Tijolos

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●°●°●°●°●°●°●°ELLORA°●°●°●°●°●°●°●°

A lâmina desceu, e eu gritei, a dor consumiu tudo, as lágrimas rolavam pelo meu rosto assim como o sangue em minhas costas, a sua risada chegou aos meus ouvidos, ela parecia tão cruelmente genuína. Eu podia ouvir um grito abafado, eu ainda estou gritando? Eu não conseguia distinguir, a dor é alucinante, elas cresceriam novamente, fervendo minha pele o osso sairia e a penugem cresceria, mas eu estava quebrada, desidratada, eu estava perdida em minha mente, longe demais do meu corpo para dar a ele o comando para se curar.

   Outro tijolo apareceu, tão firme e resistente quanto os outros, e eu dei outro passo para trás, a dor parecia menor agora, mas eu estava tão longe, e tem tanta água, se agarrando em minhas pernas me puxando para o fundo, me mantendo longe daquela cela, mas me prendendo em outra. Eu me afoguei, e ele pregou as asas na parede a minha frente, e através da água que borrava a minha visão eu vi, vi ele arrancar cada pena, dia após dia, vi ele quebra-la até que não passasse de um retalho. E então ele as arrancou das minhas costas outra vez, e a pregou novamente a parede, uma após a outra. E talvez eu tenha gritado, então tudo escureceu, e eu não existia mais.

"Ellora!" Levantei ofegante, girei na cama prendendo abaixo de mim a figura que havia segurado meus ombros, mantendo a faca com a qual dormia pressionada no que poderia ser sua jugular, a água ainda borrava minha visão. "Ellora, está tudo bem."

Apertei mas a faca, e a figura sibilou.

"Olhe para mim." Algum extinto primitivo em meu corpo me obrigou a responder, e eu olhei para a figura. "Você é Ellora, está na corte noturna, e está segura, eu sou Azriel e você está segura."

Todo o meu corpo estremeceu, e minha respiração foi profunda, meus pulmões implorando por ar, ele retirou a faca da minha mão, ou talvez eu tenha a soltado quando me ajoelhei na cama. Ele pegou meu rosto molhado de lágrimas entre suas mãos, me forçando a olhar para seus olhos âmbar, e eu deslizei para o calor de seu toque, e pouco a pouco me recolhi em seus braços, ele me envolveu, permitiu que eu chorasse e soluçasse sem dizer nenhuma palavra.

"Eu estou perdida, e estou cansada demais para encontrar o caminho." Minha voz não era nada além de um sussurro rouco, enquanto eu ainda chorava em seus braços. "Eu estou tão cansada, Azriel." Ele estremeceu.

"Eu sei...eu sei." Ele me apertou mais em seu abraço, como se tivesse medo que eu sumisse, que um leve sopro acabasse com tudo. E talvez acontecesse. Eu queria que acontecesse.

"Um sopro.' Eu disse.

'Só mais um pouco Ello, aguente só mais um pouco e eu vou encontrar o caminho até você." Encostada em seu peito eu podia ouvir a batida desregulada de seu coração, podia sentir o cheiro de terra molhada, o cheiro de natureza, de liberdade. "Eu prometo."

"Um pouco." Eu repeti, meus olhos fechando, eu me senti sendo carregada pelo sono. "Só mais um pouco."

O sono me chamou, e eu me permite ser guiada.

●●●●●●●●●●●●AZRIEL●●●●●●●●●●●●●

Ela estava encolhida em meus braços, a respiração se tornou leve aos poucos, e seu corpo relaxou contra o meu.
   Lentamente a deitei de volta na cama, mas quando me afastei sua mão apertou meu braço os olhos ainda fechados, repousei a seu lado e adormeci com a visão do fio dourado a minha volta.
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Capítulo curto porém ouso dizer que ele é muito importante para o desenrolar da história.

A Corte de Sombras e Verdades- AzrielOnde histórias criam vida. Descubra agora