debaixo da camisa que usava. Ela estava marcando ele.

"L-Lee, e J-James?" Kurt disse tentando manter a concentração enquanto a boca dela trabalhava em sua mandíbula descendo pelo pescoço. A morena o mordiscou como se estivesse preste a drenar seu sangue. Então lambeu e chupou a mordida deixando uma marca vermelha registrada ali. "Lena!" Ele choramingou. Ela riu.

"Não há nada entre mim e James." Ela passou a mão no rosto dele com delicadeza. "Foi apenas..." Mas a batida forte na porta interrompeu seus pensamentos. Lena suspirou um tanto irritada o se afastar dos braços dele. Mas ainda foi puxada mais uma vez para um conjunto interminável de selinhos antes que o jornalista a soltasse.

"Lena." James sorriu levemente quando a porta foi aberta. Mas seu sorriso morreu ao notar que Kurt estava lá encostado na mesa com o casaco quase fora do corpo e a camisa amassada. "Eu estou indo embora." James disse baixo sem tirar os olhos do loiro que refletia sua expressão séria. "Podemos conversar?"

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