O ano de 2010 estava quase no fim, era uma manhã alva por causa da neblina. E eu acordo. Tinha 11 anos e vejo minha mãe pilotando o fogão para o café, não ria dessa piada machista, ela dirigia uma Kombi super bem também, me lembro, eu gostava de andar com ela pois me sentia dentro do seu coração. simples e grande, mesmo ela sempre sendo uma mulher difícil. Perguntei a ela:
- Mãe, você está feliz?
- Sim Neitam, por quê a pergunta? - Ela devolve.
- É que eu acordei feliz! - Afirmei, com certa euforia e sorrio.
- Que bom! - Ela exclama e sorri, sorrimos juntos. Essa espontaneidade vinha de mim mas era um tanto aérea e derivada de uma ansiedade positiva, - anos depois viriam às crises de ansiedade, negativas - mas essa euforia era como um menino que sonha acordado, e não sabe como chegar até lá, em seus sonhos grandes e distantes, mas ele está estranhamente feliz hoje, e isso é bom, não é?
Nesse mesmo ano entrei na puberdade, e, lembro que sonhava com pessoas me abraçando de uma forma um pouco mais romântica. Também nesse ano aprendi a tocar violino na igreja, e até hoje, dez anos depois, sei tocar poucas músicas, pois músicas são mais complexas que os hinos dos cultos, e também eu parei de praticar depois que saí da igreja em 2015, um ano depois do quarto irmão da família, o Dih, se casar e se mudar, de fato, não tinha graça ir a igreja sem ele, eu sou grato aos músicos de lá e ao pastor do culto de jovens da Congregação Cristã no Brasil da minha cidade, mas com o passar dos anos percebi certa intolerância em alguns dos sermões, direcionados a alguns grupos e estilos, e então não fui mais à igreja.
Tenho 3 irmãos e uma irmã: Evandro, o mais velho, quem brigava comigo por eu não aceitar a dominância que queria exercer sobre mim, ele é pai do Dudu que nasceu em 2005, minha mãe criou esse neto conosco, por uns anos devido a problemas conjugais do filho, brigávamos bastante com 6 anos de diferença e eu o achava muito mimado, mas foi o irmão menor que eu não tive, mesmo ficando pouco tempo entre mim e meus pais. Tem o Ander, o quarto irmão, ele é pai do Raian, meu sobrinho favorito, que nasceu em 2003, quatro anos depois de mim. Dréia a terceira, mãe do Lipe, Carol, que em breve serão adolescentes, e da Rebeca que nasceu em 2019 em meio a um câncer no seio da mãe, que superou tudo com muita fé em Deus, ela me apoiava a frequentar a igreja e tocar lá, e também fez minha infância com seus bolos deliciosos em alguns aniversários, uma confeiteira de mão cheia! tem o Dih, sete anos mais velho do que eu e, meu melhor irmão, íamos juntos a eventos sociais de época na minha cidade, como festas juninas e etc, e batiamos altos papos filosóficos e profundos sobre o mundo, ele dizia que eu era mais inteligente que ele, o que eu duvidava com veemência, ele é pai da Nic, que nasceu em 2018 e enfim, eu, Neitam, o caçula, mas nunca me vi como tal, não me sentia o filho mais amado, que provavelmente era o Evandro, que visitava constantemente a minha casa, eu me via taxado de filho mais "rebelde" "bagunceiro" e "prejuízo", sim, a última é clássica e provavelmente alguns de vocês podem se identificar, enfim, estava descobrindo e desvendando aos poucos, como se chegar até lá, talvez meus sonhos lúcidos pudessem ajudar.
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O Rapaz em 6 Carros e O Urso Pardo
RandomO Rapaz é um personagem fictício que escreve a própria história, o autor deve estar dormindo. Não será falado nada a mais aqui, que possa estragar a experiência de se afogar em uma consciência. Estou pedindo, caso você goste do que ler, uma contrib...