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─ Eu não acho que seja necessário... - Harry se esforçou para falar da forma mais mansa possível.

O alfa e os ômegas estavam deitados na sala. Styles em uma poltrona, sozinho, enquanto Taylor e Louis estavam deitados juntos no sofá maior. As mãos da loira trabalhando arduamente em um cafuné nos fios castanhos de Tomlinson, apenas porquê ela podia.

─ Como não? Eu tenho um filhote dentro da minha barriga. Ele vai precisar de roupas e um berço, e até que ele saia eu vou precisar de consultas... E comida! - Louis disse, os olhos quase fechando por conta do carinho que recebia de sua amiga, mas com o tom de voz sério.

─ Você não vai gastar nem um centavo com consultas e, quando o filhote nascer, eu já vou ter providenciado absolutamente tudo o que ele vai precisar... - Harry estava contrariado com a ideia de Louis querer trabalhar. 

Taylor riu baixinho depois que o alfa respondeu Louis, e ele não entendeu a graça.

─ Harry, eu sei que você vai cuidar de mim... E do filhote... E se você não quer que eu seja seu secretário no consultório, tudo bem! Mas eu vou procurar emprego em outro lugar... Não pense que eu vou sentar aqui nesse sofá e engordar durante a gravidez inteira sem me mover, não vai acontecer. - o ômega tentou ser gentil ao responder, mas sua voz era firme e o alfa teve certeza de que nada do que ele falasse faria Louis mudar de ideia.

─ Não é nada disso, é lógico que eu quero que você trabalhe no consultório... Eu só não acho necessário, preferiria que você ficasse em casa e só se preocupasse em cuidar do filhote e de você. - Harry tentou explicar.

─ Pode tirar o cavalinho da chuva. - Louis disse calmamente, e então Taylor riu novamente.

─ Qual a graça? - Harry se viu na obrigação de perguntar.

A loira apenas deu de ombros.

Os três continuaram conversando por mais um bom tempo, mas sobre outro assunto para não estressar o ômega, até que se deram conta de que a noite já havia caído.

─ Eu preciso ir embora agora. - o alfa disse, levantando da poltrona.

Louis olhou pra ele com os olhos azuis brilhantes, e era basicamente impossível de acreditar que eles se conheciam apenas há dois dias.

─ Eu te levo até a porta. - a ômega loira disse, levantando-se junto.

Louis permaneceu sentado, ainda com o olhar preso na direção de Harry.

─ Te vejo amanhã? - o alfa perguntou.

─ Sim! - Louis disse em resposta, a voz com um tom indecifrável.

─ Ok... Durma bem, ômega. - Styles disse, de longe, mesmo que sua vontade fosse caminhar até o alfa e lamber sua bochecha.

─ Você também, alfa... - um pequeno sorriso dançou nos lábios rosados do ômega ao responder.

E então Harry andou até a porta sozinho, onde sua melhor amiga o esperava.

─ Quer saber do que eu tava rindo? - a loira perguntou baixinho.

─ Vai contar? - o alfa perguntou.

─ Claro... Eu estava apenas achando engraçado o fato de você ter conhecido Louis há dois dias e ele já ter conseguido domar o seu lobo. - a ômega sorriu baixinho mais uma vez enquanto sanava a curiosidade do alfa.

─ Cala a boca, idiota. - Harry revirou os olhos e passou pela porta aberta.

─ E é mentira, por acaso? - ela perguntou.

─ Você tá doida, isso sim... Eu quero cuidar dele da mesma forma que cuido de você, e meu lobo não foi domado... Pelo amor de deus! - o alfa respondeu, indo em direção ao seu carro...

Taylor sorriu novamente ao fechar a porta, porquê ela sabia!

E o alfa podia negar o quanto quisesse, mas uma hora ou outra ele ia ter que aceitar o fato citado por sua melhor amiga.


No dia seguinte, Louis acordou antes mesmo de seu despertador tocar. Ele estava empolgado com seu primeiro dia de trabalho.

Em uma semana sua vida havia virado de cabeça para baixo, e ele sentia que esse era o primeiro passo que precisava tomar para conseguir começar a ajeitar a sua própria bagunça.

Quando ele saiu de Doncaster, sua meta principal era arrumar um emprego... Apesar de suas prioridades terem sido invertidas ao descobrir que está gravido. Sua meta agora é ser o melhor pai que seu filhote pode ter. Melhor e único.

O fato de Louis ter um bebê de Luke em sua barriga não o assusta mais agora que o pânico se dissipou de seu corpo, o alfa jamais saberá, nunca se fará presente na vida de seu filhote e o ômega será o suficiente para que o pequenino - ou a pequenina - seja a criança mais feliz do mundo.

A promessa que Styles fez de estar ao seu lado para ajudá-lo também o acalmava, mas Louis não sabia ainda até onde poderia contar com o alfa com relação a isso. Tudo era muito novo, o ômega estava se afogando em diversos sentimentos, os hormônios tomando-o por completo. Ele não duvidava do alfa, é só que... Depois de tudo o que aconteceu, o mínimo que ele pode fazer é manter um pé atrás.

A confusão interna de Louis aumentava ainda mais quando ele pensava em contar para Zayn as últimas novidades... Não é como se fosse ser fácil ligar para seu melhor amigo alfa e falar "Ei, adivinhe só... Estou esperando um filhote, e um alfa que eu mal conheço decidiu que não consegue ficar longe de mim e vai cuidar de mim e do meu bebê!".

Ele tem certeza que Zayn iria querer matar Luke por tê-lo engravidado e depois o abandonado, mesmo que o alfa nem saiba que Louis espera um filhote seu, e então chegaria em Londres em um piscar de olhos para perguntar à Styles quem ele pensa que é para achar que tem algum direito sobre o ômega e seu filhote.

E, veja bem, Louis ama seu melhor amigo - isso não está sendo questionado nem por um instante... Mas ele não quer que Luke saiba da existência de seu filhote e, também, não quer que Zayn arrume confusão com Harry apenas porquê o alfa é um doce

Sendo assim, o ômega decide esperar mais um tempo antes de contar para Malik... Mesmo que seu lobo interior se retorça apenas com a ideia de mentir para o alfa.

A cabeça de Louis girava entre todos esses assuntos, sem parar, o que começava a deixá-lo um tanto quanto estressado. E ele não queria se sentir assim no seu primeiro dia de trabalho, portanto, respirou fundo e levantou da cama, andou até o banheiro e tomou um banho caprichado. E então se arrumou com as roupas que ainda o serviam, fazendo uma nota mental de que precisaria comprar algumas novas - e maiores - quando recebesse seu primeiro salário.

Quando entrou na cozinha para preparar um chá, encontrou Taylor já servindo água quente em duas xícaras... Então o ômega sorriu grande, pensando que quando veio para Londres, ele se sentia perdido e sozinho. Mas, ali naquele cômodo aconchegante, na presença de sua amiga ômega, ele se sentiu quentinho por dentro, porquê ele soube que, pela primeira vez em muito tempo, ele pertencia a um lugar.

MEDICINE | L.S - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora