Carter
Meu coração retumbava fortemente, desesperado, angustiado, necessitando por calma e acalento.
O bip do monitor que captava meus batimentos cardíacos estava acelerando, irritando os meus ouvidos e destruindo o meu sistema nervoso aos poucos e ao mesmo tempo rapidamente.
Minha respiração irregular preenchia meus pulmões, eu ouvia tudo e nada no mesmo momento, pude sentir aquelas garras familiares e invisíveis agarrando o meu pescoço e me impedindo de respirar corretamente. Era como se cacos de vidro e estilhaços de metal estivessem entrando por minha garganta.
As lágrimas terríveis e teimosas correram desenfreadas por minha face quente, eu precisava ficar calmo, respirar fundo, mas não conseguia. Estava sozinho em meu próprio inferno novamente, e dessa vez, ela não abriria a porta e não viria correndo para me abraçar ou dissipar minha tempestade.
Não conseguia me concentrar em uma coisa só, não conseguia...
A porta foi aberta, fechei os olhos com força para que a pessoa não contemplasse o meu desastre.
-- Ai porra! -- era Kyle, mais uma vez -- O que a Izzy fazia com o Luke? -- questionou mais para si mesmo do que para mim -- Você tem TAG? -- ele caminhou de um lado para o outro com um mão na nuca -- Merda! -- não sabia como, mas assenti -- Porra, eu não sei o que fazer! -- eu sentia a crise indo embora, mas na verdade estava vindo com tudo.
Kyle dirigiu-se à porta e gritou algo que não entendi, minha cabeça falava mais alto que tudo ao meu redor. De repente a enfermeira de ontem entrou no quarto correndo, percebi a seringa em suas mãos, um pequeno recipiente fora tirado do bolso de seu jaleco branco.
A seringa sugou o conteúdo líquido e a enfermeira aplicou em meu soro. A tensão naquele quarto era palpável, inclusive o meu constrangimento.
Aos poucos minha respiração se acalmou, os ofegos estavam indo embora, e meu coração estava reduzindo a agonia que havia se espalhado por meu corpo.
-- O que aconteceu? -- ela perguntou com o cenho franzido.
-- Eu... -- respirei fundo, onde antes eu sentia cacos de vidro, agora estava o oxigênio -- tenho Transtorno de Ansiedade Generalizada. -- revelei encarando os meus dedos.
-- Faz uso de remédios? -- perguntou.
-- Parei há um tempo, uns cinco meses. -- senti os olhares pesarem sobre mim, eu odiava aquela sensação de ser observado.
-- Com licença, vou chamar o médico. Ele vai te receitar um inibidor de recaptação de serotonina e noradrenalina. -- girou sobre os calcanhares e moveu os pés para sair da sala.
-- Há quanto tempo as crises voltaram? -- fechei os olhos.
-- Eu estava bem, até John me ligar e ficar fissurado na Ang -- me interrompi -- Isabelle. -- seu nome era gelado em minha língua.
-- Seu gatilho. -- murmurou -- O que ele lhe fez de tão mal? -- senti o aço quente percorrer minhas veias.
-- Minha mãe nos deixou quando eu tinha nove anos. Ela nunca me deu atenção, carinho ou amor. -- comecei -- Ela era viciada e estava profundamente atolada nas drogas, os dois descontavam os problemas em mim. -- ele ergueu as sombrancelhas -- Não era com palavras.
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MY OTHER SIDE ♤CONCLUÍDA♤
RomanceEu entrei naquele lugar com um objetivo. Com certeza me perder naqueles olhos verde-mar não estava em minha lista de afazeres. Eram olhos de um anjo, ele era um anjo, e não podia visitar de forma alguma o meu inferno cheio de demônios. Plágio é crim...