eu fiz uma coisa horrível

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Olá. Hoje iremos falar sobre como (quase) acabei com a organização do casamento de Krystian Wang. Sente-se, beba um copo — d'água, só para deixar claro, e apenas um — e respire bem fundo. Bem fundo mesmo.

Já fez? Que bom. Vamos lá.

No dia seguinte ao momento narrado por mim, a noite em que eu e Noah dormimos juntos conversando e trocando carinho, eu decidi que faria algo para me vingar de Bailey. Isso ficou em mim o dia inteiro. Fui ao aeroporto, encontrei-me com parte da minha equipe, levei-os ao hotel próximo a casa que estávamos e ficamos a organizar nossas atividades e pendências antes da preparação do buffet e o bolo. Demasiadamente corrido. Mas foi no horário do almoço, quando eu tive uma ideia genial, e fui a procurar Noah para contar-lhe. Encontrei seu corpo alto no próprio quarto, dizendo ele que estava indeciso sobre uma coisa.

— É que eu quero usar algo diferente na festa — foi o que disse-me. — Vou assistir a cerimônia vestindo o terno, mas quero pôr algum acessório diferente na hora da festa.

— O que sugere? — lhe questionei, uma vez que não iria ignorá-lo só porque eu tinha uma coisa grande e importante para dizer.

— Isso — ele tirou do guarda-roupa um chapéu branco de faixa vermelha. Eu quis chorar quando vi, mas ele colocou na cabeça e virou-se para mim tão animado que senti até pena. Com a mão no chapéu, cabeça levemente inclinada para baixo e um sorriso filho da puta de maravilhoso, ele disse: — Vou chegar lá e lançar um: festa em Ipanema, meu amor!

Ok, compreendo que este fato não tem peso algum sobre a cagada (uma palavra muito importante, guarde-a bem) que fiz. Na verdade, foi feito em conjunto. Na verdade, a ideia veio de mim. Na verdade, quem executou não fui eu. Na verdade, a maior parte da execução foi feita por mim. A culpa é toda minha, mas não toda assim. Mas toda. É complicado.

— Tá uma desgraça. Tira — eu resumi logo o babado, porque convenhamos né, estava ridículo. Eu, se bebesse três copinhos de uísque barato, iria cair no chão de tanto rir ao olhar para ele.

— Poxa, eu pensei que a gente ia dançar que nem no filme... — ele tirou o chapéu da cabeça, fazendo um beicinho fofo com os lábios numa cor tão forte que deixava claro que bebeu o suco de frutas vermelhas que eu tinha feito no café.

— Eu vim falar com você sobre uma coisa — fechei a porta para ninguém escutar. — Posso te usar para um trabalho sujo?

— Que tipo de trabalho? — Noah abraçou o chapéu junto ao peito. — Preciso matar ninguém não, né?

— Se eu tivesse que matar alguém, eu mesmo matava.

— Credo, isso foi dark.

— Foi responsável. Se você quer fazer algo, vai lá e faz você. Suja suas mãos, ué.

— Estamos indo para uma conversa estranha...

— Mas eu tenho razão.

— Tu já matou alguém, foi?

— Tu quer ser o primeiro?

Noah riu.

— Se você acha responsável fazer o trabalho sujo, por que está me mandando fazer um?

— Porque se eu for, não vou ter êxito. Eu não vou conseguir fazer.

— Por que não?

— A pessoa não confia em mim.

Noah estreitou os olhos e ficou a olhar-me. Fiquei parecendo uma estátua no quarto até ele concordar que me ajudaria, mas só se eu dormisse com ele outra vez. O Noah é tão bobinho, ele valoriza tanto essas pequenas coisas... Eu acho tão normal e comum, que não fico boiolando. Mas ele sim. E aceitou.

thé et fleurs  ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora