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Depois do jantar, que havia sido extremamente agradável, Harry e Louis despediram-se, de forma respeitosa e comedida, ainda no restaurante. Uma vez que Taylor estava de carro - e dessa vez não arrumou nenhuma desculpa - portanto, levaria o ômega para a casa que ambos compartilhavam.

Cada vez que precisava dizer adeus a Styles, Louis sentia algo estranho borbulhar dentro de si... Quem diria que estar grávido o deixaria carente? Porquê, convenhamos, essa era a única explicação plausível para que ele se sentisse de tal forma por um alfa que conhecia há uma semana. 

Apesar do alfa em questão ser todo bonitão, carinhoso, engraçado e prestativo... Louis continuava culpando seus hormônios por essas sensações estranhas e turbulentas que acumulavam-se dentro de si. 

Se noite passada o ômega havia sofrido para pegar no sono, na que sucedeu seu primeiro dia de trabalho ele havia dormido deliciosamente... Compensando a anterior, exatamente como havia dito ao alfa que, como sempre, estava preocupado consigo. 

Louis parou para pensar e deu risadas ao chegar a conclusão de que Harry ganharia alguns fios brancos por se estressar tanto com o seu bem estar. Isso porquê o filhote ainda estava no forninho, imagina quando nascesse? O alfa enlouqueceria.

Enquanto se arrumava para ir trabalhar, ouvindo a bagunça categórica que Taylor fazia na cozinha sem conseguir distinguir o que a ômega estava aprontando, Tomlinson sentiu sua barriga gelar ao pensar que em pouquíssimo tempo teria sua primeira consulta pré-natal. Veja bem, ele era um papai de primeira viagem, portanto só saberia que não era nada demais quando saísse do consultório da médica que Harry havia escolhido.

Quando se olhou no espelho e sentiu-se satisfeito com seu visual, se deu conta de que o relógio marcava sete e meia da manhã... Ou seja, ele tinha meia hora para chegar no trabalho sem atraso, então desceu as escadas, encontrou Taylor na cozinha servindo algumas panquecas com calda de frutas vermelhas e duas xícaras de chá e sentiu sua barriga roncar no mesmo instante.

─ Resolveu se aventurar na cozinha? - o ômega sorriu para sua amiga, já sentando-se em seu lugar na mesa.

─ Digamos que fui obrigada a fazer isso, um alfa rabugento me disse que se eu deixasse você sair de casa sem uma refeição completa, eu estaria em apuros. - Taylor revirou os olhos, sentando-se ao lado de Louis para tomarem o café da manhã juntos. 

─ Harry fez isso? - o ômega sentiu suas bochechas esquentarem enquanto coravam.

─ Claro que fez... E você ainda teve a coragem de olhar na minha cara e falar que ele não gostava de você. - sua amiga fez questão de relembrar as palavras que ele havia dito no dia em que encontraria o alfa pela segunda vez... 

Dia que mudou sua vida. Dia em que descobriu que estava grávido.

─ Quer dizer... Ele havia rosnado pra mim! - Louis defendeu seu ponto.

─ Nessa altura do campeonato nós já sabemos que ele rosnou porquê sentiu o cheiro de outro alfa impregnado na sua roupa... Argh, ele é tão possessivo. - Taylor balançou a cabeça em negativa, apesar de achar graça da situação agora que ela já fora esclarecida. 

Louis, que estava com a boca cheia, apenas deu de ombros... Por que, o que ele poderia falar? 

Os ômegas aproveitaram a belíssima refeição preparada pela loira e em seguida escovaram os dentes e seguiram para o consultório. Ao chegar lá, Louis sentiu as mãos suarem levemente... Era sempre assim quando ele estava perto de encontrar com o alfa.

Quando passaram pela porta, o forte cheiro de chocolate mentolado misturado com o frescor de mata molhada se fez presente, e Louis sentiu-se tontear por uma fração de segundo. Seu olfato estava muito sensível devido a gravidez e, ali dentro, cheirava a Harry por todo o lugar. Não era ruim, mas fazia o ômega se arrepiar da cabeça aos pés... 

Então, Tomlinson se viu fazendo uma oração para que se acostumasse logo com isso, pois seria incabível sentir um poço de lubrificação em sua boxer sempre que estivesse no trabalho. Sem falar que ele corria o risco do alfa perceber, e como ele seria capaz de seguir em frente depois de tamanho constrangimento?

Após viajar em seus pensamentos malucos por tempo desconhecido, esperando não ter sido notado, o ômega olhou em direção a porta da sala de Harry e viu que este o encarava fixamente.

─ Tá tudo bem? - o alfa perguntou, ainda parado junto a sua porta.

─ Aham. - Louis respondeu prontamente, sentindo suas bochechas arderem pelo que deveria ser a décima vez desde que havia acordado.

Styles concordou com a cabeça, ainda com os olhos fixos no ômega, que sentia as pernas bambearem de leve. De onde Tomlinson estava parado, ele conseguia ver que as pupilas do alfa estavam levemente dilatadas, quase que escondendo o verde intenso de seus olhos.

─ E com você? - Louis devolveu a pergunta.

─ Aham. - Styles respondeu exatamente igual ao ômega, e decidiu que não era nada demais cruzar os braços sobre o peitoral enquanto ainda permanecia olhando para Tomlinson.

E, por deus, aquilo deveria ser considerado como atentado violento ao pudor. O ômega sentiu mais um tanto de lubrificação escapando de sua entrada e praguejou mentalmente... Ele pôde ver o alfa cruzar os braços com um pouco mais de força e sentiu seu corpo inteiro arder.

─ Dormiu melhor essa noite? - o alfa perguntou, e Louis agradeceu mentalmente pelo fato dele não comentar sobre o cheiro que ele exalava no momento.

─ Sim, muito bem! E me alimentei feito um leão antes de sair de casa... Algo me diz que você está ansioso sobre isso. - o ômega cerrou os olhos na direção de Harry, que abriu um sorriso enorme.

─ Fico muito feliz, ômega! -  e assim que essas palavras saíram da boca do alfa, Louis procurou desesperadamente por seu ar, que havia se perdido em algum lugar. - Por que você não vem se sentar na sua mesa?

Só então Louis se deu conta de que ainda estava parado no meio do hall de entrada, como um bobalhão, encarando seu chefe. Acontece, que para chegar até sua mesa o ômega teria que, naturalmente, chegar mais perto de Styles... E, veja bem, na situação em que se encontrava, ele fugia do alfa assim como o diabo foge da cruz. 

─ Louis? - Harry chamou o ômega que, mais uma vez, havia se perdido em seus próprios pensamentos.

Sério, se existisse um limite diário de vergonhas a se passar na frente de Harry Styles, Tomlinson já havia excedido o seu... E olha que eles estavam no mesmo ambiente há no máximo vinte minutos. 

Vendo que não conseguiria explicar o motivo de não querer ir até sua mesa sem se constranger ainda mais, Louis deu-se por vencido e apenas caminhou até o local. 

Assim que sentou-se em sua cadeira, olhou na direção do alfa, que permanecia do mesmo jeito... Braços cruzados fortemente, lindo de morrer, apoiado contra o batente da porta de sua sala. O ômega sorriu pequeno na direção de Styles, mesmo que ainda sentisse suas bochechas queimarem.

─ Bom trabalho... Se precisar de qualquer coisa, você sabe onde me encontrar. - Harry disse, revelando sua voz mais grossa que o normal.

E deus é testemunha do quanto Louis realmente desejava que o alfa fosse capaz de ajudá-lo com qualquer coisa que ele viesse a precisar.

O ômega apenas concordou com a cabeça, com medo de abrir a boca e deixar algum dos pensamentos que estavam em sua mente naquele instante. Styles, por sua vez, olhou-o mais uma vez antes de dar as costas e entrar em sua sala, fechando a porta atrás de si, separando os ambientes entre ele e Louis.

Então Louis começou seu dia de trabalho, mas não antes de fazer uma nota mental de como a bunda do alfa parecia gostosa na calça social que ele usava hoje.

MEDICINE | L.S - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora