Havia finalmente chegado o dia em que eu iria ter meu primeiro encontro com a Clarissa. Mas infelizmente, foi também o dia escolhido para acontecer o conselho dos amigos. Eu e minha boca enorme! Deveria ter ficado quieto e deixar tudo se resolver da maneira mais simples: eu mesmo resolvendo. Mas agora o estrago já está feito e é hora de ouvir alguns conselhos para tentar evitar que o furacão Cátia (de categoria cinco) cause algum tipo de estrago ainda maior na minha vida.
- Você tá um tanto quanto fudido. – solta Heloísa, com a maior naturalidade do universo.
- Porra, Helô! Sério?! – Marina a repreende, para gargalhadas de Dedé e Dio.
- Se é para mostrarmos o quanto de problema ele pode esperar, então é melhor mandar logo a real. – rebate Heloísa. – Melhor do que ficar dourando pílula para uma situação que não tem para onde correr. Você vai ter que enfiar o pé na lama para atravessar para o outro lado.
- Agora, o que me impressiona é o seu pai nessa história toda. – diz Dedé – O que se passa na cabeça dele de dar seu telefone sem te ligar antes?
- Então... Uma historinha engraçada... – começo a dizer, enquanto aliso os pelos da Babu enquanto ela está no meu colo – É que...
- O quê? – pergunta Dio
- O pai dele ligou sim para ele. – responde Fernando - O problema todo é que ele estava tão ocupado em determinado momento da conversa, que ele disse sim a uma pergunta que ele nem prestou um pingo de atenção quando foi feita.
- É isso. – concluo
Todos ficam me olhando, incrédulos, no meio da sala. O momento de silêncio é quebrado pelos sinos da igreja. E por Heloísa.
- TÁ DE SACANAGEM COM A MINHA CARA?!
- Eu sei, desculpa. É que eu ando meio nas nuvens ultimamente. – respondo- Carlos, meu querido, uma coisa é andar nas nuvens. Outra é alguém te oferecer veneno e você aceitar por não prestar atenção ao seu redor.
- JUVENILE! – grita Dedé, enquanto balança a cabeça em sinal negativo e esboça um sorriso
- Boa, perôncio. Qual a próxima? Dizer que é contra a reparação histórica a negros e mulheres? – diz Dio, em meio a risadas
- Cara, as coisas que seu pai fala com você, você tem prestar atenção em dobro. – diz Dedé – Em uma única frase ele pode até mesmo tirar o seu apartamento.
- Quê?! – respondo, agora besta de ouvir aquilo. Minha voz saiu mais aguda do que esperava – o apartamento está no meu nome agora. Nem se ele quisesse...
- Modo de falar, nigga! – fala Dedé, me interrompendo.
- Ah, bom! – respondo, aliviado
É então que o próprio Dedé me dá um conselho que, apesar de parecer absurdo, pode sanar o problema o mais rápido possível.
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De todas as pessoas do mundo
RomanceA história de Clarissa, uma estudante de mestrado de 25 anos, frustrada profissionalmente, romântica (não por opção) e distraída. Que se vê um dia dividida entre a fascinação e revolta por seu professor Carlos, um homem metódico (com orgulho), organ...