CAPÍTULO 21: nosso pecado

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Arrependi-me de imediato no momento em que Lessa se colocou ao meu lado. Ele não dizia nada, não demonstrava nada. Parecia que tanto faz para ele, estar indo comigo ou não, parecia que ele não se importava com aquelas duas meninas, incluindo a mim. Gabriel parecia estar mais ignorante do que antes. Sua postura despreocupada, seus olhos vagando pelo lugar como que se estivesse relaxado e sua expressão debochada só me faziam odiar todo aquele sentimento dentro de mim. Estávamos indo para minha casa. Quando me tornei tão burra?

- Você voltou para a clínica Fresh Start? - Ele perguntou sem me encarar.

- É claro que sim. Aliás, eu nem devia ter saído. - O cortei quando vi que ele queria dizer mais alguma coisa. Não deixaria com que ele me afetasse sendo que o mesmo não se importa. - Você foi um idiota por ter tentado matar aquelas duas meninas. Acabou de sair do manicômio. No que estava pensando? Olha para você, está todo ensanguentado. O que direi se alguém ver você desse jeito?

- Você não dirá nada. - Respondeu irritado. Respirei fundo para não perder a cabeça, o ignorei e continuei a andar sabendo que não havia outra opção. - Vai me ignorar agora? - Fechei os olhos e respirei fundo. Quem ele pensa que é? Diz para eu me afastar dele, pedindo para que eu desista de ajudá-lo no manicômio, e agora pergunta isso?

- Stella. - Me chamou, mas eu fingi não escutar, fazendo com que, consequentemente, ele puxasse meu braço com força e por eu não estar preparada para tanta força, nossos corpos colidiram um com o outro, fazendo nossos rostos ficaram separados por pouco. Encarei seus olhos, que me avaliavam com cautela enquanto que os meus enchiam de lágrimas.

- Me solta! - O empurrei. - Não encoste em mim. Você não tem esse direito. - Alterei meu tom de voz, deixando que as emoções se espalhassem por todo o meu corpo. - Nós só vamos para minha casa para que eu faça logo esses curativos em você, enquanto limpa essa cara e mãos para que ninguém perceba nada. - Apontei meu indicador em sua direção. - Você não tem mais o direito de perguntar nada sobre mim e me procurar muito menos. Agora quem te quer longe sou eu. - Minha voz falhou e eu tive que me calar para as coisas não piorarem. Não queria chorar na frente dele.

Com um suspiro continuei andando e percebi que Lessa demorou um tempo para voltar a me seguir. Talvez ele estivesse pensando se realmente valia à pena continuar à me seguir, mas eu pouco me importaria se ele não o fizesse.

Entramos em casa e de imediato mandei-o lavar o rosto enquanto eu pegava os curativos e mais outras coisas. Enquanto caminhava até o sofá onde ele estava, pude me perguntar mais uma vez o que está me levando a tudo isso, afinal de contas, eu tenho que me livrar de tudo o que se trata dele.

Sentei em sua frente, ajeitando-me e com calma e paciência fui limpando seus machucados. Eram muitos em diversos lugares de seu rosto. Fico me perguntando como ele aguentou ficar consciente depois de toda a pancada, mas logo me lembrei que ele é um assassino e que além de ter sangue frio, tem também várias estratégias de como matar alguém mesmo que esteja ferido.

- No que está pensando? - Ele perguntou quando comecei a passar minhas mãos por seu rosto.

- Que você deveria ir embora. - Disse por fim, assim que terminei de estancar o sangue que escorria em um de seus machucados.

- Eu sei que você não quer isso. - Antes que eu pudesse retirar minhas mãos por completo de meu rosto, ele segurou uma delas e a pôs novamente no lugar que estava antes.

- O que você quer de mim, Gabriel? Quer que eu continue apaixonada por você, enquanto continua brincando com meus sentimentos? Eu não sou seu brinquedinho. - Puxei minha mão e o encarei.

- Eu nunca te disse que você era meu brinquedinho. - Resmungou indignado, talvez.

- Ah, não? Então por que simplesmente mandou que eu me afastasse de você, com a desculpa esfarrapada de que logo sairia da Casa Woman, para logo depois fazer isso? Você quer brincar comigo. Nosso passado, Lessa, você fez questão de esquecer, esqueceu que já me amou e - Suspirei. - eu nem sei por que estou dizendo isso, mas não me importaria de ter perdido a memória se tivesse você. Estou aos poucos conseguindo recordar das coisas e eu até me lembrei de como tive o traumatismo craniano, me lembrei de praticamente todos os detalhes. Eu queria poder ter te contado, mas não posso pelo simples fato de você ser um idiota. Já tinha admitido meus sentimentos por você, então já que não consegue sentir nada, porque não me deixa em paz e vai viver a sua vida como eu quero viver a minha sem você?

Psiquiatra De Um Assassino - Fluxo Bak  ( Concluído )Onde histórias criam vida. Descubra agora