2021: Uma Pausa para um Presente no Presente (para algum Santo)

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Oi. Eu sou o Neitam; esse livro ou coletânea, essas histórias e textos que eu estou repassando para você já transgrediu entre vários gêneros textuais e urbanos/marginais: música, slam ou poesia em prosa, crônicas, até romance e narrativa. Trago-lhe agora uma carta [...]
Can everybody hear me? read me... Eu sou o Neitam, sim, vou dizer duas vezes, e provavelmente você me conhece da vida acadêmica, no meu trabalho ou das ruas, talvez de todos esses lugares, mas o que eu queria compartilhar com você é que

Eu preciso ser mal... E percebo isso nas pequenas coisas, o mundo não é dos bonzinhos, e eu já aprendi anos atrás que eu não era bom de acordo com o senso comum, e com um status quo que flerta com o fascismo, esse câncer que ainda não foi removido da sociedade na idade contemporânea, então esperemos a próxima era da história, que provavelmente não veremos, porém o mundo esperará por. Isto é se houver futuro caso as coisa continuem como estão... Pois "O capitalismo como é, vai destruir o planeta."*¹
"O nosso tipo de consumo e o nosso sistema econômico, ou o sistema no qual as nossas economias se alinham é um inimigo."*²
"O capitalismo é sobre transformar o meio ambiente em produto vender e lucrar, ele é sobre a destruição do meio. Este modelo é ilógico, insustentável e o maior erro que a humanidade cometeu nos últimos 200 anos."*³
Eu percebo no dia a dia que preciso ser mal de formas aleatórias, mas de certa forma, procuro ser "bom" para o mundo e fazer um consumo consciente, até porque meu dinheiro é escasso, mas nunca serei um porco que esbanja por onde passa não importa onde ou chegue ou se eu continuar aqui, um local amável também, Pirapora do bom Jesus e Santana de Parnaíba são os meus locais de "exílio" longe da capital, que também acho maravilhosa, enfim eu ia te contar um fato pequeno dos últimos dias em 2021, poucos dias antes do meu aniversário de 22, o que me faz estremecer pois os meus 25 anos que previ no segundo texto, estão próximos, e outra probabilidade que vou compartilhar aqui que não me causa tanto medo quanto a velhice pode ser expressada por esse trecho:
"I'ma die, I ain't even 25 (Ayy, yeah)"*⁴ são duas possibilidades de futuro que me perseguem, distintamente, em momentos diferentes, a possibilidade de ser um adulto estressado num futuro próximo é chateante, já a morte não me é tão assustadora quanto para outros, talvez; alguns diriam uma crítica para o cantor do trecho, uns de meus ídolos, Lil Peep, possivelmente que ele só cantava sobre drogas, vadias e sua dor, mas eu rebato que foi o que ele pode fazer na sua tenra idade, pois ele se foi com apenas 21, ele inspirou outras pessoas como eu, e ele tinha postura política sim! Tudo é político, ele apoiava o meio LGBT, falava sobre a sua dor de uma forma sincera e única e andava com a camiseta Not My President, com uma opinião contra as políticas de Trump; e afinal, eu ainda não te contei o relato "recente", por enquanto, pois ele logo será "antigo", tudo está sempre passando e em movimento e pensar sobre isso de um modo profundo faz minha cabeça ficar pesada e pinicam dores geradas pela ansiedade.
A uma semana atrás o Baque me emprestou uma blusa, era grande para ele, mas isso só desenhava o seu estilo Hip Hop, e me serviu como uma luva, encontrei ele após eu fazer o pedido por telefone, isso depois de uma reunião sobre políticas públicas para a cultura que participei no teatro em Santana de Parnaíba, pouco antes eu encontrei a Nath, a L e a Tia Mey com cabelo novo colorido, me aproximei de leve e Mey, simpática como sempre riu do fato de eu estar com a máscara abaixo do Nariz, mas elas estavam sem máscara, deixo aqui minha denúncia para o Brasil urgente, e as respondi: "estamos 50% vacinados, deixa o meu nariz" e a Nath retrucou, sem possuir uma máscara: "50 não é 100" eu disse um tchau e desci com dois amigos que conheci aquele dia na reunião cultural, levei eles ao terminal, e eles se foram, após enviei a mensagem ao Baque pedindo a blusa emprestada e passei pela praça novamente para ir encontrá-lo e passando pelo banco onde estavam estavam sentadas as meninas dei uma coçadinha no nariz e elas riram, conexão e amizade, de leve.
O que aconteceu dias depois foi que eu visitei a praça denovo e o Baque, meio embriagado me perguntou se eu estava com sua blusa, e eu deveria mentir dizendo que não estava comigo, ser sínico, porque isso seria ser mal, mas eu não fui, mesmo que eu quisesse eu sou até bom relativamente, "ser mal" parece ser apenas um desejo interno. E eu devolvi a blusa para ele sendo sincero dizendo que
a guardei na bolsa e estava comigo; mas o que aconteceu foi que

Ontem, nós fomos para o Anhangabaú no 7 de setembro, um dia para comemorar nossa nacionalidade que foi usurpado pelos fascistas, junto com as cores verde e amarelo, mas nós fomos na manifestações contra o governo, encontramos um povo lindo usando vermelho e preto e outros tantos bem coloridos, ficamos sóbrios esse dia inteiro, apenas fumando nossos cigarros, e nos sentimos verdadeiros comunistas lá, quase tiramos foto com o Guilherme Boulos mas não foi dessa vez; acho que provavelmente, nós protestando por direitos humanos, democracia e revolução somos maus para o núcleo pois algumas estações próximas da onde estávamos a repressão aconteceu pela tropa de choque, eu não vi, mas eu pensei depois, "que bom que sou mal! ser bom parece muito alienado"; mas o que o Baque me disse quando estávamos voltando pra casa foi que
Ele perdeu a Blusa azul, E eu lembro que azul significava "bom" então foi como um presente para algum santo, o "bom" já não está mais entre nós.
O que eu queria dizer, é que eu deveria ter sido "mal" e me negado a devolver a blusa para ele enquanto estava embriagado, e eu devia tê-la guardado e devolvido quando achasse melhor, isso seria ser mal de uma forma "boa", e é isso o que eu sou. Entretanto, os simbolismos na minha cabeça das coisas como aconteceram, é nostálgico e engraçado. Abraço.

*¹: citação do vídeo da Drag Queen, Rita Von Hunty "O canudo de plástico não é o seu inimigo"
*²: citação do vídeo da Drag Queen, Rita Von Hunty
*³: citação do vídeo da Drag Queen, Rita Von Hunty e após ela recomenda a leitura do autor
David Harvey, 17 contradições e o fim do capitalismo".

*⁴: música drive by, do Lil Peep

O Rapaz em 6 Carros e O Urso PardoOnde histórias criam vida. Descubra agora