Eu estava extremamente nervoso de apresentar Clarissa para minha mãe. Só deus sabe o quão mais nervoso eu estaria se eu não tivesse viajado com os meninos para Santa Isabel. Eu acho que eu estaria uma pilha de nervos. Vou aproveitar esse início de domingo. Convenhamos, Clarissa estava de fogo ontem, mas a minha vontade dela estava no mesmo nível. O sexo foi bom, a conversa de travesseiro também foi maravilhosa. E a noite de sono foi incrível, apesar de Clarissa roncar algumas vezes, devido ao cansaço (que, talvez, eu tenha provocado no banheiro).
Algumas coisas para resolver antes de levar Clarissa para Nova Iguaçu. Esses últimos dias me ajudaram a colocar a cabeça no lugar e a tomar coragem o suficiente para conversar com Clarissa em determinada parte dessa próxima semana. Mas ainda me preocupa por demais dar certa atenção ao fato que abalou minha vida na última semana. Minha mãe e minha avó ficaram sabendo de fato o que aconteceu faltando algumas horas para o (quase que mandatório) refúgio acabasse. Devo admitir que minha mãe ficou extremamente feliz de saber que já é avó, e minha avó ficou feliz de saber que era bisavó. A parte que pesou foi saber que ambas juraram de morte a mãe da criança. Não que ela mereça misericórdia, mas eu conheço a mãe que tenho. Ela é fofa e carinhosa até a página dois, porque quando chega na página seguinte... Eu tenho pena das pobres almas que ousaram incomodar dona Vânia em dia de fúria.
Fernando acorda, sai do quarto de Tati e vai ao meu encontro na mesa de café da manhã.
- Conseguiu tirar o atraso? – pergunta ele para mim
- Quase que não consigo. – respondo – Cara... Tô ficando velho. Eu quase não dei dentro ontem. Eu tinha me esquecido como é transar com uma pessoa mais nova que você. Porra, daqui a cinco anos eu faço 40.
- Nem me fale... – responde Fernando – eu acho que vou ter um troço do coração a qualquer momento. Vem cá, o que botaram na água lá em Campo Grande para essas garotas ficarem nesse fogo todo do nada?
- Não creio que seja do nada. – respondo, rindo – Convenhamos, ficamos fora por quase uma semana.
- Verdade.
As meninas estavam no quarto de Diego, aprontando Clarissa para ir conhecer minha família. Diego estava junto, auxiliando. Eu e Nando ainda estamos na sala do apartamento, rindo de coisas que aconteceram em Santa Isabel do Rio Prêto, relembrando os casos e acasos que nos cercaram durante os dias em que estávamos naquele pedacinho do céu que foi esquecido no meio de Valença. E do porre que resolvemos tomar nos dois últimos dias, sendo um na própria cidade e o outro na cidade vizinha, Conservatória.
- Cara, como que você, com todo esse tamanho, barbudo desse jeito, todo tatuado, parecendo uma versão afro do Thor, é tão fraco para bebida? – pergunto para ele, enquanto me escangalhava de rir.- Eu mal bebo, aí vem você e Dedé, com apoio de Heloísa e Marina, e falam que os dois dias finais eram para ninguém lembrar de porra nenhuma. – responde Nando, chorando de tanto rir – Aí do nada, vem você e Heloísa, enrolam um baseado tão grosso que parecia uma tocha e falam que antes da gente sair todo mundo tinha que dar dois tapas na pantera antes de sairmos para virar a cidade do avesso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De todas as pessoas do mundo
RomanceA história de Clarissa, uma estudante de mestrado de 25 anos, frustrada profissionalmente, romântica (não por opção) e distraída. Que se vê um dia dividida entre a fascinação e revolta por seu professor Carlos, um homem metódico (com orgulho), organ...