Carter
Três meses se passaram desde que Sra. Harrison convenceu o meu professor ranzinza a ser mais simpático. Não era um dragão de sete cabeças como eu imaginava, só precisei de muita prática.
Cacau estava enorme, tinha uma cara de bravo mas na verdade adorava se lançar na grama do quintal da nossa nova casa e cheirar as flores dos jardins onde passávamos quando eu corria com ele ao alvorecer.
O enorme piano cor ébano ficava em minha ampla sala, as portas francesas foram necessárias para que o instrumento passasse para dentro de casa.
Jeffrey estava radiante ao saber que teria um menino. Ele apostou comigo, e eu nunca entro numa aposta se não for para ganhar. Carly era legal, simpática e agora estava com uma pequena barriga de cinco meses, o bebê só deu sinais que estava chegando com dois meses.
Decidi assistir filmes hoje com o cachorro que eu já não poderia chamar de filhote, a julgar pelo seu tamanho. Me sentei no tapete e bati levemente no chão ao meu lado, ele entendeu o recado e se sentou agitando a cabeça em meu pescoço.
-- Que filme você quer hoje? -- acariciei seu pêlo macio e reluzente -- Terror, ação com aqueles cães farejadores, suspense ou romance? -- sugeri -- Podemos comer uma pizza. Lembra daquele dia que competimos aquele pedaço de pizza? Ela estava tão linda naquele dia. A calça de moletom cinza e o cropped preto, os cachos num coque frouxo caindo em sua nuca... -- sorri -- Ela me ajudou com o lixo naquela noite.
Ele me encarou curioso, seus olhos eram tão lindos, castanhos como os de Isabelle. Ela se escondeu por todo aquele tempo, era aquela dor que estava em seus olhos sempre que eu olhava para eles, aquela mágoa.
-- Ao menos John está morto agora. -- senti as lágrimas inundando meus olhos -- Acho que vou pedir uma pizza. -- brinquei com suas orelhas.
A campainha tocou, fazendo Cacau alertar suas orelhas, então me levantei e me dirigi às portas cobertas por cortinas. Afastei o tecido e me deparei com cabelos castanhos, um rosto levemente enrugado e roupas impecáveis, como eu me lembrava. Exceto pelo cigarro que não estava em sua mão. Abri a porta, estava frio lá fora, ela estava bem agasalhada e não seria necessário deixá-la entrar.
-- Vá embora. -- ela sorriu viperina.
-- É assim que trata sua mãe? -- sua voz suave machucou meus sentidos.
-- Não vou perder meu tempo com você, Mary. -- revirei os olhos -- Pode ir embora. -- indiquei com o queixo para seu carro branco.
-- Então quer dizer que está expulsando sua própria mãe e está mantendo essa coisa pulguenta dentro de casa? -- olhou para o cachorro que sentou atrás de mim.
-- Primeiro, ele não é pulguento. Segundo, sim, estou expulsando você da porta da minha casa, se conseguiu abandonar uma criança de nove anos, consegue ir embora da porta de um cara de vinte e seis com as próprias pernas.
-- Não me trate assim, eu não admito, sou sua mãe! -- pendi a cabeça para trás e fechei a porta com força, trancando em seguida e deslizando o tecido grosso das cortinas sobre o vidro.
-- E então? Frango com catupiry ou você quer ração? -- questionei ao amigo de quatro patas.
Isabelle
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MY OTHER SIDE ♤CONCLUÍDA♤
RomanceEu entrei naquele lugar com um objetivo. Com certeza me perder naqueles olhos verde-mar não estava em minha lista de afazeres. Eram olhos de um anjo, ele era um anjo, e não podia visitar de forma alguma o meu inferno cheio de demônios. Plágio é crim...