08 ; timing é uma merda

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— Johnny! — Ten gritou o meu nome enquanto andava em minha direção, acenando. — Tá aqui faz muito tempo?
— Sim, mas eu vim tirar foto daqui.

Era um parque de diversões. Decidimos ir a um parque. Comentei com ele que sempre quis ir em uma montanha-russa mas nunca tive coragem e nem chance. Ele praticamente me arrastou pra cá e eu tive que vir, com uma condição. Eu claramente quebrei a condição.

— ele cruzou os braços. — Eu falei pra você não trazer a câmera!! 
— Chittaphon, eu sou a porra de um fotógrafo, você queria mesmo que eu saísse sem ela?
— Sim! Você prometeu!

Sim, eu quebrei uma promessa. Ele não viu, mas eu estava cruzando meus dedos na hora de prometer.

— É inevitável, só aceita.
— ele bufou, pegando a câmera da minha mão e apontando-a pra mim. — Faz uma pose bonita então.
— coloquei minhas mãos nos meus bolsos, subi meus ombros e sorri. Era a única pose que eu sabia fazer. — E aí?
— Seu sorriso é bonito. 

O maldito não tinha um pingo de vergonha na cara.

— Eu sei. — nem eu tinha. Peguei a câmera de volta e guardei ela na minha bolsa, suspirando. — Então?
— Como tá perto do dia dos namorados, eles tem desconto no ingresso. — ele olhou pra mim, pegando em minha mão. Ah, safado. Então era por isso que ele queria saber a cor da minha roupa.
— Chittaphon, é sério isso? — enquanto caminhávamos pra perto da bilheteria, eu só observava em volta os olhares esquisitos que estávamos recebendo.
— Amor, deixa que eu pago. — Ten sabia atuar como ninguém. Ele falou isso na frente da bilheteria, então o cara percebeu que éramos um "casal".

Recebemos o desconto. Ten conseguia ser um filho da puta quando queria e não sabia se isso era bom ou ruim. Suspirei, soltando um riso baixo. Andamos até a fila da montanha-russa e cada vez que a mesma andava, Ten apertava mais a minha mão.

— Ten? — olhei pra ele preocupado. Ele não tinha mencionado se gostava ou não de montanhas-russas.
— Hm? — ele me olhou com o mesmo sorriso de sempre. 
— Você tá bem? — assim, desviei o olhar para nossas mãos juntas. Passei levemente meu polegar por cima da mão dele, fazendo um carinho ali.
— Ah… — Ten colocou a mão em sua testa, suspirando em seguida. — Não sou fã de altura.
— A gente pode ir pra outro brinque-
— Não! — ele me interrompeu. — Eu quero que você se divirta. 

Sorri. 

— Eu não quero que você se sinta desconfortável, amor. — já estávamos nessa, então por que não me jogar de cabeça? — Vamos, onde você quer ir?
— Johnny! — ele me segurou pelo pulso com a sua outra mão. — Eu aguento, eu juro.

Meu sorriso não saiu dos meus lábios por um segundo sequer. Eu adoro o jeito dele.

— Puxei ele pra um breve abraço, deixando um beijinho no topo da cabeça dele. — Tá tudo bem, eu não quero ir. — essa foi a mentira mais descarada que eu já contei. Eu, de verdade, nunca tinha ido em uma, mas eu não queria deixar Chittaphon com medo. Eu queria que ele curtisse, assim como eu. 

Ele só aceitou. Consegui convencer ele com um abraço, agora já sabia como vencer uma chantagem. Enquanto eu me desculpava com todos no caminho da volta da fila, Ten apenas olhava pra baixo, segurando em minha mão. Conversamos muito sobre o que iríamos fazer, o parque era meio novo na cidade e não tinha tanta coisa assim. Ele disse que tinha um fliperama dentro do mesmo, onde todas as máquinas eram liberadas. Ele me convenceu com isso.

— Achei! — Ten apontou pra uma máquina de dança, sorrindo de orelha a orelha. 
— Você dança e eu olho. — me sentei em um banco que tinha do lado, ligando de volta a minha câmera.
— Ei, não tira foto minha assim. — ele comentou enquanto passava de música em música procurando alguma que gostasse. 
— Vou pensar no seu caso. — logo em seguida, tirei uma foto dele sorrindo com a minha resposta.

Depois de passar dois longos minutos escolhendo uma música, Ten finalmente começou a dançar, enquanto cantava junto. Apesar de ser novo, ele sabia fazer muita coisa que normalmente se aprende com um longo período de prática. Por um tempo, guardei a câmera e só observei Ten dançar.

— Ele dança bem, né? — confesso que tomei um susto. Não é todo dia que você tem uma mão repentina no meu ombro e uma voz no seu ouvido.
— Hendery! — Hendery… Sorri, me levantando do banco e abraçando por impulso o garoto na minha frente. 
— Hendery! — Ten não pôde pausar a música, mas ele não se importava. Ele conseguia fazer duas coisas ao mesmo tempo. — Que privilégio receber um abraço fácil assim do Johnny. 

Por um instante, eu tinha esquecido completamente que Hendery tinha uma… eu odeio essa palavra. Ele tinha uma "quedinha" por mim. O jeito que Ten deixava seu próprio amigo sem graça era de outro mundo. 

— Tá fazendo o que aqui? — Ten perguntou só por perguntar. Não parecia que ele fazia questão de uma resposta. 
— Não sei se você lembra daquele meu amigo, o Mark?
— Ah sim, lembro sim. Vocês tão saindo juntos? — logo depois, a música acabou. Chittaphon desceu da máquina e cruzou seus braços. 
— Não, ele só me disse que nunca veio aqui, então quis mostrar pra ele. — Hendery respondeu, um pouco sem graça. 
— Com licença, vocês são o casal da montanha-russa, certo?

Ah, ótimo timing. O cara da bilheteria veio nos dar as pulseiras especiais, que nos permite entrar nos lugares sem pagar. Fazia parte da promoção e nós esquecemos de pegar a pulseira. Enquanto o mesmo nos dava a pulseira, eu, Ten e Hendery não trocamos uma palavra.

— Uhm… desculpa atrapalhar. — ótimo, agora ele acha que somos um casal.
— Hendery, calma- — fiz questão de segurar a mão de Ten e puxá-la para trás. Sinceramente, nada ia melhorar isso. Nada ia melhorar a situação que ele mesmo nos enfiou.

Nós dois vimos Hendery andar pra fora do fliperama um pouco rápido. Porra. 

— Chittaphon… — eu suspirei, tentando manter a calma. Eu não sabia o que estava sentindo na hora, mas eu com certeza sabia que eu queria quebrar alguma coisa. — A gente pode só sair daqui?
— Johnny, por que você não me deixou explicar pra ele?

Era uma ótima pergunta. Talvez… só talvez, eu queria que Hendery pensasse que éramos um casal. Neguei com a cabeça, rindo fraco. Que porra eu tô pensando? 

— Meu estúdio é perto daqui.

Por que tá tudo tão confuso? Por que eu senti um frio na barriga quando ouvi de um cara aleatório nos chamar de casal?
Nós fomos pro meu estúdio. Chittaphon dormiu na minha cama, e eu no sofá. Eu levei ele pra casa quando amanheceu, e ele nem me deu tchau.

wedding band › johnten (nct)Onde histórias criam vida. Descubra agora