Capítulo 64

318 43 31
                                    

Isabelle

Inacreditável. Minha boca secou automaticamente, seus olhos estavam furiosos, tão quentes que poderiam evaporar a chuva ao nosso redor. Aquele maldito sorriso selvagem estava ali em seu rosto molhado, as gotas pingando dos lábios que eu um dia tanto beijei.

Como ele descobriu?

Ele não podia saber de Violet. Congelei, atônita ainda olhando para o seu rosto vitorioso. Como se o universo estivesse contra mim, o choro esganiçado ecoou. A água deixou o meu cabelo completamente encharcado, obriguei meus pés a se moverem e recuei em direção ao carro.

O motor da Harley cantou, tropecei em meus pés, precisava sair dali imediatamente. Minha filha estava chorando dentro do carro, a chuva abafou o barulho, mas não demoraria muito para que ele ouvisse.

-- O que está tentando esconder? Ou eu deveria dizer, quem? -- ralhou atrás de mim.

Puta merda! Eu estava fodida.

-- Por que não me mostra a minha filha? -- meu corpo inteiro protestou com a informação e paralisei novamente -- Precisamos conversar.

Caralho!

-- Estou esperando dizer alguma coisa. Não estou interessado em ficar aqui fora, achei que queria entrar em sua casa. -- podia ver por cima do ombro seus braços musculosos cruzados arrogantemente.

O motor ficou silencioso, o choro de Violet predominou sob a chuva e senti suas mãos em meus ombros. Ele me virou e me pressionou contra o carro, olhando dentro dos meus olhos, ele ouviria ela.

-- Não há como se esconder, não há como esconder Violet de mim. -- disse extremamente sério -- Então vamos entrar na porra daquela casa, você vai me contar tudo e explicar por quê escondeu ela de mim por tanto tempo. -- empurrei seu peito num solavanco mas não foi suficiente, ele agarrou meus pulsos -- Não vou deixar você ir embora de novo. E não vou deixar que me afaste da minha filha. -- aproximou o rosto do meu.

Eu não conseguia dizer nada, estava em pânico, não sabia o que fazer e não podia deixar minha filha chorando dentro daquele carro. Ele se afastou, seu olhar bloqueou no banco traseiro, aquela dor apareceu, um brilho genuíno envolveu os seus olhos.

Ele percebeu.

-- Não se atreva! -- berrei e ele parou.

-- Não está em posição de me ordenar nada! -- retrucou -- Eu quero e vou ver a minha filha. -- sua boca tremeu de ódio.

-- Ela é minha! -- vociferei.

-- Você não fez ela sozinha! Eu me lembro muito bem de ouvir meu nome saindo da sua boca quando estávamos naquela parede! -- ralhou com raiva.

Janelas se abriram, não era o momento de discutir sobre isso, estávamos dando um espetáculo na chuva grossa e gelada. Respirei fundo, cerrei os dedos em punho e avancei em sua direção.

-- Podemos discutir lá dentro. -- revirei os olhos e apontei para a casa, sua expressão confusa me obrigou a explicar -- Não quero uma plateia. -- me odiei por minha voz ter saído trêmula.

Seu rosto se tornou duro e impassível. Minha garganta oscilou, meu orgulho ruiu.

-- Por favor. -- pedi.

MY OTHER SIDE ♤CONCLUÍDA♤Onde histórias criam vida. Descubra agora