6 - Cisne Negro

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Quando o Sol se pôs no horizonte Lena o observou com um olhar pensativo

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Quando o Sol se pôs no horizonte Lena o observou com um olhar pensativo. Algo em si havia a feito se arrepender levemente de ter aceitado o convite dele. Mas de alguma forma, agora, estava ansiosa e nervosa com o fato. E não entendeu. É verdade que não foram tantas vezes ao teatro juntos, mas saíram tantas vezes antes e se divertiram que Lena não conseguia enxergar a diferença que a fazia ficar daquela maneira. Começou quando seu telefone tocou pela manhã com uma mensagem de bom dia de Kurt que a lembrava que aquele era o dia de assistir Cisne Negro de um jeito animado. E se preocupou em perguntar se ela gostaria que ele a buscasse apenas pelo supérfluo da informação, já que, as vezes ela o buscava. Lena sorriu e respondeu que estaria o esperando e achou graça do hábito dele de mandar tantos emojis ao mesmo tempo.

"Jess, está liberada por hoje. Traga os relatórios para mim amanhã antes da reunião com os acionistas." A jovem Luthor disse para outra mulher que sorriu assentindo. Usou o cartão decodificado para trancar a porta de seu escritório e desceu para encontrar Jansen, seu segurança e motorista abriu a porta do Range Rover assim que a viu.

A frente do prédio onde ela era dona e também residia era espelhada como o prédio da L-Corp. Na cobertura, onde ela morava havia um heliporto e um espaço de varanda amplo o suficiente para uma decoração de jardins e o cultivo secreto de plantas que Lena adorava. Tinha algumas mini árvores frutíferas algumas flores e uma de plumérias rubras que Kurt havia dado a ela de aniversário. Essa ficava na sala na mesa de vidro de centro como um pequeno destaque. A morena não tinha tanto tempo quanto gostaria para cuidar de suas plantas, mas sempre arrumava um jeito de dedicar um pouco de tempo livre para dar atenção a elas.

Seu apartamento era, de fato, digno de catálogos de revistas de arquitetura e design, mas eram muito poucos que tinham a oportunidade de conhecê-lo. Era o seu canto especial e não gostava de intrusos e nem muitos visitantes. As mais frequentes eram de Kurt, Sam e a pequena sobrinha Ruby que adorava a biblioteca com sala de cinema. O que deu um pouco de espaço para que Sam saísse de vez em quando para relaxar e, em outros casos, ali mesmo conversando com Lena e bebendo um pouco. A Luthor colocou uma cama tão grande e macia quanto a sua no quarto de hóspede para que Sam e Ruby ficassem confortáveis para dormir sempre que quisessem. Mesmo Sam dizendo que seu sofá era tão bom que babaria nele de tanto dormir.

Lena bufou alto ao encarar seu closet e não encontrar nada que a agradasse para ir ao teatro, depois de tomar banho e escovar o cabelo rapidamente mais do que nunca se perguntava de verdade se realmente tinha sido uma boa ideia aceitar. É claro, embora o teatro fosse extremamente luxuoso aquela noite não era mais a de estreia o que não a obrigaria a um traje de gala, mas também não queria sair parecendo que foi só porque não tinha nada melhor pra fazer. E também, não faria bem a sua imagem. Revirou os olhos. Podia ouvir perfeitamente Lilian dizendo exatamente isso enquanto invadia o quarto para escolher o que sua caçula vestiria. A mãe nunca a deixava sair desarrumada ou apenas vestindo-se de forma comum, era uma Luthor e como uma Luthor tinha que se vestir como tal e estar pronta não só para qualquer ocasião como suas eventualidades. O mal de aprender é que pode tornar-se facilmente um hábito e esse era um dos casos.

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Kurt sorriu assim que a viu. O vestido longo negro com estampa de flores em vermelho vinho dava um ar de leveza a sempre elegante sofisticação de Lena. Junto ao sorriso de Monalisa em seu rosto ao vê-lo ali com seus inseparáveis óculos e um terno preto acompanhado de uma camisa branca encostado no que seria no Impala conversível. Ela jamais entenderia o amor que ele tinha não por todos os carros, mas aquele em especial. Era fato, ele não era mais uma centelha do quão velho ele parecia e isso foi um presente de Natal de Lena.

"Está fascinante, Srta. Luthor!" Ele se aproximou para beijar a sua mão e ajudá-la a descer a pequena escada ali. Disfarçando o sorriso crescendo em seus lábios ela revirou os olhos em diversão.

"E quando não estou?!" Riram. Aquele era o pequeno gatilho de defesa de Lena. Para não se mostrar acanhada ela soltava um sarcasmo ou mostrava-se extremamente convencida mesmo com as bochechas levemente rosada. Kurt se aproximou beijou sua mão e depois seu rosto antes de abrir a porta do carro a deixando sem saída.

"Senti sua falta." Ele sorriu com aquele mesmo brilho nos olhos que Lena via quando se conheceram e não pode deixar de retribuir.

Cisne Negro era fantástico, a apresentação era feita por bailarinos e nenhuma palavra era dita  ainda assim era lindo e colocava a plateia dentro de toda a história. Já Kurt pareceu divido entre a peça ilustre e ela, ela o flagrou duas vezes a olhando e uma delas estava emocionada. Todos aplaudiram de pé e ovacionaram o completo sucesso que era e sorriram com a apresentação dos bailarinos. 

"E então?!" Kurt diziam enquanto caminhavam para o estacionamento de braços dados. Quem os olhavam viam um casal feliz e recém casados ou namorados apaixonados. 

"Foi lindo." Ela sorriu e o encarou. "Mas acho que você já sabia." Ele abaixou os olhos e mexeu nos óculos como se tivesse sido pego no flagra. 

"Eu assistir antes, admito. Mas foi apenas a trabalho, a CatCo queria uma matéria sobre a peça e Snipper me obrigou a vir." Ele assumiu com um sorriso envergonhado.

"Obrigou?" Ela arqueou a sobrancelha o encarando.

"Eu estava interessado num caso de corrupção, mas Carr achou que era melhor o William cuidar disso, mas é a primeira e única vez que eu agradeço." Lena não se surpreendeu com a entonação mais séria quando ele citou o colega de trabalho e não discordava. A morena também não gostava dele, já havia dado alguns foras nele, porém infelizmente ele era o tipo que não tinha noção. 

Lena sorriu e agradeceu quando ele abriu a porta do carro para ela, ali estava mais quente do que o vento gelado que soprava em toda a cidade e ligou o rádio. Quando ele entrou sorriu, no rádio tocava Linger dos Cranberries. Eles haviam cantado essa música juntos em um bar de karaokê levemente alterados. Se olharam de imediato, compartilhando aquela lembrança como se fosse um segredo, mas era um daqueles momentos que eles se abraçaram sem se importar com quem os via. 

"You know I'm such a fool for you..." Ele cantarolou ligando o carro e ela não deixou de observar. Sabia o significado daquela música e cada letra a fez pensar quantas vezes fariam aquilo de novo. O quanto aquilo se prolongaria? Eles sempre estiveram tão perto do que era aquele limite da amizade e nem se quer se deram conta. Mesmo com as pessoas ao redor dizendo que eles formavam um belo casal e que ela agradecia sem dar mais explicações. 

Então, a levou direto para a realidade. Afinal, ele era apenas o melhor amigo e segurava a mão de uma mulher ruiva que sorria feliz ao seu lado o que a incomodava. Parecia que aquela magia entre eles se dissiparia e não havia nada que pudesse fazer. Mesmo ele não tocando no assunto Amanda, ainda havia aquela sombra pairando sobre eles em cada conversa. Mas naquela noite, só naquela noite ela manteve a magia quando o abraçou na porta de seu prédio e deixou a marca do batom vermelho no canto dos lábios o fazendo corar e sorrir sem jeito. Ela ainda causava aquelas sensações e o mundo pareceu um lugar distante. Lena deixaria para pensar nas consequências quando o dia amanhecesse junto com a realidade.

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