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─ Como assim você vai acolher um ômega desconhecido na sua casa, Taylor? - a manhã ainda não tinha chegado nem na metade e Harry já estava embasbacado com a cabeça de vento de sua melhor amiga.

─ Ele não é um ômega desconhecido, pelo amor de deus... Você não ouve as coisas que eu te digo? - a ômega revirou os olhos enquanto arrumava o cabelo loiro em frente ao espelho do consultório do alfa.

Harry pensou em responder um "de vez em quando eu ouço", mas preferiu evitar, pois sabia que a ômega começaria com o discurso de que ele não a amava e só iria parar depois que ele a abraçasse apertado durante dez minutos seguidos.

─ Tá, e quem é ele? - foi a resposta que ele decidiu dar.

─ Eu o conheci quando ainda morava em Doncaster, eu e a irmã dele estudávamos na mesma sala... Então algumas vezes eu precisei ir até a casa dele para fazer algum trabalho ou coisa assim. - Taylor respondeu.

─ E vocês são próximos até hoje? Já faz um tempo que você mudou de Doncaster, e eu nunca ouvi falar de nenhum amigo de lá com quem você manteve contato. - o alfa estava achando essa história muito esquisita.

─ Ele não é meu amigo... Mas me mandou uma mensagem falando que estava vindo pra cá e precisava de um lugar pra ficar até conseguir se estabilizar. E como eu sei que ele é um ótimo ômega, decidi ajudar. - a loira deu de ombros, como se fosse óbvio que essa era a melhor decisão a ser tomada.

O alfa não aprovava tal decisão, diga-se de passagem. 

Harry é um alfa reservado e pragmático. Diferente de Taylor que é totalmente aberta e não vê maldade em ninguém, o que torna a matemática muito básica: o alfa precisa se preocupar pelos dois. 

─ Eu não sei se gosto dessa história, Taylor. 

─ Harry, quando você vir o Louis, vai relaxar no mesmo instante... Eu juro. - a ômega afirmou e deu um passo na direção do alfa.

─ Sei... - os ombros do alfa estavam retesados, e suas mãos fechadas em punhos.

Harry se esforçava o tempo inteiro para manter sua voz de alfa guardada dentro de si, por questão de educação e, claro, não achar correto usar seu tom imponente para coagir algum ômega. Mas em momentos em que sua melhor amiga o deixava tão tenso, era praticamente impossível, por isso, por muitas vezes ele apenas não fala nada e ela já sabia.

Bom, talvez a expressão fechada, o maxilar travado, o cenho franzido e a postura absolutamente ereta tornem muito fácil de identificar, claro. E, também, eles se conhecem desde que a loira mudou-se para Londres. Um dia, os dois se esbarraram em um dos corredores da faculdade, e então tudo aconteceu instantaneamente. 

Veja bem, Harry vem de uma família em que sua mãe e irmã são ômegas, então desde que se entende por gente ele apenas sabe que precisa ser protetor. Taylor é como uma irmã mais nova para o alfa e, apesar dela ser teimosa, ele sempre vai fazer de tudo para protegê-la. 

─ Quando ele chega? - o alfa perguntou.

─ Hoje! Eu tô tão animada, ele vai ser uma boa companhia. - a ômega respondeu, juntando as duas mãos em frente ao peito e dando um pulinho de felicidade. E, simples assim, o alfa sorriu.

Poucas pessoas eram capazes de desmontar Harry, e Taylor era uma delas.

 ─ Hoje, quando o expediente acabar, eu vou pra casa com você e então vamos ver se ele vai ser tão boa companhia mesmo. - ele disse, com a voz séria, mas a ômega sorriu.

─ Você vai adorar ele! - ela disse, empolgada. 

Então Harry balançou a cabeça em negativa e sorriu. Ela vivia no mundo da lua.

MEDICINE | L.S - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora