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Nenhuma palavra saía da minha boca mas as lágrimas não paravam de escorrer dos meus olhos.

Eu apenas parei de bater a cabeça alheia na pedra, quando a mesma se desfez entre meus dedos, não havendo mais nada alí para segurar.

— Você não precisa de memórias. Você não precisa de laços. Tudo o que você precisa está aqui, senhorita. Olhe para mim. — Após sua ordem, eu me viro para ele. — Eu sou tudo o que necessitas. E me assegurarei de que nada mais irá nos atrapalhar.

Kaito andou até mim e pousou sua mão na minha barriga, fazendo-me estremecer de nojo de seu toque.

— Podemos nos unir sempre que desejarmos. És estéril agora. — Ele sorri para mim.

O que disse...?

— Você não percebeu? Enquanto esteve desacordada, pedi para que te levassem ao laboratório e te tornassem infértil. — Ele diz enquanto sua mão sobe pelo meu tronco, passa pelo meu pescoço e segura meu rosto delicadamente. — Não poderás mais gerar filhos.

Essa escolha... NÃO ERA SUA! — Gritei o final de minha frase com todas as forças em meus pulmões.

Sua expressão se fechou e um olhar maligno tomou conta de sua face.

— Eu controlo tudo e todos, senhorita. Eu sou um deus. Então não provoque a minha fúria. — Ele segura meu queixo com a ponta dos dedos e vira meu rosto na direção do garoto morto. — Mas lembre-se, você foi a única culpada pela morte de Sakura. Ele morreu por culpa da sua petulância.

O homem me solta e começa a se afastar.

Eu vou matar você, Kaito. — Falei enquanto meu corpo tremia de ódio.

Ele gargalha diante minha ameaça, me deixando com mais raiva ainda.

— Você realmente não aprende... Arraste o corpo de Sakura daqui, desmembre-o com suas próprias mãos e dê para os cães comerem. Assista-os devorando Sakura.

Meus ouvidos se ensurdeceram diante o ruído alto que se estabelecia em minha cabeça. Minha visão se embaraçou num tom avermelhado por causa do sangue que começava a jorrar de meus olhos juntamente das lágrimas. Meu nariz também sangrava diante a pressão interna em todo meu corpo devido ao meu ódio e da minha luta mental contra Kaito para poder retomar o controle de meu corpo.

N Ã O. — O grito rouco saiu de minha garganta quando ignorei seu comando e comecei a andar em sua direção.

— O que...? O que você...? PARE! FIQUE ONDE ESTÁ! — Ele grita, com o rosto tomado pelo pânico.

Meu corpo obedeceu a sua ordem por um segundo, mas logo voltei a andar lentamente em sua direção.

Eu vou..matar você!

— O que...? O que é você? — Mesmo com o rosto tomado pelo pavor ele continua a gargalhar. — Não há mais humanidade em ti. Você é um demônio. 

Você... me transformou... nisso. — Falei, emanando uma áurea pesada e assustadora que o paralisou.

— O-olhe só para você. Seus olhos sem humanidade... eles até sangram de ódio. Essa pressão sufocante... Pela primeira vez, estou com medo da morte. — Suas pernas fraquejam de medo e ele cai ajoelhado no chão, rindo de maneira doentia.

Eu paro em sua frente e me ajoelho perto dele, aproximando nossas faces.

— Diga-me, "Kaito-sama". Acha a irá de um deus assustadora? — Questionei lentamente. — Faz ideia de como é a de um demônio? Enfim, já que você acha que sou um, deixe-me ter o prazer de te mostrar.

Polisipo -  [Aizawa] | BNHOnde histórias criam vida. Descubra agora