eu não vou ser preso de novo

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- Quando ela estiver distraída, a gente sobe as escadas de mansinho... - vou dizendo, aqui no cantinho, onde eu e Noah estamos. Eu disse a moça que estamos aqui ainda porque esperamos por amigos nossos nos buscarem, e agora que não tem mais ninguém no lobby, as chances de não sermos pegos é alta. - Eu vi que o quarto dele é treze, então é só entrarmos e procurarmos meu anel. Se ele estiver no quarto, melhor ainda...

- Josh... - Noah carinhosamente envolve minha cintura com seus braços. - Ai, docinho, miô esse anel...

- Não mesmo, eu não posso desistir dele.

- Bebê... - isso do nada?

- Quê?

- Bebê... - Noah repete.

Eu não consigo me segurar, eu acabo sorrindo com isso.

- Você gosta, né? - ele sorri também, agora se inclinando para me beijar.

Eu viro o rosto, pois não quero que fiquemos nos beijando aqui. Porque é estranho, a moça está bem ali.

- Você está me distraindo do meu plano... - comento, baixinho.

- Vamos ali rapidinho no banheiro...

- Eu não deveria ter deixado você beber - dou uma espiada para ver se a moça está para sair do lobby ou não, para que possamos entrar de mansinho como planejei. - Hoje é o dia que você está com fogo.

- Você está assim todo dia.

- Cala a boca.

- Você não aguenta a verdade - Noah cruza os braços e faz um beicinho. Ai, que ódio que eu tenho de amor por esse menino.

- Eu mandei você calar a boca - repito, percebendo agora que ela está pegando algumas coisas com a pretensão de ausentar-se um pouco. Pelo menos é o que parece. - Shh, fica quieto, Noah...

E... Sim! Ela some! Quando vejo suas mechas descoloridas sumirem por dentro de uma porta, eu puxo Urrea pelo pulso e me insiro no interior da pousada, correndo pelas escadas. Ele fica tentando me impedir, puxando-me de volta, sussurrando ordens para que voltemos e fatalmente prevendo um futuro em que iremos ser pegos e jogados na prisão por invasão.

- Ali, o treze! - eu aponto para a porta branca no meio do corredor.

- Josh, é melhor a gente descer... - ele resmunga, olhando ao redor, todo paranóico. - Se já não basta pular do penhasco, agora quer virar criminoso... Eu não vou ser preso de novo, não.

- Eu nunca que deixaria isso acontecer contigo - seguro sua mão e o guio disfarçadamente até a porta em questão. - Eu digo que você não sabe inglês, eu te enganei, te fiz entrar aqui com a desculpa de que a moça nos autorizou e mandou nós dois pegarmos um anel no quarto de um hóspede. Tudo seria explicado por uma razão egoísta, e também porque eu precisava de um capanga para a minha façanha. Aí é só você fazer cara de burro, eu vou preso e você não. Tu me espera pagar a fiança e mês que vem estaremos rindo das nossas desgraças.

- Beauchamp, você está falando sério?

- Viu só? Você já está fazendo o papel do burro...

Aproximo-me da porta e tento abri-la. Ela está meio presa, mas não concluo que ela esteja trancada. Forço um pouco mais, jogando meu peso contra ela, e consigo abri-la. O otário nem trancou a porta, talvez confiando no fato de que ela emperra quando se vai abrir ou fechar. Um otário de verdade.

- Entra - peço.

Por incrível que pareça, Noah não faz cara feia nem se recusa a me desobedecer. Ele entra no quarto e eu, logo após ele. Empurro a porta com as minhas costas e peço que vasculhe pelos lugares. Escuto dizer que talvez ainda esteja com o moço, embora eu deixe claro que sou capaz de ficar esperando ele voltar para me devolver.

thé et fleurs  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora