Rolê do Pré Apocalipse

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Dias depois e eu...
Eu realmente não fui um convidado unanimame por todos do rolê daquele dia, Baque me chamou, ele estaria com a namorada Selene, que era punk e bruxa e a Danis me recebeu bem falando que pagaria a minha parte já que eu não tinha dinheiro aquele dia e ao lado da praça e em frente a igreja Matrix Emer disse que ela não poderia pagar para mais ninguém só por ela, Nando concordou, meio em tom de brincadeira, meio real, pois eu não poderia ser um fodido para sempre né? E então eu enfrentei eles de uma forma que era a nossa zoeira interna: - Cê tá me tirando mano?! Eu sei o que você quer, vo-cê me quer! Dá um beijo aqui? - E fiz bico. Ele também e ok, normalizaram as coisas, só mais tarde naquele dia eu começaria a tentar roubar beijos dos caras e nem queiram imaginar no que deu. Aquele dia também estavam conosco o Keny, que levou o seu amigo Kleins que era uma versão jovem adulta do João Guilherme, já que o próprio tem uma eterna carinha de 13, o Bebê, a Mandy, Kamy e Ainen. Nando também levou o seu amigo Jano, e tinha um rapaz, o Hena que era de Pirapora também, LGBT tbm, da ETEC Bartolomeu, mas de quem eu desconfiava de início, eu não estava normal, depois daquela crise da história anterior e me normalizei, mas ainda estava estranho, desconfiado e aleatório. Hena era carne nova, mas parecia se dar melhor com os meus amigos do que eu mesmo. Isso foi alguns dias depois da última festa da Etec, em 2018, julho, e eu me forçava a tentar aos poucos superar a ansiedade social -, que sim, eu mesmo me auto diagnostiquei -, e esforçava-me pra interagir tentando ser eu mesmo com cada um, ou o que eu pensasse que seria a melhor demonstração da minha plenitude no momento, o álcool ajudava, e sim eu faria tudo isso, mas até quando? como um bom futuro roteirista e futuro várias-outras-coisas-também eu planejei tudo na minha mente: eu seria pleno aleatoriamente com as pessoas que eu interagisse até que...
𝐀𝐥𝐠𝐮é𝐦 𝐦𝐞 𝐝𝐢𝐬𝐞𝐬𝐬𝐞 𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐡𝐚𝐯𝐢𝐚 𝐝𝐞 𝐞𝐫𝐫𝐚𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐢𝐠𝐨

Mas eu já tinha ouvido coisas antes, a maioria boas e positivas. Por exemplo em 2017 eu dei encima da Nath que estava com as amigas do quarteto ou quin, sei lá, e quem a namorava estava na festa também, mas não teve briga por que eu estava doidão então relevaram e eu soube uns segundos depois que eu agi errado naquela ocasião, lembro razoavelmente do ocorrido, não pedi desculpas depois então acho que não tive uma atitude plena de uma forma boa, apenas me afastei, tentando a sorte com outros grupos de escola, e após a escola, como os praceiros (parceiros(as)/amigos(as) frequentadores da praça, moradores, conhecidos, artistas locais, loucos, nóias, uma só pessoa poderia se enquadrar em várias descrições mas não vai ter isso aqui,
:P
enfim, a Nath a L e a Tia Mey me perguntaram porque eu não falava mais com elas uma semana depois do meu aniversário, eu disse que fiz muita merda, e o que Nath respondeu foi que eu era sensível e Nando que namorava a Vickt e estava ao lado deu um riso com ela, depois ele falou que eu era um urso também, todos riram um pouco, e eu percebi que não era chacota, mas sim,
aceitação.

voltando ao rolezinho, Nando me apresentou o Jano mais tarde e falei que havia conhecido outro Jano há uns anos que era um cuzão, ele respondeu que não era cuzão e eu assenti com um "espero" Keny, Mandy, Bebê e Kleins jogavam pimbol, enquanto isso bebiamos várias bebidas, até hoje só conheço os nomes das bebidas básicas como Askov, Balalaica e Sminorf que eram vodkas, vinhos e um ou outro Whisky, mas não tomamos nada normal, e eu só lembro que uma das bebidas se chamava Pitú, e tomei vários goles de várias garrafas e lembro de pouco depois disso. E então, eu, um pouco bêbado chamei a todos e quando se reuniram em frente a Adega eu falei:
- Galera, algumas coisas vão mudar pra mim...
Emer questionou um "Tipo?"
- Eu não vou ser mais o mesmo...
E Emer continuou "Como você vai ser?"
- Diferente...
E ele "Tipo?"
E continuamos nisso por um tempo, só Hena estava meio sério, acho que ele sentia que eu achava que ele não era de confiança ainda. Até que Mendy me desvendou: "Você vai virar gay?"
E eu: - Sim! Mas só por esse ano... E vou continuar biafetivo meninas. Depois eu volto ao normal.
Emer discordou: "Dúvido. Você vai gostar."
Rebati: - Como você gostou do seu último sexo a 3?
Ele ficou quieto, me aproximei e tentei roubar um beijo dele, na força do ódio, só que não, eu gostava do Emer, ele desviou e beijei a bochecha dele, depois tentei com o Nando e até o Jano mas não aconteceu, e me dirigi ao Emer e disse:
- Só um beijo, mano?
Ele me respondeu: "Beija a Mandy ela é homem também!
Eu me dirigi a Mandy e disse:
- Oi gata, fiquei sabendo que você tem penes, turopom?
E ela: "Sai fora, Neitam. E eu respeitei, diferente do que fiz com os caras, eu era um idiota. E perdi a memória

Quando recuperei a consciência tínhamos acabado de assistir trechos de um pornô da Mia Khalifa e os caras estavam me zoando por ter falado que não gostava de boquete perdi a memória de novo e quando voltei o assunto era sexo hahaha, mas sem estímulo dessa vez, as meninas se afastaram um pouco da gente mas estavam se divertindo ainda, então eu percebi que na roda estava Jano, Nando, Emer, Kleins e Hena, comecei a falar sobre dedada no ânus, como enfiar um dedo e após dois e Jano respondeu: "é assim que se faz um homem atingir o orgasmo! se atingir a próstata, ó" e todos riram, percebi que minhas preferências eram diferentes e embora eu houvesse acabado de ouvir Kleins sussurrar para Hena que só beijou 4 homens até aquele dia, eu me senti sujo, imundo não por quem eu era ou sou por que eu não sabia ao certo talvez não saiba até hoje, mas sim pelo que eu estava sendo no momento, as nossas atitudes e palavras nos dizem isso, mas se a vibe da brisa era ser gay, aquela noite eu seria gay! No próximo dia eu pensaria melhor, independente do que declarei para todos, inspirado em um meme recente do Facebook: "Jovem envangélico se fingi de gay por um ano" realmente o meu eu jovem era muito influenciável, mas digamos aqui, inspirado!

Dois deles se despediram de mim naquela noite com chutes no meu traseiro. Mas não revidei, aprendi desde cedo que eu era maior que a maioria dos rapazes e não deveria explodir pois eu poderia matar alguém. Quem diria que um pouco mais de dois meses depois disso eu seria como um urso pardo, fugindo de 6 carros pretos. Enfim; mais ninguém fala "traseiro" mas eu vi isso em algum desenho mal traduzido há uns anos e quis usar a palavra aqui, provavelmente a frase foi beijem o meu traseiro e quem disse foi Bart Simpson, 2001, não eu não sei a data exata hahaha mas Baque e o Bebê nasceram em 2001 então deve ter sido um ano inspirador, não que eu conheça muito o Bebê, conheço mais o Baque, e a vibe dele de luta social e Hip Hop antigo, história e comunismo. Mas Be me disse que eu não devia desistir da meta de estudar mídias digitais e ir para comércio exterior que eu provavelmente não gostaria, então acho que ele me apoia de uma forma estruturada esperando que eu me estruture cada vez mais, Bruno apoiou, então acho que isso significa que eles são meus amigos, logo, sou amigo deles também. Enfim no final da noite peguei um ônibus coloquei um fone e acordei perto do ponto para uma caminhada solitária até em casa isso realmente é o apocalipse em todo o rolê, mas não era nada comparado ao que eu iria viver poucas semanas a frente.

O Rapaz em 6 Carros e O Urso PardoOnde histórias criam vida. Descubra agora