Festas, Jovens, Amigos e Chuva

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Era uma bela tarde, e o sol estava alto e brilhava forte, era 15:30, metade do ano de 2018, eu tava com pouco dinheiro, pois os bicos de jardinagem já não rendiam tanto, mas paguei a passagem de onde morava, Pirapora, até Santana, local da minha antiga escola, em que me formei em 2017, não havia conseguido emprego fixo ainda; fui até lá encontar o Bebê, meu amigo, moreno baixo dos cabelos crespos, ele ia me vender uma pulseira, para a festa que ocorreria na ETEC no próximo sábado, tinham 3 opções: pulseira verde, "pode me pegar", pulseira amarela, "tenta a sorte" e pulseira vermelha, "tô namorando". Ele me chamava de Bombeiro. Eu ia comprar a cor amarela, mas ele só trouxe verde - estaria ele zoando com a minha cara? - provavelmente sim, daí comprei a verde, porque eu zoo comigo também, e ele disse algo sobre um bombeiro ter que pegar geral, e eu me despedi e fui embora, para voltar no dia da festa. No dia eu estava mais duro ainda, eu comprei um descolorante e água oxigenada, passei no cabelo até ficar meio avermelhado, e achei que tava arrasando, lá no centro da cidade, encontrei o Keni, o Arex e o Kleins, eles estavam com o Emer e o pessoal, e eram estudantes de lá ainda, no terceiro ano. Arex pulou em mim e eu, não acostumado com afeto ou sei lá, subiu açúcar pro meu cérebro e eu girei meu corpo com ele segurando nos meus ombros, depois Keni fez o mesmo e disse para eu não solta-lo, eles estavam muito carinhosos para adolescentes na porta do cemitério tomando vodka, estávamos ao lado da escola, apareceu o Brinquedo, que era do primeiro ano quando eu estudava, e esse ano estava no segundo, e lógico, parecia o MC Brinquedo. Nós descemos para o mercado e compramos bebidas, e Brinq bebeu muito, alí no murinho do super mercado mesmo, eu bebi também - esses jovens alcoólatras. - já o Keni, me chamava para ir a praça às vezes em 2017, eu gostava de lá, e muito dele, também fechou comigo no meu aniversário de 18, e se abriu muito no jogo do Eu Nunca, foi engraçado; nessa época a praça estava em reforma, e totalmente fechada, para minha tristeza dupla, pois provavelmente estragariam a essência de lá, tinha belas árvores, onde muquiavam baseados e uma ruazinha de terra onde uns motoristas idiotas iam com os carros na contra mão, e caiam de um degrau para a frente da igreja, e a gente gritava: "Aê!!!". Mas enfim, de volta ao rolê, depois do Brinqs ficar levemente embriagado, ele foi dar uma volta e deixou uma garrafa de Askov com a gente, e ficamos do lado de fora da festa, conversando com o pessoal, até às 20:45, só podia se entrar na festa até às 21:00 e a festa duraria até às 23:00 sem ninguém sair, quem saísse não poderia entrar mais, eu conversei com a Ana Marti que estava cuidando do Pedru, seu namorado nessa época, que tava bêbado. O Lipe, daquele dia do Ann e do Tan, me pediu uma pulseira, mas eu só tinha uma. Então o Keni entrou na festa e deixou a garrafa comigo, tinha bebida nela ainda, então eu entreguei para o Ann e seu pessoal, fora o Lipe e o Tan, ele estava com o JP, seu amigo, e sua nova namorada, com sua irmã tbm, do lado deles, estava Lauren e o Fer outro casal muito simpático, ele realmente tinha muitos amigos e devia se sentir amado, eu deixei a garrafa com eles do lado de fora, pois era uma festa do ensino médio e não se podia entrar com bebidas, mas disse a eles que voltaria para pegar a garrafa, provavelmente vazia, né? um grupo com 10 nego. Entrei na festa faltando 10 minutos para fechar os portões, a Rana era uma das meninas que tava recebendo o pessoal pra fazer uma pintura Neon, eu pedi um contorno no olho para parecer um olho de anime, e perguntei pra ela se eu deveria ficar com o moletom preto ou com a camiseta rosa, ambos com manga longa, ela disse com a rosa, que iria destacar na luz, pois tinha uma iluminação especial lá, curti o som no meio do pessoal, troquei ideia com o Kuma, meu ex colega e a Vic, amiga dele, Beto também era meu colega e vi ele lá. A May, a garota popular, baixa e muito bonita, que pegava todo mundo, não estava lá, ela ficava com o DJ lá encima, nas festas de 2017, era amiga da Nath, a lutadora, gatosa de áries, da Elle a futuro psicóloga, mas que tinha um loiro de odonto e da Lu que era morena e tinha os cabelos no ombro, elas eram um quarteto e gostavam do filme Meninas Malvadas, se separaram depois. Elas eram do outro curso, e não perdiam uma festa, eram de Administração, eu havia me formado em Informática, uma garota da minha sala que eu também achava gatosa era a Gabs, mas ela me zoava muito, pois eu era um pouco gago, mas depois viramos amigos, ela andava com um grupo grande de meninos, os Inrotulaveis do oiteto, que não iam a festas noturnas, em especial o João, melancólico comediante, que não falava muito e fazia várias montagens sobre coisas idiotas que eu falava e fazia, esses memes de 2017 me renderam muitos risos em 2018 e forças pra continuar, perceber que somos no fundo simples, e risiveis; O Arth, preto baixo de óculos, desenhava muito bem e gostava de mussarela, que não era carne de porco, o Victor que era Sad mas ativamente com a Gabs, zoavam com tudo o que eu fazia, era também uma versão menos bonita do Bruninho do skate, amigo do Emer e o pessoal; A Pamera e o Zingar, que estudavam, uau, e o Vini que era aspirante a líder, mas como sou eu que escrevo essa história, escolho a Gabs, como líder, outros membros eram o Efraim dourado e o Cézar. De volta a festa, Emer e Nando estavam chateados falando que nossa amiga Gi tava sem pulseira e não conseguiria entrar, nós já passamos um rolê juntos no Halloween, com a Gi e suas amigas, a Mandy, a Ainen e a Kamy; eu e os rapazes, Emer, Yudi, Beto e Nando, demos também um rolê bem Indie uma vez com elas, com bebidas e um maço de Black, na rua sem saída. Eu então, em nome das memórias resolvi ajudar a Gi, e fui ao banheiro e tirei cuidadosamente a pulseira mantendo ela inteira sem rasgar, enrolei um papel em volta e entreguei a Gi pelas grades do portão, falei as promoters que estavam lá organizando e para a Gi que era pra ela ir até a esquina, que meu amigo que não iria à festa, o Yan (maconheiro da praça) daria uma pulseira pra ela, faltava 5 minutos para fechar os portões e ela correu, voltou faltando um minuto, e eu pisquei pra ela, ela estava com a pulseira que eu tirei, sem problemas, eu estava de manga longa e ninguém perceberia, ela me agradeceu muito, e eu sorri, é muito bom ajudar um amigo, mesmo que se tenha que quebrar as regras. E curtimos cada um na sua vibe até a festa acabar. Depois das 23:00 os portões se abriram e todos foram convidados a se retirar, sério. Mas a diversão só tava começando do lado de fora, as pessoas formavam pequenos grupos nas calçadas, da escola e do velório municipal, outras foram para outros pontos da cidade, e eu encontrei o Rene do segundo ano, ele me chamou pra comprar bebida pra ele, e voltamos para a calçada da escola, encontrei o Baque e o Biel eles tavam muito loucos e deram vários tapas na minha bunda, e não fiz nada pois estava muito chapado, mas fiquei triste - esses héteros. - outro dia o Baque me pediu desculpas. Eu percebi que do outro lado da rua estava Ann e o pessoal, eu perguntei sobre a garrafa, cada um do grupo apontou um, até o Tan falar que sumiu, depois eu peguei uma caneta e voltei lá, neles fazendo tatuagens de caneta, fiz na Lauren, na Anne, que era preta dos cabelos enrolados volumosos, muito linda, ela tinha sido a Pavão no jogo do Bicho Bebe no meu niver, o Fer, namorado da Lauren, não quis tatuar comigo, pois eu só tatuava os nomes das pessoas em japonês, eu disse pra ele q eu tava descolorido e com o olho pintado porque eu era minha versão de anime, ele disse que não parecia mas eu deveria abrir um canal no YouTube ele falou alguma coisa com o Ann, e fui até o lado e sentei do lado dele, perguntando como ele estava, só queria a sua amizade, ele estava com a namorada e a irmã e eu falei com os 3, mas dessa vez não iria apagar o Narguilé. Não tinha narguilé, nem cigarros, só jovens alcoolizados, eu tentei puxar assunto e falei sobre estar na festa sem pulseira porque ajudei a minha amiga, ele pareceu achar legal, ou apenas balançou a cabeça para eu parar de falar, após, eu perguntei quem era quem? ele falou essa é minha namorada e essa minha irmã, após, eu perguntei apontando, sim, acho que foi mal educado da minha parte, algo assim: - ela é irmã? ela namorada? e você? realmente pareci muito chapado das ideias, e acho que nomeei em ordem errada, a irmã dele riu repetindo a palavra "você" e a moça bonita que o acompanhava fez uma cara, como um "WTF?" e Ann me corrigiu tranquilamente, foi minha deixa, e levantei sem me despedir para alcançar o Kuma e sua amiga Vic, que estavam indo embora atrás do Keni que estava de mãos dadas com uma garota indie eu estava meio abalado e não sabia dizer o porquê, mas não chorei, comecei a falar coisas sem sentido, acho que foi o ápice do álcool no meu cérebro. Keny foi para outro lugar um pouco antes de Kuma pedir para eu me retirar depois de me dar um cigarro e Vic perguntar se eu estava bem e eu dizer que quem eu gosto já foi embora.
Mas a pessoa estava lá, a cem metros, em outra vida, e eu desci sozinho até o ponto mais distante do terminal, pois não queria ver ninguém e sim ficar sozinho, peguei o celular e mandei mensagem para o Keny e em seguida desativei o Messenger, eu não sabia o que eu estava fazendo, no dia seguinte, vi por um status do whatsapp que Emer e os rapazes Baque, Bebê e Biel dormiram na casa dele, eu dei encima do Emer então provavelmente não seria bem vindo, seria bom dar um tempo, de volta a mim sozinho no ponto às 01 da manhã, num gesto de não saber ao certo o que se sentia, mandei um trecho da letra de uma música no grupo de amigos do Whatsapp aquele horário só o João respondeu.
Eu escrevi:
"i want to say"
E João perguntou:
- o que você queria dizer?
Eu conclui:
- i want to say: hello...*¹
e João perguntou: é só isso que você queria dizer?
Eu respondi: Eu não sei.
E caíram gotículas na tela do meu celular. Chuva.

*¹: trecho da música Trees do Duo Twenty One Pilots.

O Rapaz em 6 Carros e O Urso PardoOnde histórias criam vida. Descubra agora