25 - Verdades desastrosas

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"Sério que você me deixou dinheiro?!" O moreno disse irritado invadindo a sala dela que se assustou perdendo o raciocínio. "Eu não sou a merda de um gigolô!" Esbravejou para Amanda que ainda parecia sem reação.

"O que faz aqui? Como entrou na minha sala???" Amanda se levantou e o olhou como se William tivesse nascendo um terceiro olho em sua testa.

"Eu tentei impedir, mas..." A secretária tremeu temendo seu emprego pela maneira como Amanda a olhou furiosa. Mas respirou fundo voltando sua atenção para o homem que a encarava com frieza.

"Saia, Suzy." Ela disse sucinta vendo a mulher sumir de seu campo de visão e fechando a porta atrás de si.

"Eu disse pra você não me procurar!" Ela o olhou espelhando a frieza dos olhos dele enravecida dele ter entrado ali sem aviso.

"Não!" Ele esbravejou. "Você me deixou um recado e saiu correndo feito uma louça deixando seu maldito dinheiro lá!!" Rosnou se aproximando dela e automaticamente da mesa que esteve entre os dois. "O que você achou que eu ia fazer?! Pegar o dinheiro e fingir que nada aconteceu?!"

"Foi um ato impensado, seu ingrato!" Se defendeu. "Isso podia ajudar você a sair daquele hotel nojento! Eu só pedi um favor em troca! É difícil?!"

"Você fala como se eu devesse a você!!" Riu irônico passando a mão no cabelo de maneira agitada. "Você me deve!! E me deve bem mais que um simples sinto muito! Não tem direito nenhum de me pedir nada!!" Ele apontou o dedo na cara dela que se afastou um pouco vendo o transtorno na expressão dele.

"Eu já disse tudo o que eu podia dizer, você quer o quê?! Que eu me crucifique?! Desculpe, isso não vai acontecer!!" Ela esbravejou se aproximando dele enquanto dava a volta na mesa que os impedia.

"Anos!! Anos te procurando, anos sem resposta ou se quer um bilhete!! Anos!! E de repente você reaparece na minha vida prestes a casar com um dos meus amigos!! O que VOCÊ quer que eu faça?! Fique assistindo?!" Ele disse estendendo os braços e rindo sem humor algum. Sua fúria aumentava cada vez que ela dizia algo.

"Eu segui em frente! Mudei minha vida, me deixe ser feliz em paz!" Ela gritou como ainda não havia feito e o deixou surpreso.

"NÃO!" Ele respondeu. "E sabe por que não?! Porque eu dei minha vida pra você, eu ignorei meus amigos e minha família por você e tudo o que eu ganhei foi um atestado de palhaço!!" Ele disse e se aproximou dela fazendo-a caminhar para trás casa vez mais a passos tropeços até a parede onde nada mais os impedia de se afastarem.

"Vai embora, por favor." Amanda o encarou firme apesar do tambor que soava no seu coração. Não era amor, era medo.

"Eu vou! Quando você me disser a verdade." Ele pegou o braço direito a prendendo contra parede e a outra mão dele foi direto para o pescoço alvo e branco. Mas seus olhos vacilaram.

O batom vermelho nos lábios dela finalmente pareceu chamar atenção assim como a blusa de botão que revelou a langerie preta que ela usava. O cheiro dela já estava em sua mente.

"Diga." Ele sussurrou. "Diga que nunca me amou." Ele se aproximou ainda mais encarando todo o corpo dela que pareceu mudar ao longos anos. "Diga que tudo o que vivemos foi uma mentira. Diga!!" Ele frisou a última palavra e ela respirou fundo engolindo seco.

"Você tem razão." Ela disse baixo. "Eu nunca te amei, foi uma atração. E um jeito de sair da minha vida miserável." Ela pareceu sentir o controle correr de volta para seu corpo quando a surpresa estampou o rosto dele. "Eu me senti ainda pior quando engravidei." Ele se afastou como se ela queimasse. "Eu ia ter um filho seu. Então, sua mãe apareceu e me ofereceu dinheiro para sumir da sua vida e tirar o filho." William estava perplexo e sem reação. Filho? Eles tinham um filho? Ela engravidou e não contou?! A mãe dele sabia disso?! Elas nunca contaram nada!!

"Está mentindo." Ele tremeu.

"Então ligue para ela e pergunte." Amanda se desencostou da parede sentindo mais confiança com o pavor nos olhos dele cheio de lágrimas. "Fale com ela. Melhor! Minta. Diga a ela que eu confessei toda a culpa, ela vai te dizer." Ela retornou sentando na cadeira de maneira tranquila apesar do nervosismo.

"Por que eu vou acreditar? Minha mãe tinha razão! Isso sim! Você nunca passou de uma vadia fria e egoísta!" Ele a olhou com repulsa.

"Ah, por favor!" Riu com sarcasmo batendo as mãos na mesa se levantando. "Como você disse, eu fui embora sem mais nem menos. Você sabe que eu não tinha nada e nem ninguém quando te conheci! Lembra?" O silêncio que o tomou novamente respondeu a pergunta.

William se perdeu na lembrança de quando a conheceu e do que ela era agora. Tanta coisa havia mudado, ele também mudou. Não que fosse um santo. Quebrou corações por diversão antes de se apaixonar por Amanda. A ficha estava caindo e ela percebeu. Achou que havia superado tudo aquilo, mas não chegou nem perto disso. Remoeu em silêncio esses anos todos acreditando em tudo o que sua mãe dizia. E para quê?!

"Ela sabia de tudo. Ela puxou toda a minha ficha." Amanda disse se aproximando dele que se apoiou na mesa. "Eu tive minha parcela de culpa e não nego isso, mas não sou o monstro aqui." Ela tocou na mão dele com carinho. "Eu fiz o que era melhor pra mim, precisava me reerguer."

"As custas do nosso filho?" Ele chorou rouco. A dor nos olhos dele doeu nela como uma bala no peito.

"Ele não era nosso filho, não tinha nem forma ainda. Sei o quanto você queria ser pai, mas eu não queria. Eu queria ter uma vida." Ela disse e ele se afastou bruscamente de novo com a raiva correndo pelo seu sangue.

"Eu te dei uma vida! Dei a minha vida! Isso não é o suficiente?! Eu tirei você daquela lama e fiz tudo por você!!" William esbravejou a pegando pelo braço e colando os corpos. "Diga que não sente nada. Diga! Diga que não gosta quando eu te toco!"

"Me solta, William! Agora!" Ela sussurrou brava. Mas ele não respondeu e ao invés disso a beijou inesperadamente.

Amanda tentou empurrá-lo sem sucesso. O homem a prendia um braço e a cintura enquanto a empurrava até a mesa garantindo que ela ficasse encurralada. E a lembrança a rendeu. A lembrança dos momentos bons que teve com ele em sua juventude e como ele era um sopro nos dias mais difíceis.

"Espero que tenha sido bom. Pois é a última vez que você vai ter!" Ele aceitou se afastar limpando a boca. Amanda respirou fundo pensando em falar alguma coisa quando a porta que foi aberta sem que notassem fez o som de algo caindo.

A advogada olhou imediatamente arregalando os olhos de maneira quase desesperada quando encontrou o par de olhos a encarando de maneira sombria e ao mesmo tempo assombrada.

"Kurt?" Ela ofegou. "Olha, não é o que..."

"Esqueça suas explicações." Ele disse calmo. "Eu já ouvi mais do que o suficiente. Sejam felizes."

"Não! Amor, espera! Não é isso, você..." Ela disse correndo atrás do loiro que entrou no elevador novamente e apertou o botão rapidamente impedindo que ela se aproximasse.

William tentou sentir pena. Mas a dor em seu peito, o fôlego do beijo, as palavras jogadas ali e a maneira como ela saiu correndo atrás de Kurt não o deixou sentir mais nada que não fosse tristeza e raiva. E também partiu.

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