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Londres 1871

Deprimente, e fria.
Essa é minha primeira descrição a respeito desta cidade. Mas considerando que estou viajando a vários dias, sem realmente um bom descanso, vamos apenas dizer que eu estava muito chateada.

É engraçado o modo como nossa vida e tudo o que amamos pode acabar de uma hora pra outra, nos deixando sem esperança. Foi assim que me senti quando minha estimada mãe anunciou minha repentina mudança, apenas para me fazer desistir de estudar e fazer o que eu tanto amo, escrever livros e tocar o coração das pessoas com minhas histórias, só pra que me concentrasse em coisas mais importantes ( segundo ela e todas as mães ) como arranjar um marido.

- Srta. Bardeaux? Nós chegamos - avisou o cocheiro, me tirando de meus pensamentos.

Ele para a carruagem em frente a uma casa enorme. E se a casa em Londres é assim, imagino como deve ser a casa deles em Kent, o Marquês e a Marquesa realmente dão vasão ao título. Já na entrada me deparo com um imenso jardim, repleto de todas as variedades de flores e plantas mais bem cuidadas. Um contraste enorme em comparação aos outros edifícios próximos, todos sem vida, apenas grandes blocos opacos de tijolos.

Depois de anunciar minha chegada, o motorista me ajuda com as malas até a entrada da casa.

- Queira entrar Srta. Bardeaux- um senhor já nos seus 50 e poucos anos, creio que o mordomo , diz.

- A Marquêsa e sua filha a esperam na sala de visitas Milady, sou Charles, o mordomo, ao seu dispor- ele fala com uma breve reverência.

Ele me acompanha até a sala,enquanto pede para levarem minhas coisas para o quarto.
Noto como são sofisticados os móveis, tapeçarias e lustres, as paredes com pinturas de toda linhagem dos Bennett até hoje. É tudo impressionante.

Para ser sincera, não me lembro muito deles, minha mãe era amiga de infância da Marquesa e só viemos uma vez quando eu tinha 8 anos, para o casamento dela, na verdade o segundo casamento, assim também como o Marquês. Os dois já tinham até filhas naquela época, de 4 e 6 anos, de seus falecidos cônjuges. Atualmente elas deveriam ter cerca de 17 e 19 anos, um pouco mais novas que eu, com 23.

Escuto passos ecoando pelo mármore, algumas criadas passam por mim de cabeça baixa. Dou um cumprindo a uma delas, que retribuí.

O mordomo para em frente a uma porta dupla, e a abre para mim.

- Lady Jocelyn Bardeaux chegou, minha senhora- anunciou Sr. Carson

-Seja bem vinda querida Jocelyn, venha sente com a gente, a criada acabou de trazer biscoitos quentinhos para o chá!- falou uma mulher assim que entrei. Ela era um pouco mais alta do que eu, tinha os cabelos lisos presos em um coque simples, seu vestido branco com listras finas verde claro, com babados no busto e nas mangas. Com um vestido bem parecido, porém na cor rosa, estava sentada ao lado uma jovem mais alta que ela, com cabelo loiro escuro num penteado igualmente simples.

- Deixe-me apresentar-nos, certamente você não se lembra de nós- disse dando um leve sorriso- Eu sou Eleanor, Marquêsa de Kent, e essa ao meu lado é minha querida filha Bethannie

Ao ouvir seu nome, Bethannie deu-me somente um breve aceno, ao qual retribui.

- É uma honra Marquêsa, trago saudações por minha mãe, e lhe agradeço por me deixar ficar em sua casa- termino com uma leve reverência.

- Minha querida, não se incomode, fico muito feliz de ter a filha de minha estimada amiga, ela me mandou uma carta, disso me para apresentar-lhe os melhores pretendentes nesta temporada, e ela está certa, uma jovem da sua idade já deveria estar casada.

Through the timeOnde histórias criam vida. Descubra agora