MEDICINE | L.S - ABO

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Apenas um dia havia se passado desde que a bomba estourou nas mãos de Louis. O ômega passou a noite com Zayn, que o consolou e fez o possível para que ele se acalmasse. 

Assim que o sol nasceu, o ômega tinha tomado uma decisão que mudaria toda a sua vida... Mas, o que de pior poderia acontecer, certo? 

Louis nunca havia saído de Doncaster, a pequena cidade em que nasceu e foi criado, mas diante das atuais circunstâncias ele não via outra saída. Zayn não gostava da ideia do ômega indo para longe dele, afinal, quem o defenderia? Todos sabem que ômegas não foram feitos para se virarem sem o suporte de um bom alfa ao seu lado.

─ Zayn, eu não posso ficar aqui, eu... Simplesmente não posso! - o ômega tentava por em palavras tudo o que o apavorava no momento.

A possibilidade de andar pela cidade e sentir os olhos das pessoas em cima dele, sabendo que ele havia sido trocado pelo próprio amigo... Que ele havia sido renegado pelo alfa com quem ele fazia questão de andar de mãos dadas pelas ruas, só para provar que tinha um dono.

Quantas dessas pessoas já sabiam que ele era um ômega insuficiente? Incapaz de satisfazer o próprio alfa? Seu lobo interior, mais frágil do que nunca, tremia e choramingava só de imaginar viver essa situação.

─ Lou, não seja teimoso... Eu não posso te acompanhar até Londres, quem vai cuidar de você lá? - o alfa repetia a mesma pergunta desde que o ômega havia dito que partiria.

─ Não seja bobo, eu sei me cuidar sozinho. - Louis também repetia a mesma resposta, mas, ao que parecia, Zayn não era capaz de acreditar nessas palavras.

E, se fosse sincero, Louis também não acreditava inteiramente. O que ele sabia era que iria dar o máximo de si para que nunca mais precisasse pisar em Doncaster. Nunca mais ver o rosto de Luke ou o de Calvin. Nunca mais se sentir tão rejeitado e humilhado. 

Nada do que viesse pela frente seria capaz de abalar o ômega. Não depois do que ele tinha enfrentado até tomar essa decisão.

─ Confia em mim, vai dar tudo certo... Eu falei com uma amiga ômega da minha irmã, que mora lá, e ela vai deixar que eu fique dormindo em seu sofá até que eu encontre um trabalho e um lugar pra ficar. Ela vai me ajudar, eu não vou estar sozinho lá. - Louis tentava acalmar o alfa que expelia feromônios de alarme, fazendo com que seu lobo interior começasse a se sentir recuado.

Zayn sempre foi super protetor com Louis, desde que eram apenas dois lobinhos se descobrindo, mesmo antes de ter instintos de alfa. Para o ômega era difícil deixar para trás a única pessoa com quem ele sabia que poderia contar a qualquer hora ou momento, mas mais difícil ainda seria permanecer ali.

─ Qual o nome dessa amiga ômega? - o alfa perguntou, e era visível que ele estava dando o máximo de si para se controlar.

─ Taylor!

─ E ela é confiável? 

─ Sim, ela é. Se formou em medicina há pouco tempo e é uma boa pessoa, sempre foi. Confia em mim, Zayn, eu não procuraria uma pessoa em quem não posso confiar agora.

─ Eu sei... Só é difícil demais pra mim... Você sabe, te deixar ir... - o alfa agora parecia menos consternado e mais triste, o que fez o coração de Louis doer ainda mais.

─ Você pode me abraçar? - o ômega pediu ao seu melhor amigo, que atendeu de imediato.

Dentro dos braços de Zayn ele se sentiu protegido mais uma vez, talvez a última em um longo tempo. Mas o ômega não teria medo de seguir em frente, apesar de tudo. Algo dentro dele o fazia acreditar em um futuro melhor.

─ Certo, sua barriga tá roncando... Eu vou te largar agora e preparar algo pra você comer, e então você vai ficar aqui quentinho enquanto eu vou até o apartamento de Luke para buscar suas coisas. - o alfa falou, conduzindo-o até a cozinha.

Apenas a menção do nome de Luke fazia as mão de Louis suarem e suas pernas falharem. O enjoo que já se fazia presente pelo segundo dia seguido piorava e o ômega sentia seu lobo interior se encolher. 

─ Eu não quero que você vá até lá. - Louis disse, depois de um tempo procurando própria voz.

─ E eu não quero que você vá sem roupas para Londres. - o alfa brincou, tentando desfazer o clima pesado que o nome de Luke trouxe.

─ Mas, eu posso levar suas roupas... Por favor... E se o Luke estiver lá? - o ômega encarava as próprias mãos, brincando com os dedos que estavam tão gelados que chegava a ser incômodo.

─ Você pode levar alguma roupa minha, se quiser, é claro. Mas você também vai levar as suas, e não tem nada e nem ninguém capaz de me fazer mudar de ideia com relação a isso. E se esse projeto de alfa estiver lá, eu vou entrar e pegar suas coisas da mesma forma. - Zayn disse calmamente, mas sua voz de alfa estava lá... E o ômega sentiu um arrepio percorrer por toda sua coluna.

⿻

Quando Zayn voltou, seu cheiro estava mais forte do que o normal. Louis estava encolhido no sofá, ansioso... Quando deu uma fungada, sentiu o cheiro de Luke impregnar suas narinas, fazendo seu estômago revirar.

O ômega levantou de onde estava e correu em direção ao banheiro, para vomitar pelo que deveria ser a quinquagésima vez, de acordo com suas contas. Zayn saltou em sua direção, para dar ao pequeno ômega o suporte que ele merecia, mas cada vez que o alfa se aproximava os enjoos pioravam.

─ Não, por- por favor... Não chega perto de mim! - Louis conseguiu falar, em meio ânsia.

O alfa arregalou os olhos e deu um passo pra trás, sem entender nada. E Louis percebeu o desespero de seu melhor amigo.

─ Você cheira como ele. - o ômega explicou, agora com lágrimas correndo livremente por seu rosto. Ele se sentia patético.

O alfa fungou e entendeu o que Louis havia dito, então imediatamente começou a tirar a roupa que usava. Louis não sabia o que ele havia feito com Luke, para que cheiro do outro alfa estivesse tão forte, e tinha medo de perguntar... Mas, as mãos machucadas de Zayn eram uma resposta silenciosa a pergunta que não havia sido feita.

Vestido apenas em sua cueca, o alfa correu até seu quarto e vestiu a primeira roupa que viu em sua frente para poder voltar ao banheiro, pegar Louis nos braços e o abraçar apertado. O vômito cessou, mas as lágrimas persistiram. 

─ Me desculpa... E obrigado. - o ômega apertava o rosto forte no peitoral do alfa, sentindo necessidade de limpar suas narinas do cheiro de Luke.

─ Ei, não precisa me agradecer... Eu tô aqui por você... Sempre estive e sempre vou estar.

O ômega choramingou alto, como ele conseguiria enfrentar o futuro sem a certeza de voltar para casa e poder se afogar no cheiro e nos braços de seu melhor amigo? 

Ele não sabia, mais iria dar um jeito de descobrir.