A Corte de Sombras e Verdades- Azriel

Pedaços

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Todos na mesa estavam em choque, mas Ellora parecia a mais perturbada pelas próprias palavras. Herdeira de Vallahan. O reino que fazia fronteira ao norte, que era tão isolado que muitos não o consideram parte de Prythian. A história da união entre os reis de Vallahan era conhecida, o príncipe herdeiro e o rebelde que firmaram parceria e juntos os dois lutaram contra a opressão do antigo rei, e quando tomaram o trono o povo aplaudiu mas se preocupou com o futuro do reino, pois eles não poderiam gerar herdeiros. O fim da história citava um menino que eles encontraram e adotaram e o menino era tão espacial que o povo o aceitou como príncipe herdeiro. Toda história é formada por meias verdades.

"Você foi feita pelo caldeirão." As palavras de Nestha pareceram tirar Ellora de seu estupor.

"Sim...Bom não como vocês, eu fui gerada pelo caldeirão, ele era como um útero." Eu poderia jurar que vergonha desceu pelo laço. "Vocês me perguntaram de onde vem os meus poderes, ou por que sou diferente dos outros grã-feéricos, e eu não posso responder essas perguntas, por que eu não sei...Talvez seja um presente do Caldeirão como você e sua irmã receberam." Nestha torceu um pouco o nariz mas não se pronunciou. "Ou talvez tenha sido a terra de Vallahan, meus pais não possuem poderes como os meus."

"Você se quer herdou algo do sangue deles?" Cassian perguntou, e Ellora que estava me olhando com receio desviou o olhar.

"Herdei algumas coisas da aparência, e também um pouco do poder de cura da linhagem da coroa, e é claro, também herdei uma personalidade incrível." Suas palavras quase não tinham humor, mas eu percebi que ela estava tentando aliviar o clima pesado.

"E o que aconteceu? Por que você não está em Vallahan?"

"Por que eu fui capturada, a alguns anos atrás, uns...vinte talvez trinta não sei exatamente." Me segurei para não pegar sua mão que mexia inquieta no guardanapo. "Vallahan é a terra de todos, humanos, feéricos e outros seres mágicos vivem nos mesmos padrões lá, mas...um grupo rebelde se formou, eles queriam a expansão das terras, queriam se impor a prythian iniciar uma guerra e tomar tudo, se aproveitar que Amarantha estava tomando estas terras. A coroa recusou, é claro, eles não ameaçariam a paz e a vida do povo por pedaços de terra que não eram necessários, então os rebeldes se voltaram contra eles, e decidiram que estava na hora da coroa repousar na cabeça de uma nova linhagem e declararam guerra."

Por muito tempo me perguntei por que Vallahan havia ficado tão quieta durante o reinado de Amarantha, durante a guerra contra Hybern, e agora saber que eles estavam passando por sua própria guerra interna, explicava muitas coisas, mas não tudo.

"Eles se aliaram a Hybern, pediram seus exércitos e prometeram levá-los até a localização exata onde o Caldeirão tinha sido guardado, o ataque foi repentino, os rebeldes quebraram as proteções e então os exércitos invadiram a capital. A batalha durou por dias mesmo após a...a morte dos reis, eles tinham infiltrados em todos os lugares e impediram os reforços. Eu caí na batalha e então fui capturada, eles não me mataram, por algum motivo fui mantida viva e em cativeiro nas terras de Hybern, não me queriam nas terras de Vallahan,  e permaneci assim até a guerra, até vocês derrotarem Hybern de forma que o novo rei não esperava, e eu fugi.

Eu pude senti que ela deixou muitas coisas de fora, as lembranças das asas negras decepadas e jogadas no chão diziam que muita coisa tinha sido feita a ela, coisas que deixaram cicatrizes, diferentes daquelas que estavam nas minhas mãos, cicatrizes como as de Rhysand, como Nestha, Elain e Feyre, lembranças que jamais sumiriam de sua mente, cicatrizes que atormentariam seus sonhos.

"Me transformei em mortal e fugi para as terras mortais, onde encontrei Lucien e os outros."

Me lembrei das cartas que haviam chegado, aquelas que possuíam quatro símbolos, os avisos de Lucien de que viria até a Corte. Pelo menos duas dezenas de cartas iguais, como se ele quisesse ter certeza que alguma chegaria até nós.