Capítulo Oito

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          Min-jun acordou com o sol batendo em seu rosto. Olhou para a sua mesa de escritório e eram nove e meia da manhã. Ele reclamou um pouco para se levantar e depois foi direto lavar o rosto. Estava cansado do dia anterior e queria usar seu domingo para descansar. Ele colocou uma toalha em seu pescoço e passou um pouco de loção no rosto. Sorriu ao lembrar do dia anterior e do quanto Ji-hoon ficou feliz. Ele estava orgulhoso de ter tido a ideia de levá-lo ao parque. Min-jun saiu do banheiro e pegou uma roupa confortável em seu guarda-roupas. Passou pela sala e quando chegou na cozinha se assustou com o café posto na mesa. Com certeza não foi seu pai quem fez isto, ele nunca faria.

- Gostou? - Min-jun deu um pulo de susto e olhou para trás para ver o dono da voz e se deparou com Jun-ho sentado em seu sofá tomando um pote de sorvete - Dormiu bastante em?
- Aigoo Jun, o que você está fazendo aqui nesta hora?
- Não sei. Estava à toa em casa e resolvi vir para cá - Ele muda o canal da televisão - Ai pensei comigo "porque não levar um café da manhã para meu melhor amigo" - ele se virou para a mesa e apontou com a colher - Não tem nada doce - Min-jun olhou e realmente, não havia nada doce. Torradas, queijo, uma cafeteira, manteiga e arroz com algas estavam sobre a mesa - Coma logo, senão o café esfria
- Obrigado - Min-jun sorriu e se sentou na mesa - Não tinha compromissos para hoje?
- Não - Jun descansou a colher no pote e olhou para Min-jun - Seu pai queria que eu fosse gravar um comercial mas eu falei com ele que não iria. Tenho que descansar um pouco.
- E ele acatou?
- Seu pai não é de tudo ruim não.
- Isto porque você gera dinheiro para ele, não tira, como eu faço - eles riem
- De qualquer forma ele trata todos muito bem, até quando não queremos gravar ou adiamos um compromisso. Ele sempre dá um jeito - Jun-ho se levanta e vai até o amigo, joga o pote de sorvete na mesa e se senta - Sabe, acho que ele não é mais aquele homem de antes
- Não comece por favor
- É verdade, ele nem está bebendo mais. Fomos em uma festa de comemoração e ele não colocou uma gota de álcool sequer na boca
- Ele se faz na frente de vocês
- Não mesmo - Jun-ho ri - Ele bebia sempre nas festas e passava dos limites
- Passava dos limites? Conte-me mais
- Não é nada de mais - Jun-ho ficou sem graça e mexeu o sorvete com a colher - Coisas que acontecem na empresa
- Acho que você acabou falando demais e agora quer esconder de mim. Vamos lá, conta logo
- Tá, mas isto fica entre nós, ninguém mais sabe - Min-jun levantou a sobrancelha - Um pouco antes da sua mãe morrer, saímos para comemorar o lançamento do meu segundo CD e o sucesso que foi - Min-jun tomou um gole de café e Jun-ho coçou a mandíbula - Seu pai estava bêbado como sempre, e saiu carregado pelo antigo secretário dele... Não me lembro o nome...
- Mi-hon
- Isto. Ele mesmo. Então, eu fiquei super apertado. Sai andando pelos corredores e quando passei pelo escritório do seu pai eu vi eles - Jun-ho chega mais perto do amigo e cochicha - eles estavam se beijando
- Como? - Min-jun soltou a xícara de café na mesa - Você está dizendo que meu pai..

- Não. Não estou dizendo nada. Aquilo aconteceu por uma bobagem. Seu pai me viu por cima do Mi-hon e bem, no outro dia me chamou para conversar - Jun-ho tomou uma colherada do sorvete - Ele disse que o secretário confessou para ele e o puxou. No outro dia ele demitiu ele.
- Demitiu ele por ser gay?
- Lógico que não, por ter forçado. É assédio.
- Não sei, sempre achei meu pai muito preconceituoso
- Não, ele não é - Min-jun levantou de novo a sobrancelha e Jun-ho pigarreou - Temos funcionários gays na empresa, você sabe disto.
- É, tem alguns - Min-jun ri - Então meu pai já deu um beijo gay
- Ei, não fale isso perto dele. Ele sabe que apenas eu sei sobre isto. Imagine se ele souber, ele me demite, ou muito pior, me queima na mídia.
- Minha boca é um túmulo - Min-jun faz um gesto selando a boca e jogando a chave no café, depois toma um gole - Mas ele nunca iria perder a mina de ouro dele
- Já tem outras minas para serem exploradas Min-jun. Tenha certeza disto - Jun-ho toma outra colherada do sorvete e Min-jun sorri - o que foi?
- Ontem eu sai com o Ji-hoon
- Sério? Como foi?
- Foi muito divertido. Levei ele no parque e depois no alto do prédio que eu costumo ir para pensar um pouco
- Ele é um garoto e tanto. Tenho jogado com ele toda a noite e olha, ele é muito divertido. Tem sido uma grande companhia para mim. Sentia falta de ter alguém assim do meu lado todo o dia
- Que indireta - Min-jun disse rindo - Eu não fico ao seu lado porque você está estudando em casa desde o seu debut.
- Eu sei Min-jun - Jun ri e acena com a mão - Não foi uma indireta, mas se serviu - eles riem - Mas como foi o dia?
- Foi legal, fez ele se esquecer das coisas do colégio
- Ele continua sofrendo Bullying?
- Sim, e sexta-feira foi um caso fora de série. Algo muito sério.
- Como assim?
- Eles afogaram ele na privada
- O que? Como?
- Sim, puxaram a cabeça dele e deram descarga. Ele acabou respirando um pouco de água e desacordou. Trouxe ele aqui para casa para ter cuidados médicos, mas foi apenas um susto.
- Mesmo assim, é muito grave. Temos que fazer alguma coisa, não sei, chamar a polícia
- Ele tem um coração muito bom, não aceitou. Disse que não quer acabar com a carreira acadêmica daqueles imbecis.

HEDGEHOG BOYOnde histórias criam vida. Descubra agora