09 ; pela janela

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Ten não respondia minhas mensagens há dias. Não fazia ideia do porquê doía tanto ficar um dia sem falar com ele.

— Eu preciso trabalhar. — murmurei, dando um suspiro alto logo em seguida. Eu não queria trabalhar.

Eu queria me desculpar. Eu pensei inúmeras vezes em ir na casa dele, mas não queria atrapalhar tanto assim.

Porra

Eu não ia conseguir trabalhar desse jeito. Depois de trocar algumas mensagens com Kun, decidi, de fato, ir me encontrar com Ten. Claro, eu tinha feito uma merda, mas ele também era culpado. Por que eu estava me esforçando tanto pra isso? Eu poderia só esperar ele resolver me responder. Mas, foda-se. Por sorte, ele estava na faculdade, numa sala que eu bem conhecia. 

— Kun! — encontrei ele no caminho da sala.
— Johnny! — ele sorriu. Ah, que saudade que eu tava desse sorriso. — Me fala, o que você fez?
— Pra começo de conversa, a culpa inicial foi dele.

Brinquei, com um pingo de verdade. Eu me esforcei pra explicar sem dar a minha visão, só de fato o que tinha acontecido. Kun me disse pra não me preocupar, ele conhecia ambos como ninguém e é por isso que eu o amo. Ele sempre fazia questão de se aproximar dos alunos. Depois de uma conversa breve, ele me contou que Ten estava na sala com um amigo, o tal do Mark.
O que eu vi pela janela da sala… não era algo muito comum de se fazer entre amigos. Suspirei. Duas vezes. Três. Quatro. Na quinta, eu já não sabia o que fazer. Mordi meu lábio, sentindo algo esquisito dentro do meu estômago. Senti ele se revirar por inteiro. Minha cabeça começou a doer. Meus olhos estavam embaçados. Minhas mãos tremiam. Meu coração acelerou. Meus pés mal se moviam. Pra ter certeza, olhei outra vez pela janela, mas não durou muito, já que Ten tinha me visto. Apesar da visão turva, me esforcei para sair dali o mais rápido possível. Eu não queria que ele me visse. Talvez nunca mais.
Pensei em me esconder na quina de uma das salas e sentei no chão, esperando que ele não me visse. Ouvi passos cada vez mais perto de mim, então comecei a rezar. Apesar de não fazer isso muito, senti que precisava. De jeito nenhum queria que ele me visse. Cacete, eu parecia uma criança chorando porque derrubou o lanche.

— Hm… Johnny? 

Merda. 

— suspirei outra vez. — Oi.
— Por que você tá aqui? — ele se ajoelhou do meu lado, apoiando a mão no meu joelho.
— Eu vim resolver algumas coisas da próxima palestra. — a minha voz havia falhado no meio da frase. Eu estava prendendo um choro na minha garganta.
— Não na faculdade, bobo. — Ten sorriu do jeito dele. — Aqui no chão.
— Minha carteira caiu, minhas costas começaram a doer e eu fiquei aqui.
— Ah, entendi. 

Um silêncio estranho se estabeleceu por segundos. Eu não sabia se ele sabia que eu tinha visto ele beijando o amigo. 

— Me desculpa por não ter te respondido desde aquele dia, queria resolver as coisas com Hendery primeiro. — assim, ele sentou na minha frente, cruzando as pernas.
— Tudo bem, não tem problema.
— Eu estava com saudades de falar com você.

Depois de outro frio na barriga, eu sorri. Não sorri porque ele tinha falado que estava com saudades, mas sim porque tinha percebido o quão apaixonado eu estava por ele. Eu sorri de bobo. Bobo por me apaixonar por alguém que tá beijando outra pessoa.

— Uhm… — assenti. — Eu preciso ir. — sem esperar uma resposta, eu me levantei. Eu não conseguia olhar pra ele sem lembrar daquela porra.
— Espera, Johnny. — depois de levantar, Chittaphon me deu um abraço. Cacete, os abraços dele são os melhores. Ele é sempre tão quentinho. Eu adoro ele. — Eu realmente estava com saudades.
— Eu também. — murmurei assim que retribui o abraço. 

Ele ainda deixou um beijo na minha bochecha. Droga, por que eu me deixei levar pelo charme dele? Ele é tão dócil quando consegue, tão gentil quando tenta… Não sei quando isso aconteceu, mas eu tinha que aceitar esse fato. O que me restava era beber, e eu bebi. A noite toda.

[03:12 : Johnny Suh]
por que não me contou que
tava pegando aquele mark?
achei que éramos amigos

wedding band › johnten (nct)Onde histórias criam vida. Descubra agora