Indestrutíveis

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Após três dias de caminhada estou tão cansada que trocaria todo o ouro em meus cofres por uma boa noite de sono, agradeço silenciosamente a Mãe quando Azriel diz, alguns passos a minha frente;

"Ello, chegamos ao vilarejo." Az aparenta estar tão exausto quanto eu, provavelmente por insistir em manter sozinho o escudo que nos rodeia o tempo todo. "Vamos nos trocar, e observaremos eles durante este dia."

Algumas horas depois já montamos acampamento e vestimos roupas mais simples e definitivamente mais adequadas ao clima abafado do ambiente, apesar de ser confortável e perfeito para batalhas e voos, as roupas de couro illyriano foram projetadas pensando no clima congelante e assassino das estepes illyrianas. Azriel parece o mais incomodado com o clima quente, está  irritadiço e usando o plástico de uma embalagem, que emite estalos e chiados insuportáveis, para se abanar compulsivamente .

"Pare com isso." Falei para ele, tentando tomar de suas mãos o papel.

"Você não me avisou que Vallahan é um deserto infernal." Ele desviou facilmente e então usou uma das asas para me empurrar para longe levemente.

"É por que Vallahan não é...não era assim." Não me deixei entristecer por isso, Az nem pareceu me ouvir enquanto praguejava a Mãe e o sol. Abri minha garrafa já pela metade e entornei em sua cabeça. "Pronto se sente mais refrescado agora, morceguinho?"

"Eu. Vou. Matar. Você." Ele falou pronunciando cada palavra lentamente, mas o brilho em seus olhos não demostrava raiva, muito pelo o contrário ele parecia tão radiante quanto a forte luz do sol que queimava acima de nossas cabeças. Gritei quando Azriel avançou me derrubando no chão e já com uma garrafa cheia nas mãos, antes que o liquido se derramasse bem em meu rosto me impulsionei para cima, usando as asas para desequilibra-lo.

"O calor deve ter derretido seu cérebro se realmente achou que conseguiria me vencer." Por um momento ele pareceu frustrado, até que seu rosto se iluminou repentinamente, segundos depois eu estava ensopada. Malditas sombras!

"Você roubou!" Vociferei para ele, mas não consegui tirar o sorriso que fazia minhas bochechas doerem. "E de que adiantou se também se molhou?"

"Eu não fiz nada, foi uma escolha delas. Tem medo de água, gatinha?" Ele falou, nenhum de nós se deu o trabalho de se levantar, e apesar da reclamação estava agradecida pelo banho refrescante.

"Argh não me chame assim. É ridículo." O empurrei de leve enquanto me levantava, mas ele prendeu um braço ao redor da minha cintura, me mantendo sobre ele. 

"Morceguinho também é." Ele disse

"Não quando sou eu que uso, qualquer apelido que sai da minha boca é sexy." Eu respondo com deboche e finalmente me solto do seu aperto. Azriel gargalhou com escarnio e eu fui incapaz de me manter séria e gargalhei com ele. São os pequenos momentos como este que me fazem sentir viva, quando não tem o peso de um reino em minhas costas, quando meu passado não é nada além de uma faísca incapaz de me consumir em chamas, sou apenas a parceira dele e ele é apenas meu parceiro, e somos completos e indestrutíveis. 

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Insisti para ficar com o primeiro turno de vigia, assim poderia acorda-lo um pouco mais tarde do que o horário definido e deixar que descansasse. O pequeno vilarejo tinha se recolhido junto com o sol, como se temessem a noite. Outro motivo para ter escolhido o primeiro turno é que com certeza não conseguiria dormir, amanhã cedo se infiltraria entre seu povo, encararia os olhos cansados daqueles a quem ela devia tanto, estaria entre os seus mas como outra pessoa. Não era assim que se imaginava voltando para casa, queria ser ela mesma e gritar a todos que estava viva e que aquele lugar seria fértil outra vez. 

"No momento certo." Sussurrou para si mesma.

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Me desculpem pela demora.

Recado importante: AGORA EU SOU TITIA!!!!!!!

A Corte de Sombras e Verdades- AzrielOnde histórias criam vida. Descubra agora