10 ; bolo amargo

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[10:22 : Ten]
quê?
como assim, Johnny?

Acordei no dia seguinte com essas mensagens, e mais 4 chamadas perdidas dele. Eu sabia que deveria ter desligado meu celular antes de começar a beber, justamente pra evitar esse tipo de acontecimento. Eu queria meter o migué nele dizendo que mandei a mensagem pra pessoa errada, mas não tenho tanta cara de pau assim. Era o dia de ver Kun, e tinha uma gigantesca possibilidade de Ten ou Hendery estarem lá. Até mesmo aquele Mark. Eu falei que ele podia levar um amigo próximo dele, eu queria conhecer pessoas novas - mesmo que meu nível de conversação seja horrível -, mas Kun é amigo dos próprios alunos. Pelo que presenciei, ele é muito próximo de Chittaphon.

[14:29 : Johnny Suh]
Kun, você vai levar alguém?

[14:32 : Kun]
Não, só a gente tá ótimo
Mas eu quero escolher o lugar

[14:33 : Johnny Suh]
E pra onde a gente vai?

Uma cafeteria. Sem bebidas, sem cheiro de álcool. Sem drinks. Sem. Vinho. Eu não queria beber de novo pra ser sincero, mas sem vinho? Porra.
Depois de uma discussão de casal através de uma ligação, nós dois estávamos sentados um na frente do outro, rindo.

- Ah, eu não te contei, né? - perguntei. Era uma pergunta retórica. - Eu vi Ten e Mark se beijando ontem.
- Quê? - o sorriso dele se foi, na hora.
- É, na sala. Quando eu fui me desculpar.
- Impossível. - ele pegou o celular do bolso, procurando alguma coisa.
- É. Percebi que tô apaixonadasso pelo Chittaphon.
- Johnny?
- Hm?
- Vamos embora. - ele deixou o cardápio na mesa, se levantando.
- Quê? Por quê?
- Ten trabalha aqui. Eu sugeri aqui porque achei que vocês estavam de boa.

Puta que pariu. Sem hipérbole, foi exatamente isso que eu pensei, logo depois de ver Ten entrando pela porta com uma mochila em suas costas. O turno dele estava começando.

- Você não vai sair daqui até me explicar aquilo. - ele murmurou enquanto passava do meu lado e andava em direção à sala dos funcionários.

Respirei fundo, tentando me acalmar. Eu não sabia nem o que fazer, o que falar. Do jeito que Ten é, ele me arrancou uma resposta verdadeira. Até agora não sei porquê eu quis beber até ficar bêbado, eu tenho autocontrole... talvez eu não quisesse me controlar. Kun se sentou de novo, me olhando assustado. Ele me perguntou o que tinha acontecido de verdade, eu mostrei a mensagem pra ele. Não foi muito legal levar um tapa na cabeça na frente de uma cafeteria cheia, mas eu senti que precisava daquilo pra ter um pouco de senso. Nós pedimos dois pedaços de bolo meio amargo, só pra dar uma "levantada". Estava bom, eu ainda me perguntei por míseros segundos se Ten tinha feito ele. Eu só queria ele. Eu queria estar com ele, abraçar ele, beijar ele. Faziam anos que eu não me sentia assim.

- Oi. - ele se aproximou da nossa mesa. - Pedi alguns minutos para o meu chefe.
- Ok, conversem. - Kun até tentou se levantar, mas Ten fez questão que ele ficasse lá.
- Você vai ouvir tudo.

Eu e Kun nos entreolhamos.

- Que porra de mensagem foi aquela, Johnny? - a gente nunca viu ele assim. Ele respirava rápido, sua perna tremia. - Primeiro você mente pra mim, e depois aquilo?
- Quando eu menti pra você? - merda.
- Eu sei que você não foi pra faculdade pela palestra.

Eu cruzei meus braços e suspirei.

- Ok, eu vou sair. Johnny tem que te falar uma coisa. - dessa vez, Kun saiu. Filho da puta.
- Chittaphon...
- Não, Johnny. Me responde, por que você mentiu?
- Olha, me desculpa, ok? Eu- - eu tinha que falar sobre aquilo. - eu... vi você beijando seu amigo pela janela da sala e fiquei sem saber o que fazer. - merda. Minhas mãos começaram a tremer. O sentimento tinha voltado.
- Quê...? Quê? - ok. Por que ele tava confuso? - Johnny, eu não beijei ninguém ontem...
- Quê?
- Você deve ter confundido tudo. Teve uma hora que ele estava limpando minha bochecha, eu tinha sujado ela com tinta de caneta. - ele riu. - Sério, Johnny? Por que você ficou assim?

Se tinha uma hora pra falar, essa hora era agora.

- Eu tô apaixonado por você, Chittaphon. - murmurei, desejando que ele não tivesse ouvido.
- ele ficou quieto. - Johnny...
- Desculpa, Chittaphon. - merda. Eu queria chorar. - Eu vou embora.

Sim, eu saí sem ouvir ele. Eu não queria, na verdade. Porra, porra, porra.

wedding band › johnten (nct)Onde histórias criam vida. Descubra agora