Capítulo 45

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Carter

Meu coração retumbava fortemente, desesperado, angustiado, necessitando por calma e acalento.

O bip do monitor que captava meus batimentos cardíacos estava acelerando, irritando os meus ouvidos e destruindo o meu sistema nervoso aos poucos e ao mesmo tempo rapidamente.

Minha respiração irregular preenchia meus pulmões, eu ouvia tudo e nada no mesmo momento, pude sentir aquelas garras familiares e invisíveis agarrando o meu pescoço e me impedindo de respirar corretamente. Era como se cacos de vidro e estilhaços de metal estivessem entrando por minha garganta.

As lágrimas terríveis e teimosas correram desenfreadas por minha face quente, eu precisava ficar calmo, respirar fundo, mas não conseguia. Estava sozinho em meu próprio inferno novamente, e dessa vez, ela não abriria a porta e não viria correndo para me abraçar ou dissipar minha tempestade.

Não conseguia me concentrar em uma coisa só, não conseguia...

A porta foi aberta, fechei os olhos com força para que a pessoa não contemplasse o meu desastre.

-- Ai porra! -- era Kyle, mais uma vez -- O que a Izzy fazia com o Luke? -- questionou mais para si mesmo do que para mim -- Você tem TAG? -- ele caminhou de um lado para o outro com um mão na nuca -- Merda! -- não sabia como, mas assenti -- Porra, eu não sei o que fazer! -- eu sentia a crise indo embora, mas na verdade estava vindo com tudo.

Kyle dirigiu-se à porta e gritou algo que não entendi, minha cabeça falava mais alto que tudo ao meu redor. De repente a enfermeira de ontem entrou no quarto correndo, percebi a seringa em suas mãos, um pequeno recipiente fora tirado do bolso de seu jaleco branco.

A seringa sugou o conteúdo líquido e a enfermeira aplicou em meu soro. A tensão naquele quarto era palpável, inclusive o meu constrangimento.

Aos poucos minha respiração se acalmou, os ofegos estavam indo embora, e meu coração estava reduzindo a agonia que havia se espalhado por meu corpo.

-- O que aconteceu? -- ela perguntou com o cenho franzido.

-- Eu... -- respirei fundo, onde antes eu sentia cacos de vidro, agora estava o oxigênio -- tenho Transtorno de Ansiedade Generalizada. -- revelei encarando os meus dedos.

-- Faz uso de remédios? -- perguntou.

-- Parei há um tempo, uns cinco meses. -- senti os olhares pesarem sobre mim, eu odiava aquela sensação de ser observado.

-- Com licença, vou chamar o médico. Ele vai te receitar um inibidor de recaptação de serotonina e noradrenalina. -- girou sobre os calcanhares e moveu os pés para sair da sala.

-- Há quanto tempo as crises voltaram? -- fechei os olhos.

-- Eu estava bem, até John me ligar e ficar fissurado na Ang -- me interrompi -- Isabelle. -- seu nome era gelado em minha língua.

-- Seu gatilho. -- murmurou -- O que ele lhe fez de tão mal? -- senti o aço quente percorrer minhas veias.

-- Minha mãe nos deixou quando eu tinha nove anos. Ela nunca me deu atenção, carinho ou amor. -- comecei -- Ela era viciada e estava profundamente atolada nas drogas, os dois descontavam os problemas em mim. -- ele ergueu as sombrancelhas -- Não era com palavras.

MY OTHER SIDE ♤CONCLUÍDA♤Onde histórias criam vida. Descubra agora