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Eu contei pra Hendery. — a voz dele parecia trêmula. Parecia que ele estava prestes a chorar.
E aí? — perguntei, preocupado.
Ele me chamou de puta. — ok, eu preciso me explicar. Eu ri. Eu sei, foi errado da minha parte, mas isso me pegou desprevenido.
Como assim? Por quê?
Eu sempre reclamei com ele sobre os outros caras… ele disse que eu era hipócrita. Disse que eu era uma puta por transar com você na primeira oportunidade. — ele estava chorando. — Na verdade, eu sabia que ele reagiria assim. 
Chittaphon, quer que eu fale com ele? — odiava ver dois melhores amigos em uma crise. Hendery foi um cuzão em ter dito aquilo à Ten, ele também foi um por quebrar uma promessa. Promessas são valiosas, mas se ele sabia desde o começo que quebraria ela, por que fez?
Não precisa, Johnny. Acho que isso pioraria as coisas. — ouvi ele suspirar. Chittaphon ficou quieto por vários segundos. — A gente ia sair hoje.
Mesmo? Pra onde? 
Cinema. Saiu o Pânico novo, sabe?
Uhm. — nada que eu dissesse melhoraria a situação. — Eu posso ir com você, se quiser.
É diferente com ele… se você já foi ao cinema com Qian, deve saber como é. — parando pra pensar… eu nunca tinha ido ao cinema com Kun. Só saímos pra beber, comer ou ver alguma coisa em casa.
O que você falou pra ele? — perguntei. Ten é tão embaralhado com as palavras que era possível que Hendery tivesse interpretado errado. 
Disse que tinha quebrado a promessa.
Só isso? — suspirei.
Foi o suficiente pra ele ficar puto.
Chittaphon, você deveria ter explicado tudo. — "quebrar a promessa" era muito amplo. Hendery poderia ter entendido errado sim. A gente se gostava, era diferente, Hendery entenderia se ele tivesse falado isso. — Não falou que tava apaixonado?
Uh… não.
Então! Ele provavelmente entendeu que a gente só fodeu. — ele era difícil as vezes.
E não foi isso? Eu encurtei o caminho.
Porra, Chittaphon. Foi só isso pra você?

Ele ficou em silêncio. Porra, achei que estivesse tudo resolvido.

Não.
Não faz mais isso comigo. — fiquei aliviado.
Johnny, você pode falar com ele junto comigo? — eu ouvi a respiração dele ficar cada vez mais rápida. — Eu não sei se ele acreditaria em mim.
Claro, meu bem. — merda. Ah, merda. Me deixei levar. Eu quase chamei ele de amor.
Meu bem, Johnny? — ele riu. — Já quer fazer isso?
Desculpa. — essa "desculpa" foi a mais sincera que eu já falei. Claro que eu queria chamá-lo assim, mas mais para frente. Não sabia se ele se sentia confortável com isso.
Por que tá se desculpando, amor? — eu senti o tom irônico na voz dele. Ele com certeza faz isso pra me provocar, e funciona. Meu coração bateu rápido naquele minuto.
Cala a boca, porra. — ele riu de novo.
Te adoro. — depois, abriu um sorriso imenso no meu rosto.

Depois dessa ligação, nós dois saímos pra encontrar Hendery. Não foi muito difícil já que, segundo Ten, ele sempre ia ao mesmo lugar quando ficava puto ou triste. Nós conversamos muito. Quando ele nos viu juntos, ele deu uma risadinha. Nunca imaginei que Hendery fosse assim, ciumento? Ainda mais comigo, que nunca flertei com ele, pra ser sincero. Eu raramente flerto com alguém, só quando eu acho a pessoa interessante. Ten foi um deles. Ten é especial.
Bom, Hendery não deixou de chamar o melhor amigo de puta. Foi bem… constrangedor. Eu sabia das piadas internas deles, mas não lembro se degradar, ainda mais com esses nomes, era uma delas. Eles tinham esse tipo de intimidade, mas eu senti que ele disse aquilo com o mais puro ódio. Eu expliquei a maioria das coisas. Eu disse que estava interessado em Ten desde o início, desde o casamento da irmã dele. Eu disse que me apaixonei por ele. Disse tudo, até o que eu não tinha dito pra Ten; que passei noites em claro pensando nele, com um sorriso no rosto. Que ficava ansioso antes de encontrar ele. Que quando a gente se encontrou no parque, eu queria beijar ele. Que eu me sentia especial quando ele me abraçava. De canto de olho, eu via o sorriso confiante e orgulhoso de Ten ir embora, pra ser substituído por um sorriso envergonhado. Eu adoro ele.

Passamos uma hora inteira lá. Eu passei uma hora falando tudo o que eu sentia, e como eu sentia. Acho que nunca disse tanta coisa em tão pouco tempo na minha vida. No meio daquilo, eu recebi uma ligação de Kun, então aproveitei o momento pra deixar os dois a sós. Foi uma das melhores notícias que eu já recebi na minha vida. Não quero me gabar, mas eu já namorei um dos caras mais ricos do país, e esse merda, iria se casar. Ele me chamou pra ser o fotógrafo do casamento dele e disse que eu poderia levar um acompanhante — se eu tivesse. Porra, era dinheiro. Com esse dinheiro eu conseguiria facilmente comprar uma guitarra nova pro Ten. Assim que eu voltei, os dois estavam rindo como se nada tivesse acontecido. Contei a novidade, mas Ten parecia não ter gostado. Fomos para a casa dele, eu adoro lá justamente por causa do portão. Eu lembro que quando fui pela primeira vez, ele me disse com gosto que escolheu a cor desse portão.

— Johnny, vai mesmo fazer isso? — ele perguntou, pegando sua guitarra e sentando no sofá da sala.
— Não quer que eu vá? — me sentei do lado dele e deitei minha cabeça no sofá. 
— A vida é sua, você faz o que quiser. Só tô preocupado. — Chittaphon começou a afinar a guitarra. — Por quanto tempo vocês namoraram?
— Hmm… — nada desse relacionamento foi memorável. — Um ano, eu acho. Ele me deu uma câmera de aniversário e eu terminei.
— Johnny! — eu ri com a reação dele. 
— É brincadeira, ele que terminou. — suspirei. Era verdade, ele terminou. Ele disse que queria ficar com outra pessoa, que enjoou de mim. Eu já planejava terminar com ele, eu nunca senti meu coração bater forte naquela relação.
— Eu tô de boa, sério. Fazem anos que aconteceu. — peguei na mão dele calmamente. — Além do mais, eu quero mostrar você. — assim, deixei um beijo no topo da mão dele. — Quero pegar na sua mão e te apresentar como meu namorado.

Porra, que sorriso lindo. 

Cacete, Johnny. Você sempre me pega desprevenido. — eu soltei a mão dele, deixando ele voltar a afinar a guitarra. — Quer ouvir?
— Claro. — e ele começou. Ele tocou a música nova dele, que ele compôs. 

"Heartbeat going crazy
They say we should fall in line
Saying we're too young to stay in love
They got issues with us staying in love
But-a we're just far too crazy, yeah

So baby don't tame me
You found a lion, uh, you prey me
Oh, baby don't fail me
'Cause you really make my fancy work"

Porra de guitarra. — a corda quebrou. Eu queria tanto dar uma guitarra nova pra ele. 
— Tem nome já?
— Tô pensando em "Paint Me Naked". — Chittaphon deixou a guitarra de lado e sorriu pra mim.
— Você é incrível. — era a única coisa que eu conseguia pensar. Eu tinha tanta sorte de ter ele do meu lado.
— Você gostou?
— Eu gosto de tudo que você faz, Chittaphon. — dei um selinho nele. 

Eu tinha muita sorte.

wedding band › johnten (nct)Onde histórias criam vida. Descubra agora