Vallahan

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●°●°●°●°●°●°●°ELLORA●°●°●°●°●°●°●°●

Estávamos voando a um dia, Rhys nos atravessou o mais perto possível, seria arriscado demais ir direto para Vallahan, então decidimos seguir parte do caminho voando e parte por terra.
Azriel estava tão silencioso, eu podia ver em seus olhos o peso do medo, podia sentir pelo o laço que flui entre nós.

"Vai ficar tudo bem, Az." Ele olhou para mim, mas não parecia convencido, nem mesmo eu sabia se estava convencida. "Vamos conseguir, eu vou voltar para você."

"Eu sei, só por favor não sacrifique tudo." Ele falou, e eu demorei um tempo para entender o que pedia.

"Sabe que não posso prometer isso, é o meu reino, meu povo, sacrificarei o que for preciso por eles, por você."

"Sacrificaria nosso futuro?" Não havia mágoa em sua voz, apenas raiva.

"Vallahan é nosso futuro, e se eu morrer para o proteger então ele será seu futuro, será seu para cuidar e proteger. Não confiaria isto a mais ninguém."

"Ello..." Ele começou a pousar, em direção a uma planície onde poderíamos acampar. "Se eu perder você, não serei capaz..."

"Você não vai me perder, mas sei que seria, mesmo com o luto e a dor você seria capaz, nunca deixou a dor afetar você Az, eu te amo por isso e por vários outros motivos. Por favor se algo acontecer a mim, proteja nosso povo."

Ele apenas assentiu, com determinação queimando em cada gota de seu sangue imortal.

•••••••••••••••••••••Azriel•••••••••••••••••••

Proteja nosso povo.

As palavras o atormentaram durante a noite, e a promessa silenciosa que ele fez.

Proteja nosso povo.

Não meu povo, como ela costumava usar, mas nosso, e apesar de ainda negar no fundo Azriel sabia, pelas as histórias que ouviu, sussurradas não apenas pelas as sombras, ele sabia que amaria aquele lugar e o povo que lá vivia, mesmo que não fosse recíproco, e ele cumpriria sua promessa não apenas por quem a havia pedido.

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Na manhã seguinte as enormes montanhas que cercavam Vallahan se erguiam a frente deles, e a cada passo que davam, escalando com habilidade a montanha, Ellora parecia mais tensa, Azriel notou os passos hesitantes que ela deu para trás e então a viu respirar fundo e seguir dois passos rápidos para frente.

Não trocaram muitos palavras durante o caminho, a conversa mais longa que tiveram foi quando perguntou se ela estava bem, por que parecia prestes a vomitar as tripas, ela respondeu que sim e fechou a boca rapidamente, como se realmente pudesse vomitar se a mantivesse aberta por muito tempo.

Passo após passo após passo o topo foi se aproximando. Não tive tempo de registrar a vista a minha frente, senti o laço estremecer, e então o som dos joelhos de Ellora atingindo o chão, corri até ela mas me limitei a segurar seus cabelos enquanto ela vomitava, e quando ela acabou fiz caricias lentas em suas costas, aquela não era uma batalha na qual eu deveria me envolver, mesmo que cada musculo em meu corpo quisesse e abraça-la e tirar toda a dor.

Aos poucos sua respiração acelerada se tornou suspiros pesados, os tremores de seu choro diminuíram e então cessaram, afastei os fios rebeldes que caiam em seu rosto então ela ergueu a cabeça, olhando primeiro para mim em uma confirmação silenciosa de que estava bem, e então moveu o rosto para a Vallahan.

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Morte. Foi a primeira coisa que passou pela a sua mente, as planícies antes de um verde brilhante, com flores de tantras espécies, parecia morta, mesmo ao longe pôde notar como estava amarelada, infértil como um campo de batalha banhado pelo o sangue dos soldados, e quando uma leve brisa quente chegou ao seu olfato seu estomago embrulhou, as brisas frescas se tornaram quentes e sufocantes, e o cheiro...Pela a Mãe, o aroma de chuva e grama molhada que Vallahan possuía mesmo nos dias quentes agora era pútrido, e metálico.

Vallahan é quem o governa. Seus reis o haviam dito a tantos anos atrás, e até então não havia passado de uma simples metáfora, mas seu reino, seu lar parecia tão sujo e pútrido quanto a pessoa que o governava.

Ela jamais vira seu rosto, sabia que a voz estava modificada por magia todas as vezes em que a ouviu naquela cela, mas não importava para ela quem ou oque estava escondido naquele manto azul marinho, ela tiraria seu povo das garras daquela pessoa e destroçaria até mesmo sua alma, para que nem sequer um sussurro de sua existência permanecesse ali.

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748 Palavras


A Corte de Sombras e Verdades- AzrielOnde histórias criam vida. Descubra agora