7 - "Somos primos!"

89 14 0
                                    

"Ainda não me disse como se conheceram." Lena o observou ajeitar os óculos e franzir o cenho apenas para arregalar os olhos como se tivesse entendido.

"No trabalho, na verdade." Respondeu bebendo seu refrigerante. "A Srta. Rojas e Amanda trabalham juntas, ela esteve na CatCo algumas vezes, mas só conversamos mesmo em um bar." Sorriu levemente.

"Então a convidou para sair?" Lena arqueou a sobrancelha ainda mais curiosa.

"Não, nós literalmente nos esbarramos em um bar e começamos a conversar de verdade." Era fato, antes da noite no bar não tinham trocado nada mais que poucas palavras, todas elas em educação e um leve aperto de mão. "Depois disso começamos a nos ver."

Lena o observou e assentiu. Ele pareceu está perdido em um conjunto de lembranças de momentos com a ruiva que a encheram de curiosidade, mas ao mesmo tempo fez se perguntar se ela realmente queria saber. Não, talvez isso fosse demais. Vê-la pendurada nele em cada oportunidade já era mais do que precisava.

"E você? Nenhum romance árabe?" Zombou sorrindo, mas curioso para saber o que ela havia feito por lá.

"Você fala como se eu tivesse tempo pra isso." Riu com sarcasmo. Lena não teve o que chamaria de romance, era apenas um pouco de satisfação pessoal.

Ora, é uma mulher, um ser humano e como qualquer outro tem suas necessidades. Mas nada que fosse realmente importante ou causasse um impacto. Na solidão de seu quarto na companhia de um livro se perguntou se estava há tanto tempo fechada que havia se tornado fria para qualquer relacionamento amoroso. E de fato, a insegurança, excesso de exigências, dramas e o fato de alguns serem filhinhos da mamãe ajudava muito a tornar a ideia bastante broxante. O estresse que tinha em seu trabalho era o suficientemente grande para lidar com uma DR, por exemplo.

"Eu não sei, você ficou tanto tempo lá que achei que estivesse..." Ele divagou observando a cidade pela janela de vidro da lanchonete como se evitasse encará-la.

"Diferente de você, Don Juan, nem todo mundo tem tempo ou paciência para um relacionamento." A Luthor provocou o olhando divertida. Kurt corou.

"Acredite, isso foi literalmente acidental! Acho que não tem nada de Don Juan nisso. Talvez Shakespeare, só que sem a parte trágica." Riram juntos, Kurt a alfinetava sobre os romances de Shakespeare desde que havia descoberto sua pequena paixão por aqueles livros. Não que ele também não gostasse, afinal era um romântico incurável! Mas ela sempre parecia tão inteligentemente racional que era difícil acreditar que poderia gostar de Romeu e Julieta, por exemplo.

Essa era uma das muitas faces de Lena Luthor que muito poucos ou quase nenhum poderia vislumbrar. Era bem guardado, selado por Lena, a CEO e Lena, a Luthor em comum acordo. Isso sempre a fazia parecer um pouco Bruce Wayne só que com bem menos teatrinho barato de playboy ou patricinha. Lena era séria e centrada e não perdia tempo com uma máscara para satisfazer tablóides, dos quais odiava.

"E ainda assim, aí está você! Noivo!" O olhar dela foi indecifrável para ele, enigmático. Embora sua voz não escondesse a pequena gota de sarcasmo. Perceptível a ouvidos treinados.

"É. Eu..."

"Lena Luthor!" A voz masculina soou atrás dela atraindo a atenção de ambos. E lá estava um homem alto, moreno, ostentando uma barba cheia e bem cuidada, roupas caras e um sorriso enorme para CEO que estava visivelmente surpresa.

"Jack Sphee!" A morena se levantou para cumprimentá-lo que não perdeu tempo em abraçá-la. Kurt mexeu nos óculos de maneira desconfortável.

"O tempo só fez bem a você! Está ainda mais bonita!" O homem sorriu largo com um brilho nos olhos ao observar a Luthor.

CombustívelOnde histórias criam vida. Descubra agora