24 - Pequenos conflitos

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Lena suspirou um tanto exausta. Era o preço de estar a frente de um império. Toda aquela burocracia jogada no colo dela de propósito. Mas não era só isso que estava em seus pensamentos. A irlandesa estava seguindo os conselhos da mãe de maneira sutil e isso a mantinha próxima do Danvers jornalista. Ela havia tirado bastante proveito do fato de que parecia muito difícil para ele negar alguma coisa a ela. E depois da tarde mágica no parque, a Luthor quis planejar algo que fosse tão bom para ele. Mas recebeu um balde de água fria quando o Danvers respondeu dizendo que não poderia porque iria sair com Amanda. A CEO gostaria muito de ter levado isso numa boa, mas não conseguiu. Estava irritada e frustrada. Amanda Becker era definitivamente um problema.

(...)

"Kensington era um cretino! O tipo mais detestável que todo mundo tem uma razão pra matar e quando morre não faz falta." O homem alto e de olhos castanhos disse entre uma tragada e outra em um cigarro fedorento.

"E você sabe quem o matou?" A Detetive ruiva mantinha uma certa distância com os braços cruzados.

"Foi um mafioso, ele estava devendo muito dinheiro e depois tentou enganar o cara." Riu com escárnio. "No dia seguinte, ele estava pendurado pelos braços na boate e uma bala na cabeça."

"E onde entra Amanda nessa história?" Indagou confusa, mas bastante aliviada.

"A ruivinha. Foi vendida pelo pai que era mais um bêbado canalha no mundo. De dia ela trabalhava na lanchonete e de noite era prostituta." Ele a olhou e deu de ombros friamente. "Não matou ninguém." Disse como se fosse óbvio.

Alex o analisou pensando se acreditaria em tudo que ele disse. No entanto, ele era um morador de rua sem nada a perder. O que ele ganharia mentindo? Fora que ele parecia saber até bem mais do que dizia e isso o tornava um alvo. Ele estava se escondendo há muito tempo e a Detetive entendeu isso.

"Se alguém perguntar nunca nos vimos e essa conversa não existe." Ela o olhou séria e tirou cem dólares do bolso entregando ao homem.

"Quem é você mesmo?!" O homem ironizou e riu avaliando a veracidade da nota.

A Detetive montou na moto já de capacete e partiu sumindo dali. Seus pensamentos estavam confusos e ao mesmo tempo sentiu pena de Amanda. Era óbvio que ela era uma mulher forte por ter passado por tanta coisa sozinha e se sentiu um pouco mal por ter invadido sua vida desse jeito. A verdade é que tinha medo. Tinha medo de perder seu irmão, principalmente depois que a mãe deles morreu. Alex nunca mais foi a mesma e se agarrou a ele mais do que nunca. Agora se perguntava o que fazer. Contar? Não contar? Dizer a Amanda e deixar que ela mesma faça? Ainda não tinha resposta, mas sabia que voltaria para Nacional City no primeiro vôo o quanto antes.

(...)

Amanda suspirou no escritório ainda pensando em Kurt. Havia duas partes dele que a fazia pensar muito sobre o casamento. A primeira era que Danvers era difícil de se desligar. Ele era carinhoso, amigo, doce, intenso, fofo e apaixonante. Ela não podia se negar a isso. Como quando ficaram na última noite depois de se amarem. Ela adormeceu sob as carícias dele e o cafuné que ela amava. Durante a noite passando devagar chegou a acordar algumas vezes e dentre essas a levava a segunda parte. Kurt disse o nome de Lena mais de uma vez enquanto dormia e sorriu como se estivesse tendo o melhor dos sonhos. Lena Luthor, a empresária forte e divertida que tinha um brilho inegável nos olhos e um sorriso matador.

Quando estavam juntos no dia anterior ele falou de Lena de novo e a ruiva nunca deixava de reparar o brilho nos olhos dele ao falar dela. E isso a fez se perguntar se estava no caminho certo. Ou se viveria a sombra de Lena o tempo inteiro. Não que ser comparada a ela fosse totalmente ofensivo, mas ainda assim era um baque para o ego. Mesmo que o Danvers loiro não fizesse isso.

Lena e Kurt se abraçaram assim que se viram como se fosse um ímã. Ela sorriu beijando o rosto dele livre de qualquer barba e se deixou ser levantada pelo mesmo que parecia brilhar só de estar com ela. A ruiva observava tudo com detalhes. Ele disse algo no ouvido dela fazendo a mesma rir e dar um leve tapa no peito dele que também sorria.

"Oi??" Alex se pronunciou estourando a bolha. "Eu quero beber hoje!"

"Você sempre quer beber, Alex." O loiro revirou os olhos se afastando um pouco de Lena apenas para pegar sua mão e levá-la até a mesa em que estavam.

A morena cumprimentou todos e sentou-se ao lado esquerdo dele que tinha Alex em seu outro lado junto a Win, Nia, William, James e a irmã dele que veio dar uma passada na cidade.

"Estou feliz que veio!" Kurt disse olhando nos olhos de Lena.

"E achou que eu perderia assistir Alex passar vergonha no karaokê?!" A mesa toda riu e a Detetive revirou os olhos. "Também senti saudade." Lena sussurrou só para ele marcando novamente a pele dele com batom vermelho o arrepiando.

A advogada que estava sentada ao lado de James e Nia bebeu sua cerveja fingindo se concentrar em algum ponto da mesa, mas atenta a interação. Todo mundo se divertia naquele bar de cowboys com karaokê. Vez ou outra ia um tentar cantar. Amanda esperou com vemencia que Lena não cantasse. Não conseguiria se sentir melhor se a CEO fosse também uma excelente cantora.

Naquela mesma noite, ela não o abraçou para dormir como fazia normalmente e ele pareceu não notar já que dormiu logo após o banho frio. Amanda achou que dormiria, mas não conseguiu. A princípio ficou aquela sensação de que algo se perdeu e em outra que era uma estranha no ninho. E a última era a pior de todas! A substituta. Aquela que apenas ficou no lugar até que a outra retornasse. E então ela reaparece e toma novamente seu lugar e o step é deixado de lado. Deus, Não! Por mais que gostasse de Kurt Danvers não queria ser a substituta, alguém que preenchia o espaço. Mas ainda faltava uma última coisa para tomar aquela estranha decisão em sua mente e então...

"Sério que você me deixou dinheiro?!" O moreno disse irritado invadindo a sala dela que se assustou perdendo o raciocínio. "Eu não sou a merda de um gigolô!" Esbravejou para Amanda que ainda parecia sem reação.

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