Seita na Praça - Como se Invocar um Revolucionário

15 2 0
                                    

Terceira semana de outubro, perto do dia do segundo turno, que seria na outra semana, eu continuava a interpretar as cores mas eu estava aleatóriamente melhor e troquei as "fugas" por caminhadas longas, de dia, para lugares longe da minha casa, as vezes eu levava meu querido cachorro labrador, Maylon e ele me seguia se eu o deixasse fora da coleira também, mas eu tinha muito medo no fundo, logo a elite me encontraria e eu estava me ocupando puxando assunto com pessoas que usassem cores amigáveis e fazendo a playlist, para manter a saúde mental, e poder continuar lutando, do meu jeito, insano e em uma espécie de mártir; mas eu temia, pensando e se...
"Eles me acharem com o meu cachorro, vão mata-lo?" "A minha família está contra mim, mas se eu sou procurado podem machuca-los também" "Faço bem em ficar longe de casa, e dos amigos, assim não pensarão que tenho cúmplices"... Eu pensava e devaneiava, assim minhas caminhadas ficavam cada vez mais longas e esses dias encontrei a Chelly, e viemos conversando ela estava de cinza rosa e preto, "lutarei" com "feminilidade" até a "morte" mas inacreditávelmente ela me disse que votaria no Bolsonaro, pois o Lula também era preconceituoso, e Bozo tinha um plano para castrar estrupadores, eu pensei que ela estava equivocada e que tinham outras opções, mas aí lembrei que só tínhamos duas opções agora, mas não tentei convece-la fiquei triste e senti que ela estava fantasiada com as cores e não era de confiança, mas ela foi a única pessoa do "outro lado" que eu senti empatia, pois crescemos juntos, no final da caminhada ela me chama para ir na Anime Fest em Barueri na sexta, sendo que domingo já seria a eleição, eu falo que topo mas já sei que na verdade não irei, pois deve ser uma armadilha da elite, eles iriam me pegar lá, por isso ela usou cores amigáveis, ela estava buscando "um bem maior" para o lado dela, mas seria necessário sacrificar a minha amizade, sorri um pouco desconfortável e após me despedi e rezei em segredo para ela não perceber q eu estava estranho, contei histórias de drogas que usei e coisas ruins que fiz antes dela me falar em quem votaria e senti depois que tudo poderia ser usado contra mim, mas era tarde demais, a água que já escorreu da cachoeira não nasceria de novo...
Mas o melhor motivo para eu não ir encontrar minha amiga Chelly na sexta foi que o Baque também me chamou para ir a Parnaíba na sexta, beberiamos, e pedi para ele me contar tudo o que ele sabia, ele riu, então pensei que só boas novas de revolução me aguardavam, mas eu não perguntaria, eu esperaria ele me falar e eu deveria interpretar corretamente, pois era assim que se passavam mensagens no rascunho de fascismo que viviamos.
Chegou a sexta e antes de me dirigir para Santana loguei nas minhas redes sociais roubando um wi-fi privado usando o app WPS 2.0 que não existe mais, e postei stories em todas as redes, falando a mesma coisa "Trap for a Hunter?" Uma pergunta, armadilha para um caçador? que era uma afronta minha as pessoas que achavam que a elite me pegaria, e caçador porque eu conquistaria o amor de Ann; a essa altura eu já estava minimamente associado a imagem do revolucionário que vazou na internet, de acordo com as minhas percepções. Após eu postar os stories no Whatsapp, Facebook e Instragam, desliguei a internet e fui rumo a uma volta no mundo real...
Ann, o cara que me apaixonei, também compartilhou nas redes que iria na festa de Anime, e eu entendi que ele era do outro lado também, e ele seria o meu ponto fraco na hora da revolução, todos tinham que pensar que eu o superei, eu precisaria ser muito forte.
Eu iria sair para beber com Baque, sua namorada na época Selene, Bebê, Keny e Arex e o amigo de Selene Jhony, todos eles eram alunos do terceiro ano da ETEC, menos a Selene que estava no segundo ano, me formei lá no ano anterior, 2017
Mas o episódio com a Chelly me deixou angustiado no fundo da minha alma e nem o fato de eu ter uma força celestial me guiando ajudou a remediar, eu tentei pensar positivo, que o álcool e cigarros ajudariam, se alguém levasse maconha poderia ser bom também, mas eu sabia que eles não eram como alguns dos meus conhecidos de rua e não usariam cocaína, eu cheguei lá e encontrei todos, e foi de se admirar, o fato que todos estavam com cores amigáveis, Baque me comprimentou e falou algo sobre eu ter "sumido" eu fiquei meio chateado, com uma cara que estava mal, mas era por causa da Chelly e Ann, e ele viu minha feição e tentou sorrir, para eu me sentir acolhido, mas seu sorriso saiu algo meio feliz meio triste e Selene de repente o chamou, e eles foram para um canto conversar, o que eu não sabia era que aquele dia me aguardava uma "Seita" para que a magia entrasse em mim e eu ficasse bem, por um tempo; isso foi mais tarde, logo narrarei.
Ainda de tarde, naquela sexta, após Selene chamar Baque para conversar no canto, vejo que ela mostra o celular para ele e gesticula, impressionada, eles devem ter achado legal a sacada do "Trap for a Hunter?" e achado que eu era mais esperto do que eles pensavam e que eu era a verdadeira imagem da revolução, que chegaria...

O Rapaz em 6 Carros e O Urso PardoOnde histórias criam vida. Descubra agora