04 ; show particular

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Ten combinou de encontrar comigo em uma cafeteria próxima ao local que ele e seus colegas de banda ensaiam. Eu me vesti como um adolescente no auge dos anos 80, roupas de couro e um coturno. Confesso que gosto de me vestir assim, me acho sexy.

Cacete, Johnny? — ouvi uma risada breve logo em seguida. — Você tá...
— Eu sei, tô gostoso pra caralho. — completei, jogando meu cabelo para trás e sorrindo pra ele.
— É... se você acha. — Ten sorriu, olhando para a minha calça de couro. — Desde quando você não usa essa calça?
— Faz um tempão. — ajeitei minha camisa por dentro da mesma.
— Pensei, tá meio apertada nas suas coxas.
— Comecei a malhar logo depois de comprar. — ri. Era verdade. Meus amigos me zoaram porque ela tava bem folgada. Queria que ficasse marcada, mas nem tanto.
— Bom, vamos? — ele me olhou, indo em direção à porta do estabelecimento.

Assim, segui ele para fora da cafeteria. Não parecia ser muito longe, já que ele tinha vindo andando e não parecia estar tão cansado pra comprar uma água. Estava ansioso para ouvir ele tocar e cantar mais uma vez, queria apreciar a voz dele. Tirar mais uma foto. Durante a caminhada, ele recebeu uma ligação de Hendery. Ele me mostrou a foto dele e fez questão de contar que estávamos juntos. Ten ainda disse que ele mandou um beijo, mas eu duvido. Se ele não tomou coragem pra me beijar bêbado naquele dia, eu duvido que ele me mandaria um beijo através de Ten.

— Chegamos, mais tarde falo contigo. — ele desligou a chamada, parando na frente de uma casa de portão amarelo. — É aqui.
— É a sua casa? — perguntei, só por curiosidade.
— Sim. Gostou? Eu que escolhi a cor do portão. — ele comentou, com um sorriso gigantesco no rosto.
— Sim, combinou bem. — retruquei.

Ten abriu o portão, me deixando entrar. Seguimos pela casa, até chegarmos em uma porta cheia de adesivos de bandas, com uma placa escrita "não entre" na frente de todos. Eu ri, confesso. Era como ver a porta do meu quarto nos meus 15 anos. Descemos em direção ao porão, cheio de instrumentos e... mais ninguém.

— Que merda... ninguém chegou ainda. — Ten suspirou. — Senta ali. — ele apontou pra uma almofada grande no chão, colorida e aparentemente confortável.
— coloquei meu equipamento cuidadosamente no chão, sentando logo em seguida. Era, com certeza, confortável. — E aí?
— Mandei mensagem pra eles. — suspirou outra vez, deixando o celular por cima de uma mesa. — Quer ouvir uma música que eu compus?
— Claro. — sorri.
— Não sei se ficaria bom accapella, mas... — pegou o microfone e ligou o mesmo.

Ten limpou a garganta e puxou o fôlego. Queria até ter puxado a câmera para tirar alguma foto, mas fiquei hipnotizado demais pra fazer. Ten cantou, e muito bem. Sua voz é doce e calma. Forte quando precisa. Ten tem uma voz única, que eu ficaria dias ouvindo sem cansar. Ele é um cantor incrível, além de ser bonito e simpático.

— Ah, merda. Esqueci o resto. — ele riu baixo, olhando para mim. — E aí?
— Você canta muito bem. — aproximei a câmera do meu rosto, apontando para ele.
— Isso eu sei. — Ten fez uma pose assim que percebeu a câmera apontada e logo eu tirei a foto. — O que achou da letra?

Sinceramente, não tinha prestado atenção na letra.

— Boa... é sobre o que?
— Tempos difíceis. — ele deu de ombros e logo se aproximou do piano que tinha ali. — Quian me disse que você tocava.
— me levantei da almofada com uma certa dificuldade, minhas costas não é das melhores. — Sim... mas faz muito tempo.
— Você ainda sabe ler partitura? — ele perguntou, aumentando o volume do piano e tocando na última tecla do mesmo.
— Acho que sim. — me sentei no banco, assim, Ten sentou do meu lado. Ele abriu o caderno que estava apoiado no piano, deixando em uma página que tinha as notas.
— É da nossa música.

Suspirei. Eu ainda sabia ler partitura. Talvez já estivesse na hora de voltar a tocar. Toquei a primeira nota e suspirei outra vez. Muita coisa veio na minha mente, mas decidi continuar de qualquer jeito. Depois de algumas notas, ouvi Ten cantarolar do meu lado, apenas repetindo o tom, e logo começou a cantar. Me concentrei muito pra não parar de tocar, só pra continuar ouvindo o piano e a voz dele, juntos. Sorri, percebendo que ele tinha lembrado o resto da música conforme eu ia tocando pra ele.

— Você toca diferente. — ele comentou.
— Diferente como? — perguntei, tocando as últimas notas e adicionando um pouco mais.
— Ten sorriu. — Com mais emoção. Você toca desde que tinha quantos anos?

Era uma pergunta que eu não queria responder. Fiquei em silêncio, negando com a cabeça e sorrindo fraco para ele em seguida.

— Ah... desculpa. — ele tocou outra tecla do piano, olhando para a partitura. — Obrigado por tocar, mesmo assim. Ouvir você fez o meu dia melhor. — ele sorriu outra vez, me deixando um beijo no ombro ao se levantar do banco.
— Digo o mesmo. — retruquei baixo, mas tinha certeza que ele tinha ouvido.

Ten recebeu uma ligação depois. Era de um de seus amigos da banda, eles estavam vindo. Ele tinha me avisado que pianista não gostava muito quando alguém mexia nas coisas dele, então logo voltei pra almofada, esperando cada um deles pra tirar as fotos que ele havia me pedido.

wedding band › johnten (nct)Onde histórias criam vida. Descubra agora