Capítulo 53

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Isabelle

Assim que voltei para o loft após a noite em Tia Stella e Tio George, comecei a arrumar minhas malas, eu não sabia quando ou para onde iria, eles optaram por dirigir o negócio da família enquanto eu estivesse fora.

Batidas ecoaram da porta de carvalho. Quem seria? Eu não estava esperando ninguém, talvez Kyle e Cristal estivessem dispostos a passar mais tempo comigo.

Calcei as pantufas felpudas de cor azul, seus pêlos me lembraram a textura macia do cachorrinho que era nosso. A lembrança me fez questionar a mim mesma se ele sentia minha falta, se sentia falta de acordar entre meus dedos, se sentia falta das minhas carícias lentas e preguiçosas manhã sim, manhã não.

Me dirigi à porta e abri, me deparando com uma Scarlett um pouco diferente de dias atrás. Ela trajava uma saia lápis preta e uma camisa social branca com estampa geométrica, o leve tecido folgadinho envolvia seus pulsos finos e deixava à mostra suas clavículas delicadas.

-- Bom dia. -- me cumprimentou com um leve sorriso.

-- Bom dia, Scarlett, quer entrar? -- fui educada ao perceber que ela carregava sacolas de papel e ofereci com um sorriso fraco também.

-- Claro. -- dei passagem e fechei a porta, ao me virar ela já estava no sofá, retirando seus saltos finos e pretos.

-- E então, o que faz aqui? -- questionei cruzando os braços.

Seus lábios vermelhos formaram uma linha fina e seus olhos amendoados bloquearam em minhas malas.

-- Vai se mudar? -- indagou franzindo o cenho.

-- Perguntei primeiro. -- retruquei.

-- Vim ver se estava bem, trouxe umas rosquinhas e cafés. -- desenrolou tirando a camisa de dentro da saia.

-- Trouxe rosquinhas. -- disse entrando em nossa sala, fechou a porta, sentou em sua cadeira de rodinhas e dirigiu-se até minha mesa -- Esse é o seu capuccino.

-- Sanders? -- saí do transe e porra.

Ele estava em cada pedaço do meu cérebro.

-- Sim? -- todas as minhas ações envolviam ele, talvez fosse impossível esquecê-lo, talvez eu nem mesmo estivesse disposta.

-- Eu não sabia se gostava de expresso ou latte, então comprei um capuccino para cada, é o meu favorito. Aceita comer comigo? -- ponderei, não era bom alimentar o que quer que estivesse se formando na cabeça dela.

-- Scarlett, eu sou uma completa estranha para você. -- comecei confusa -- Não entendo essa sua atitude. O que está tentando fazer? -- perguntei realmente confusa.

-- Estou tentando ajudar. Você não está tendo muito apoio, presumo. -- olhou para as malas -- Então, como eu disse naquela tarde em que descobriu a gravidez, estou aqui, porque ninguém esteve comigo quando mais precisei, e se você está sozinha agora, eu estou ao seu lado. -- seus olhos marejaram, mas ela conseguiu segurar as lágrimas por tempo suficiente até que secassem em seus olhos.

-- Não sou o tipo de pessoa que pode ajudar. -- seu cenho franziu.

-- Por quê? -- contraiu os lábios.

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