eu tenho que anunciar isso

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« este capítulo contém cena de apologia e conotação sexual (não cenas gráficas de sexo). então não precisa pular. ademais, esteja avisado (a) »

— Posso fazer uma batida na máquina de lavar? — Noah me espera fechar a porta para perguntar.

— Não — respondo, encarando ele.

Está apenas com roupa íntima, sentado no chão frio, encostado num canto. O barulho da secadora e o som abafado da música lá fora é tudo que escutamos agora. Sento-me ao seu lado. Não estou inspirado para algo mais bonito que não seja dizer que estou cansado e não consegui andar em linha reta, quase caí em cima de Noah.

— Por que não me deixa te beijar? — ele pergunta do nada, quando já estou pronto para iniciar um monólogo.

— Não quero — eu abraço minhas pernas e passo a encarar a parede branca do outro lado da área de serviço.

— Você finge que não quer — é o que responde.

— Tá — quero encerrar o assunto.

— Posso? — ainda que não esteja vendo, sinto sua respiração próxima ao meu pescoço. Eu não respondo. — Hm?

— Preciso responder?

— Você adora quando eu faço isso, então vou entender como um sim — e, sem mais nem menos, começa a beijar meu pescoço.

Tento fugir, mas a máquina de lavar ao meu lado não me deixa ir para lugar nenhum. Estou encurralado. De início, fico relutante em relação aos beijos e o carinho que faz no meu joelho. Mas eu despenco. Me detesto por isso. Detesto ter afastado as pernas para ele ficar entre elas, mais próximo de mim. Mas eu amo quando acaricia minha pele através do rasgo da calça. Ou quando abre um botão da minha camisa e beija devagar. Quer me matar aos poucos, só pode ser. Eu odeio quando Noah bebe e fica mais ousado que o normal, porque sempre tem um lado de mim que quer fugir disso tudo.

Se alguém entrar agora, pode nos ver. O cômodo é um pouco fino, as máquinas de lavagem e secagem ficam de um lado. Alguns cestos de roupas sujas ficam do outro lado, o lado da porta. O lado mais seguro é o lado da porta, pois quem entrar olhará primeiro a máquina. Mas adivinha onde estou agora? Grudado na máquina. Incrível. Não consigo dizer a ele que é melhor pararmos ou sairmos daqui, porque seria estranho se fôssemos pegos aqui e agora. Provavelmente Noah iria rir, do jeito que ele está. Eu não.

Ele afasta um pouco o rosto do meu pescoço, agora roçando as unhas por cima do jeans preto nas minhas coxas. Olha-me atentamente, como quem querendo me ler ou apenas curioso. Pergunto o que foi, porém responde um "nada" meio risonho. Não estou entendendo nada, mas também não é como se eu estivesse entendendo algo antes. Agora ele se inclina outra vez, me beija na boca, descendo as mãos pelas minhas coxas até alcançar o quadril. Eu sei que estamos só num momento casual e é por isso que sinto-me um pouco incitado. O calor de Noah e a proximidade dele está me tirando dos trilhos.

Eu noto de cara quando Noah tem segundas intenções. Ele não para de beijar meu pescoço, ainda que seja totalmente carinhoso e lento. É que as mãos saem do quadril, voltam para as coxas, porém na parte interna. Encosto a cabeça na máquina de lavar, porque não consigo pensar em mais nada. Sinto que minhas coxas são a rodovia favorita dele, aquela que liga todos os melhores lugares da cidade e ele arranja qualquer motivo para passar por lá.

— Ok, acabou o playground — lhe empurro pelo peito para afastar-se de mim e em seguida fecho o botão da camisa que ele abriu.

O ódio que tenho quando ele chega lentinho assim me tocando, me beijando, indo aos poucos... Ele sabe que eu acabo indo, parece até que leu meu manual de instrução. Se estivéssemos no hotel, certamente eu não iria terminar com nada disso. Mas não estamos. Estamos esperando a roupa dele secar, porque fez o favor de beber mil litros de álcool e cair na piscina.

thé et fleurs  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora